Capítulo 75

864 61 1
                                    

Nota final importante ;)

------------------------------

Dois dias depois

A minha cabeça andava à roda desde aquele dia, desde aquela chamada. Aquela chamada que tinha ameaçado a vida de Harry. E eu não soube o que fazer, eu não tinha forças para lutar, Harry tinha assassinado a Perrie, a minha melhor amiga, e agora ia pagar por isso. E eu só precisava de uma prova que me fizesse acreditar no contrário, iria a correr para a prisão buscá-lo.

Mas ela não veio, a única coisa que veio foi a imagem de Perrie, no chão, com um corte na garganta. E o pior, era a imagem de Harry a fazê-lo. Passaram exatamente dois dias desde que Harry fora preso e ela me tinha ligado. Muita coisa estava a acontecer ao mesmo tempo. Harry estava na prisão, a sua vida estava em perigo, a minha avó estava cada vez pior, recusava-se a ir ao médico.

Alzheimer era uma doença difícil e a minha avó não queria sequer sair de casa para ir ao médico, não se conformava com aquela doença. E o pior de tudo, foi que de um dia para o outro, a minha avó acordou sem se lembrar de nada, sem se lembrar do nome da filha, do meu nome. Era isso que fazia uma confusão enorme na minha cabeça.

Como é que de um dia para o outro, a minha avó se esquece do nome da própria filha?

Estava neste momento embrulhada nos lençóis da minha cama completamente desengonçada. Ginger estava deitado ao meu lado e eu estava abraçada a ele, a pensar nos últimos acontecimentos e como encarar o mundo para lá daquela porta de madeira a uns metros de mim. Eu tinha de me levantar e fazer alguma coisa para não me sentir tão inútil na vida.

Com um suspiro, rolei na cama, ficando de barriga para cima. Ginger mexeu-se e eu levantei-me, espreguiçando-me. Esfreguei os olhos e coçei a cabeça, pensando em algo para fazer. Automaticamente a minha avó invadiu a minha mente e eu caminhei para fora do meu quarto em direção ao quarto da minha avó, que tem estado na cama a dormir até mais tarde nos últimos dias.

"Avó?" Chamei quando olhei para o interior do quarto. Os seus olhos castanhos miraram-me e eu senti que ela não me conhecia.

"Oh, olá." Ela cumprimentou e eu avancei para a sua cama, sentando-me na ponta da mesma. 

"Tu não te lembras quem eu sou, pois não?" Pergunto e ela liberta um riso doce.

"Como me poderia eu não lembrar da minha neta?" Pergunta com um sorriso e eu sinto as lágrimas picarem os meus olhos. "O que te apoquenta, querida?" Pergunta ao fim de uns segundos e eu aproximei-me dela, deitando a cabeça no seu peito e deixando as lágrimas deslizarem pelo meu rosto.

"O Harry, avó..." Fungo e sinto as suas mãos passarem pelos meus cabelos loiros.

"O que é que aconteceu ao Harry?" Pergunta num tom preocupado e eu fico feliz por ela se lembrar dele. Quer dizer, pelo menos é o que parece.

"Ele foi preso." Respondo e os seus movimentos param.

"Porquê?" Pergunta ao fim de uns minutos.

"Porque ele matou a Perrie." Revelo e um soluço escapa dos meus lábios.

"Ele admitiu-o?" Pergunta, penteando os meus cabelos.

Onde é que ela quer chegar?

"Não, ele disse que não foi ele." Respondo.

"Então, devias ouvir o que ele tem para dizer, devias ouvir a sua versão da história." Aconselha e eu ergo o meu tronco, olhando-a.

"O quê?" Pergunto incrédula.

Charlotte |H.S|Onde histórias criam vida. Descubra agora