Capítulo 33

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Eu desligo a chamada depois de me rir bastante com o desespero da Perrie e coloco de novo o telemóvel na mesinha de cabeceira. Espreguiço-me e lembro-me que dormi na mesma cama que Harry. Olho para o meu lado e encontro-me sozinha na cama. Aqui acorda tudo cedo portanto, ele deve ter-se levantado e deve estar lá para fora.

Levantei-me da cama e caminhei lentamente até à porta do quarto, abrindo-a e espreitando para fora. Oiço alguns barulhos vindos da cozinha e caminho até lá, encontrando o Harry a cozinhar. Os seus olhos encontram-me e um sorriso branco esboça-se no seu rosto. Sorrio de volta e sento-me numa cadeira.

“Bom dia.” Ele diz e coloca um prato com torradas à minha frente.

“Bom dia.” Retribuo e pego numa, trincando-a e sentindo o sabor da manteiga quente. Eu adoro manteiga.

“Estás melhor?” Pergunta e eu olho-o.

“Sim, obrigada por teres ficado comigo.” Digo e ele dá-me uma caneca com café. Pego nela e deixo que o quente da caneca aqueça as minhas mãos. Beberico um pouco e continuo a comer a minha torrada.

“De nada, só queria que ficasses melhor.” Diz e senta-se ao meu lado. “Tu… Tu queres falar sobre o que aconteceu?” Pergunta e eu olho para ele, voltando a olhar para a caneca de café.

“Não.” Nego e passo para a outra torrada presente no prato.

“Hum, ok, se quiseres falar…” Ele diz e eu assinto.

“Obrigada, mas não vou querer.” Digo e ele levanta-se.

“Hum, podes tomar banho se quiseres. As toalhas estão no armário por baixo do lavatório.” Diz e eu assinto.

“Ok.” Ele caminha até à porta e abre-a.

“Eu vou para os estábulos.” Diz e eu assinto. Ele sai e fecha a porta.

Sinto que seria bom se falasse com alguém sobre aquele pesadelo mas por outro lado não quero que ele saiba um pouco daquilo que passei. Por mais que o considere como uma espécie de amigo, não sou capaz de contar praticamente a história da minha vida. Não quero, não consigo.

Termino o meu pequeno almoço e levanto-me, colocando a loiça no lava loiças e lavando-a. Deixo-a no escorredor e caminho até ao quarto do Harry. Pego na minha mala e tiro roupa interior, uns calções de ganga pretos e uma camisola larga vermelha. Vou para a casa de banho e pouso a roupa em cima da sanita.

Tiro o meu pijama e ligo a água. Tiro uma toalha e entro na banheira. Faço um coque no cabelo e passo o meu corpo por água. Passo o gel de duche pela minha pele e tiro. Desligo a água e enrolo-me na pequena toalha. Saio da banheira e seco-me. Visto a roupa e saio da casa de banho. Caminho até ao exterior da casa e penduro a toalha no pequeno estendal.

Volto para dentro e caminho até ao quarto, pegando na bolsa de higiene. Vou para a casa de banho e penteio-me, deixando o cabelo solto. Lavo os dentes e saio da casa de banho. Guardo tudo na mala e deixo o telemóvel em cima da mesa de cabeceira. Saio do quarto, seguidamente de casa.

Caminho para os estábulos e vejo o Harry a dar comida ao Bluejeans. Caminho até ele e sorrio-lhe como forma de agradecimento. Preparo o Bluejeans para montar e coloco-me em cima dele. Olho para o Harry e vejo-o a fazer o mesmo. Bato com os meus pés no Bluejeans e ele começa a cavalgar para o exterior dos estábulos.

O Harry e a Ginger seguem-me e eu penso em cavalgar aleatoriamente, sem fazer o mesmo caminho de sempre que vai dar ao lago. O vento fresco embate no meu rosto e faz-me fechar os olhos. Eu gosto tanto de cá estar. É uma espécie de compensação depois de uma semana na cidade, a ouvir constantemente o barulho dos carros, o barulho das cidades.

Avisto uma enorme árvore e imagino-me ali sentada à sombra. Bluejeans leva-me até lá e paramos. Desço dele e prendo-o no ramo da árvore. Sento-me no chão e aprecio o fresco que a sombra me proporciona. Harry chega e desce também, prendendo a Ginger no mesmo ramo que Bluejeans e sentando-se ao meu lado.

“Não gostarias de viver aqui?” A sua voz rouca e grave pergunta e eu rio-me.

“Eu gostava mas aqui é muito sossegado e digamos que já estou habituada à movimentação da cidade.” Digo e ele ri-se.

“Tu vens cá há quanto tempo?” Pergunta e o meu olhar baixa-se para o chão.

“Eu vinha cá desde que nasci mas depois só cá voltei aos dezoito anos.” Respondo e sinto o seu olhar em mim.

“Porque é que paraste de cá vir?” Eu rio-me por saber que ele sabe o motivo mas apenas se faz de desentendido.

“Tu sabes perfeitamente.” Digo e vejo pelo canto do olho que ele une as suas sobrancelhas para demonstrar a sua confusão.

“Não.” Eu olho-o. “Conta-me.” Pede e eu suspiro, balançando a cabeça.

“Eu não quero falar disso.” Digo e ele suspira.

“Charlotte, eu não quero insistir mas eu quero que saibas que podes falar comigo.” Diz.

“Eu não quero falar com ninguém sobre isto.” Digo e ele aproxima-se de mim.

“Podes confiar em mim.” Diz e eu suspiro, mantendo-me em silêncio.

Eu sei que posso confiar nele mas, sei lá, é difícil falar! Não sei por onde começar, não sei o que dizer e nem sei o que pensar! Eu não sei nada. Acho que já gostei mais do silêncio do que estou a gostar agora, que é zero. Estou a ficar desconfortável e tudo porque o Harry está a olhar para mim numa que eu conte tudo.

“Eu parei de cá vir porque fui abandonada num orfanato.” Digo rapidamente mas sei que o Harry percebeu.

“O que aconteceu no teu sonho?” Pergunta baixinho.

“Eu sonhei com o dia em que lá me deixaram. Eu achava que era uma escola nova… Brinquei com uma boneca e conheci a Amy. Os dias passaram e eu perguntava sempre pelos meus pais e a resposta era sempre a mesma. Até que um dia me disseram que eles não me iriam buscar. Os anos passaram e eu tinha sempre a esperança de que eles aparecessem ali e me levassem de volta mas essa esperança desapareceu quando eu cresci e vi as coisas tal como elas eram.”

Olá! Espero que gostem! Beijinhos! <3

Charlotte |H.S|Onde histórias criam vida. Descubra agora