Charlotte |H.S|

Capítulo 47

Dias depois

Fecho as janelas todas do computador e desligo o mesmo. Levantei-me da cadeira e peguei na minha mala. Vesti o casaco e coloquei a mala no ombro. Saí do gabinete e Brenton levantou-se da cadeira num ápice. Solto uma risada pela sua atrapalhação.

"Precisa de alguma coisa, Mrs Summers?" Pergunta e eu assinto.

"Preciso sim, Brenton. Quero que informes o Liam que a reunião com a empresa dos americanos está marcada para dia oito de Maio." Informo e ele assente.

"Claro, Mrs Summers." Diz e eu começo a caminhar.

"Até amanhã, Brenton."

"Até amanhã, Mrs Summers." Retribui e eu salto para dentro do elevador. Para meu desagrado, encontro a estagiária da Contabilidade.

"Mrs Summers." Cumprimenta.

"Miss Calder." Retribuo num tom sem vontade para ela perceber que não quero ter aquelas conversas inúteis e desinteressantes que ela tem tido comigo ultimamente. Deve pensar que somos amigas. A sorte dela é que eu sou minimamente simpática por causa do Harry, não quero que ele fiquei de todo chateado comigo por ser quem sou, rude.

Apesar de a pobre rapariga namorar com o amigo do Harry, Louis não é assim? Está bem, apesar de ela namorar com o Louis, eu não me esqueci do facto de ela se atirar para os braços do Harry quando o viu. Quase que aposto que o Louis não iria gostar. Eu não gostei nada. Não estou com ciúmes obviamente mas acho que não são comportamentos para se ter no local de trabalho, ainda por cima com Harry envolvido. Mas porque é que estou a dar tanta importância a este assunto? Talvez seja porque eu também trabalho aqui e se o Diretor Geral tivesse visto, eu e a tal Eleanor estaríamos na rua.

Sim, é isso.

As portas do elevador abrem-se, revelando a garagem e eu saio do mesmo, sentindo Eleanor fazer exatamente a mesma coisa. Rolo os olhos para com a sua perseguição. Será que ela não me pode mais ou menos deixar em paz? Atira-se ao meu Harry e depois ainda vem com sorrisinhos e conversinhas ultimamente, e depois, como se não fosse suficiente, estaciona o carro no mesmo piso que eu!

Espera, meu?

Meu amigo Harry, era isso que queria dizer. Estou tão chateada que até me esqueço das palavras.

"Chama-lhe esquecer..." O meu subconsciente atira bem lá do fundo da minha mente e eu rolo os olhos, enxotando-o.

Procuro as chaves do carro na confusão a que chamo mala e destranco-o. Entro e coloco a mala no banco do pendura. Não me posso esquecer de levar o computador portátil para casa da minha avó porque quero começar a preparar a reunião com os americanos e também fazer alguns esboços. Esta semana tem sido uma loucura e ainda bem que é sexta feira. Coloco a chave na ignição e rodo-a, ligando o meu precioso Porsche Carrera. Faço marcha atrás e saio do edifício, vendo a Eleanor a falar ao telemóvel no interior do seu carro.

Conduzo ao som da estúpida e irritante música "Rude", o Harry ultimamente tem cantado muito esta música cada vez que eu lhe respondo mal a ele ou a outra pessoa qualquer. Como devem ver, já percebem porque é que não gosto da música. O que vale é que a música está quase a acabar. A mulher começa a tagarelar não sei bem o quê e anuncia uma próxima música, que eu não gosto mesmo, acho que a letra não faz qualquer sentido e o ritmo nem é algo que se aproveite. Clico num pequeno botão para mudar a estação de rádio e o som da música irritante soa novamente.

Ainda agora ouvi isto. Porém, eu não consigo mudar de estação novamente porque imagino Harry a cantar. Uma imagem deliciosa e ao mesmo tempo engraçada devido às suas expressões faciais de concentração.

Why you gotta be so rude?

Don't you know I'm human too?

Why you gotta be so rude?

I'm gonna marry her anyway

Quando ele canta esta parte, olha sempre para mim e faz-me sorrir. A sua voz é rouca e grave, é linda de se ouvir. A música termina e eu sorrio por, pela primeira vez, ter gostado de ouvir esta música sozinha. O meu telemóvel começa a tocar e eu atendo através do programa de mãos livres.

"Estou?" Chamo a atenção da pessoa do outro lado da linha, que eu nem me limitei a ver o nome.

"Olá, babe." A voz rouca na qual estava a pensar há segundos atrás soa e eu sorrio.

"Estava a pensar em ti." Digo da boca para fora e oiço o seu riso embaraçado.

"Isso é bom?" Pergunta e eu rio-me.

"Mais ou menos." Respondo e faço um desvio devido às obras que estão a fazer na estrada. 

"Mais ou menos?" Pergunta e eu mordo o lábio.

"Estou a chegar a casa para ir fazer a mala e ir para aí, descansa." Mudo de assunto e oiço-o suspirar.

"Está bem, ainda bem." Diz e um certo alívio invade-me.

"Como está a minha avó?" Pergunto com algum receio da sua resposta.

"Ela foi a minha casa porque queria falar não sei o quê com a minha mãe." Responde e eu assinto.

"Achas que ela consegue voltar para casa?" Pergunto.

"Claro que sim, Char." Ele diz e eu sorrio com a sua alcunha. "A minha mãe também sabe do que está a acontecer e deve trazer a tua avó para casa." Assegura-me.

"Está bem, vou agora entrar para o condomínio, depois falamos." Digo.

"Está bem, beijo." Ele manda e eu sorrio, desligando a chamada.

Ele é extremamente querido. Estou com saudades dele, não nos vemos desde sábado devido ao meu regresso repentino por causa de Ginger que caiu e foi operado à pata. Desliguei o carro e peguei na minha mala. Saí do carro e desliguei-o, caminhando até ao elevador para subir ao meu andar. O elevador abre as portas e eu entro, carregando no botão. Fui tirando as chaves de casa da mala e assim que as portas se abriram, saí e caminhei até à minha porta. Destranquei-a e entrei, fechando-a novamente. 

Pousei tudo na mesa de entrada e despi o casaco, atirando-o para o cabide, rindo-me de mim mesma quando pensei por momentos que ele não iria cair. Fui até à cozinha e abri a porta para Ginger. Ele cumprimentou-me e seguiu-me até à entrada para pendurar o casaco como deve de ser. Fomos os dois para o quarto e ele ficou sentado a observar-me enquanto preparava a minha mala. Coloquei calções, calças e camisolas frescas, já que vai estar calor. Coloquei dois pares de sandálias e uns all star brancos num saco, encafuando-os na mala. 

Fui até à casa de banho e arrumei as minhas coisas de higiene. Guardei tudo na mala e fechei-a, despindo a minha roupa num ápice. Vesti umas calças, uma camisa branca e nos pés calcei umas sabrinas pretas. Pus a mala no chão e levei-a até à entrada. Vesti o blusão e dei um pouco de atenção a Ginger. Levei-o para a cozinha e pus-lhe mais comida e mudei a água. Pus uma pomada na pata e fiquei a dar-lhe algumas carícias enquanto esta absorvia para que ele não fosse lá lamber, como já fez uma vez. Este cão é maluco.

"Tenho de ir, Ginger." Informo ao ver que a pomada está totalmente absorvida.

Deixei um beijo no focinho dele e fechei a porta, caminhando para a porta de entrada. Coloquei a mala ao ombro e saí de casa com a mala de viagem na mão. Tranquei a porta e fui para a garagem. Caminhei para o carro e guardei lá a mala. Entrei no lugar do condutor e atirei a mala para o lugar do pendura. Saí da garagem, pronta para ir atestar o depósito. Foi algo rápido e coloquei os meus óculos de sol, conduzindo em direção ao campo, acho que nunca estive tão ansiosa para chegar. Acho que são as saudades a falar.

Olá! Eu sei que não publiquei ontem mas estive na piscina com as minhas amigas e depois fui para o shopping à noite, foi impossível vir escrever! Espero que gostem deste salto no tempo! 

Beijinhos! 

Love you to the moon and back twice!

xx