Eu respiro fundo ao chegar a casa. Não estou pronta para entrar ali e encarar os meus pais novamente. Eu não sei o que fazer em relação a isto, honestamente. Não sei se os enfrente ou se apenas os ignore ou até mesmo que fuja deles e nunca mais apareça. Eu estou chateada, muito chateada.
Não consigo perceber porque é que eles me abandonaram e só há um ano é que decidiram tentar remediar os seus erros. Não percebo porque é que eles não me procuraram mais cedo. É difícil uma pessoa acreditar nisto. Eles estão tão bem na vida, a minha mãe, ou melhor, a Katherine estava tão bem vestida, tão bem maquilhada.
Eles estão incrivelmente bem financeiramente e só gostava de saber porque raio é que me fizeram isto. Eles tinham condições para me criar, o meu... O Peter é de gente rica, ele tinha dinheiro, eles podiam perfeitamente tomar conta de mim! Porque é que não o fizeram? Porque é que me abandonaram e me fizeram acreditar durante anos que iriam voltar para me levar para casa?
“Pronta?” A voz rouca e grave do Harry desperta-me dos meus pensamentos.
“Não, mas tem de ser, certo?” Eu pergunto e ele sorri.
“Charlotte, se não estiveres pronta para enfrentares os teus pais, podes não o fazer. Hoje.” Ele diz e eu sorrio.
“O que sugeres? Para dormir, eu tenho de entrar ali.” Eu digo e ele faz uma expressão pensativa.
“Sabes, tu podes usar a tua capacidade de ignorares as pessoas.” Ele diz.
“Estou a ver.” Eu digo. Ele tem razão, eu posso ignorar os meus pais. Eu posso usar a má pessoa que sou para os enfrentar. Mas o problema é que eles quebraram o meu muro protetor e não sei se vou ser capaz…
“Charlotte, estás bem?” O Harry pergunta.
“Não.” Eu nego com a cabeça. “Eu não sei se vou ser capaz, Harry. Eles fizeram-me chorar, algo que eu nunca tinha feito depois de perceber que eles nunca iriam voltar.” Eu digo e ele suspira.
“Está bem, calma.” Ele diz e coloca as mãos no meus ombros. “Podes dormir em minha casa, se te sentires melhor.” Ele sugere e eu ergo a sobrancelha.
“Em tua casa? Então mas e os teus pais?” Eu pergunto.
“Eu acho que eles não se vão importar, eles gostaram de ti.” Ele diz e eu sorrio.
“Obrigada, Harry.” Eu agradeço e ele sorri.
“De nada, queres ir lá dentro ou vamos já para minha casa?” Ele pergunta.
“Não, vamos já para tua casa, estou cansada e não quero enfrentá-los.” Eu digo e ele assente.
“Está bem, vamos então.” Ele diz e começámos a caminhar para uma casa mesmo ao lado da da minha avó.
A casa é idêntica mas apenas muda o modo como a pequena horta está tratada. A horta da minha avó tem alfaces e batatas enquanto que a horta dos Styles tem cenouras e… Cenouras. Bem, pelos vistos, os Styles gostam muito de cenouras… Ok, não interessa. Eu olho em volta, analisando cada pormenor da pequena casa.
O Harry abre a porta e dá-me passagem. Eu fico quieta, esperando que ele passe. Eu posso ser rude e fria mas não deixo de ser tímida. Ele ri-se e faz um gesto com a cabeça para que eu passe. Eu permaneço quieta mas como ele não avança, eu avanço. Porém, ele avança ao mesmo tempo e chocamos levemente, o que nos faz rir. Ele pára e eu avanço mas ele avança novamente.
“Pára quieto, Harry.” Eu mando a rir e ele sorri.
“Desculpa.” Ele pede a rir e eu passo para o interior da casa, atingindo o clima acolhedor da mesma.
“Harry?” Eu oiço a voz da mãe do Harry que eu de momento não me lembro do nome mas vamos ignorar esse meu pequeno deslize.
“Sim, mãe?” Ele responde e o corpo esbelto da mãe do Harry aparece à porta do que parece ser a cozinha. Os seus olhos verdes pousam em mim e eu sinto o meu corpo arder ligeiramente pela intensidade do seu olhar. Não é tão forte quanto o do Harry mas mesmo assim, é intenso.
“Trouxeste uma amiga.” Ela diz baixinho e oiço o risinho irritante do Harry, o que me faz quase rolar os olhos.
“Mãe, é a Charlotte mas já a conheces.” Ele diz e ela sorri-me.
“Olá, Charlotte.” Ela cumprimenta-me e eu sorrio-lhe levemente para não ser mal educada.
“Olá, Mrs. Styles.” Eu cumprimento de volta e ela abraça-me.
“Chama-me Anne, Charlotte. Eu espero que saibas que podes contar connosco para o que for preciso, querida.” Ela diz e eu sorrio interiormente.
“Obrigada.” Eu agradeço e uma figura loira aparece no meu campo de visão. Ela analisa-me e sorri-me.
“Oh, tu é que és a namorada do Harry.” Ela diz e eu olho para o Harry, voltando a olhar para ela.
“Não sou a namorada dele.” Eu defendo e ela olha para ele.
“Eu tinha dito que era uma rapariga e uma amiga, isso não significa que seja minha namorada.” Ele defende-se.
“Ui, levaste uma tampa foi o que foi.” Ela diz a rir.
“Gemma, cala-te, querida.” A mãe do Harry manda e o Harry ri.
“Sou a Gemma, a irmã mais velha do Harry.” Ela apresenta-se e eu assinto.
“Charlotte.” Eu respondo.
“A amiga do Harry.” Ela dá ênfase à palavra ‘amiga’. O que é que ela tem contra o facto de eu ser amiga do Harry?
“Está bem, eu vou mostrar-te o quarto onde vais dormir.” O Harry diz e eu assinto.
“Nada de dormirem na mesma cama.” A Gemma diz e eu quase que me engasgo. Para menina do campo, sabe muito.
“Deus, Gemma, podes calar-te, por favor?” O Harry pede educadamente e eu rio-me.
“Já não está quem falou.” Ela diz e o Harry encaminha-me para um pequeno corredor com quatro portas.
O Harry abre a terceira e dá-me passagem para entrar. Eu entro e olho em volta. As paredes estão pintadas de branco e a cama encostada à parede da minha direita está coberta por tecido preto. Do lado contrário está uma secretária com um pequeno caderno e um lápis. Por fim, na parede da porta encontra-se um armário. É um quarto simples mas a sua simplicidade faz-me querer não sair daqui.
Olá! Espero que gostem, meninas! E sinceramente, eu adorei a parte em que o Harry se defendeu “Eu tinha dito que era uma rapariga e uma amiga, isso não significa que seja minha namorada.” Porque: “Oh, you are Harry’s grilfriend?” “I’ve said she was a girl and a friend, that doesn’t mean that she’s my girlfriend.” Ahahahah ri-me tanto quando pensei nisto! (ok, parei)
Beijinhos! <3

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Charlotte |H.S|
FanfictionEla é uma rapariga bonita e inteligente. Tem a sua casa e não confia muito nas pessoas, exceto nos seus dois melhores amigos, Zayn e Perrie. Foi abandonada num orfanato pelos pais mas conseguiu sair de lá aos 18 anos. Agora com 22, tem um trabalho...