Capítulo 28

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O Harry na fic é assim (imagem ao lado), que é como o gosto mais de ver! Boa leitura! <3 

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Eu expludo por completo. Como é que quase vinte anos depois de tudo, eles têm a lata de vir aqui e tentar resolver as coisas? Se eles tivessem vindo há doze anos atrás, as coisas estariam melhores para o seu lado mas não é o caso. Porquê agora? Porquê tanto tempo depois? Porque é que eles só apareceram agora? 

Agora, eu já estou demasiado magoada, agora eu já não quero saber, agora já não há nada para resolver, agora é tarde demais. Eu sinto os meus olhos quererem formar lágrimas mas eu sei que sou mais forte do que isso, eu não vou chorar, eu não quero chorar. Não à frente deles. Eu não o vou fazer. Puxo os meus cabelos para trás e respiro fundo, tentando acalmar a minha raiva.

“Charlotte,-” Katherine começa.

“Não. Eu não quero ouvir.” Interrompo “Eu só não percebo porque é que vieram falar comigo agora. Porquê só agora?” Eu pergunto e eles baixam o seu olhar.

“Nós fomos à tua procura no orfanato mas tu já não estavas lá.” Peter diz.

“Estivemos um ano à tua procura até que viemos aqui e a tua avó nos disse que estavas em Londres e que vinhas cá todos os fins de semana.” Katherine completa e eu suspiro.

“Então, dezoito quase dezanove anos depois de me abandonarem, vocês decidem ir à minha procura.” Digo e eles assentem.

“Mais vale tarde que nunca.” Ela diz.

“Pois, mas eu preferia o nunca.” Digo e caminho para a porta.

“Charlotte.” A voz da minha avó chama e o meu corpo pára. Eu amo-a do fundo do meu coração magoado mas ela sabia que eu não queria ver mais os meus pais e mesmo assim ajudou-os a chegar até mim. “Char, por favor.” Ela pede e eu olho-a.

“Tu sabias perfeitamente que eu não queria vê-los outra vez mas mesmo assim não te importaste comigo e ajudaste-os a chegar até mim.” Digo e ela mostra-me um olhar culpado.

“Eu fiz isto porque me importo contigo, Char.” Ela diz.

“Não, não te importas!” Eu elevo ligeiramente o meu tom de voz. “Isto é mais uma prova de que não se pode confiar em ninguém.” Digo e abro a porta, saindo.

Puxo os meus cabelos para trás com força e sinto o meu muro protetor desabar. Caminho para longe da porta e respiro fundo. Olho para os meus saltos desconfortáveis e tiro-os, começando a correr para os estábulos. Pego no Bluejeans e preparo-o. Subo para cima dele e bato com os pés, fazendo-o cavalgar para longe.

O ar fresco do fim de tarde embate no meu rosto, fazendo os meus cabelos dançarem ao sabor do vento. Não sei para onde vou, só sei que o meu peito dói e que quero estar longe de tudo e de todos Avisto o rio e abrando. Paro finalmente e desço do cavalo, prendendo-o ao pequeno tronco da árvore.

Sento-me no chão e olho para o horizonte. Fito o céu que agora é alaranjado devido ao pôr do sol, o que me faz sorrir. Sempre gostei de ver os finais de tarde, em especial o momento em que o sol se esconde por detrás do horizonte. Lembro-me de em pequena ler uma história sobre a vida do sol.

Ele quando se punha, ia para debaixo de água para poder recuperar as suas forças de iluminar o mundo com a sua luz brilhante mas uns anos depois, eu percebi que o sol nunca ‘dorme’. Mas acho fascinante como é que algo tão pequeno à minha vista é maior que o meu planeta e tão brilhante e tão forte que é uma estrela viva há milhões de anos.

Também gostava de ser como o sol, forte. Mas quando eu penso que nada pode chegar e piorar a minha vida, eu percebo que estou enganada. Como estou sempre. Suspiro e olho para os meus pés descalços. Oiço alguns barulhos atrás de mim mas não ligo. Se for alguém para me matar, faz um enorme favor à humanidade. Rio-me pois lembro-me que as pessoas aqui não são como em Londres.

“Posso sentar-me?” Uma voz rouca e grave pergunta e eu não respondo. Ele senta-se ao meu lado e sinto que olha para mim. “Estás bem?” Eu olho para ele, os seus olhos verdes preocupados e eu surpreendo-me. Como é que ele consegue ser tão simpático depois da forma como o tenho tratado?

“Eu não sei como me sentir em relação a isto tudo.” Digo lentamente e ele esfrega as suas mãos uma na outra.

“Eu compreendo que não seja fácil esta situação.” Ele diz e eu rio-me.

“Não, tu não sabes. Como é que sabes o que isto é se tu tens uma família perfeita? Como? É impossível compreenderes.” Eu digo e ele olha-me. Desvio o meu olhar, percebendo que algo está a colocar a minha vista turva.

“Charlotte…” Ele murmura e eu olho para baixo.

“É impossível tu compreenderes uma dor tão forte como a que eu senti durante anos, é impossível tu compreenderes a sensação de abandono que eu senti, é impossível tu compreenderes a sensação de solidão que eu senti. Simplesmente é impossível, Harry. Tu não sabes como foi difícil adormecer todas as noites sabendo que nunca iria sair daquele lugar porque fui abandonada pelos meus próprios pais. Tu não sabes como foi difícil acreditar que eles nunca me iriam buscar. Tu não sabes como foi difícil passar sete anos a acreditar que aquelas duas pessoas que me trouxeram ao mundo me iriam buscar não passava de apenas uma ilusão. Tu não sabes como foi difícil a minha vida, tu não sabes. Ninguém sabe.” Eu liberto tudo o que estava preso na minha garganta há anos e sinto algo líquido e frio escorrer pelo meu rosto.

“Sshh, Charlotte…” Ele murmura e sinto uns braços rodearem o meu corpo, puxando-me para ele. Eu escondo o meu rosto na sua camisola branca e deixo que todo o sofrimento guardado saia livremente, que todas as lágrimas que estava a guardar para mim desde o momento em que percebi quem eram aquelas duas pessoas deixem os meus olhos.

Eu sinto os seus dedos acariciarem a minha pele numa tentativa de me acalmar. Eu envolvo a sua cintura com os meus braços de uma forma hesitante e aperto-o contra mim, e busca de conforto. Aprecio a forma como o Harry nada diz apenas me deixa chorar e consola-me de uma forma paciente e simpática.

“Eu estou aqui, Charlotte. Vou estar sempre.”

Olá! Espero que gostem! Beijinhos! <3

Charlotte |H.S|Onde histórias criam vida. Descubra agora