1º Capítulo

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Acordei sobressaltada. Tinha tido mais um pesadelo. Ultimamente tenho tido muitos pesadelos. Não sei o que se passa comigo.
Sentei-me na cama, peguei no meu telemóvel e vi as horas. 7: 25. Faltavam 5 minutos para o despertador tocar. Levantar 5 minutos mais cedo não faz mal a ninguém.

Levantei-me e fui para a minha casa de banho. Tomei um duche rápido e voltei para o meu quarto.

Fui até ao guarda-vestidos e escolhi a roupa que ia usar hoje. Uma camisola de manga cumprida cinzenta, umas calças pretas e um casaco preto de cabedal. Fui até ao espelho da casa de banho e penteei o meu cabelo. Peguei num lenço preto e pus á volta do pescoço. Peguei nas minhas Vans, sentei-me na beira da cama e calcei-me. Peguei na minha mochila e fui até á cozinha.

- Bom dia, querida. – Disse uma voz familiar, assim que entrei na cozinha.

- Oi. – Disse seca.

- Já mal humorada logo de manhã? Disse enquanto fazia qualquer coisa no fogão. Provavelmente panquecas.

- Se não tivesse que ir para a escola, estava muito melhor. Forcei um sorriso.

- Ainda não percebi porquê que não queres ir para a escola. Eu na tua altura adorava a escola.

Ainda bem que não sabes porquê que eu odeio a escola e porquê que não quero ir para lá. Era bem capaz de entrar dentro da escola e ir falar com as pessoas que me batem e que me insultam.

- O pai? Perguntei enquanto tirava um iogurte líquido do frigorífico.

- Foi tratar de umas coisas por causa do novo emprego. – Disse pondo um prato 2 panquecas em cima da mesa.

- Tão cedo?

- A que horas saís hoje? Disse ignorando a minha pergunta.

- Às 16:30.

- Não te atrases, nós depois queremos falar contigo.

- Sobre o quê?Olhei para ela desconfiada.

Espero bem que eles não tenham descoberto as imagens nem os vídeos.

- Logo vês.

- Fiz alguma coisa de mal?

- Logo vês.

- Eu vou indo para a escola. - Disse já sem paciência.

- Não vais comer as panquecas que fiz para ti?

- Não queres que chegue atrasada às aulas, pois não? Ela revirou os olhos e eu fui embora.

Provavelmente não deve de ser sobre as imagens que eles querem falar comigo, se não ela já tinha feito grandes filmes e tinha vindo trazer-me á escola. O que era vergonhoso. Ainda era mais gozada do que já sou agora.

Saí de casa e uma ventania fria passou pela minha cara.

- Foda-se que frio! Disse baixo.

Iniciei o caminho para a escola e em 10 minutos cheguei. Não morava muito longe, nem muito perto da escola, graças a deus.

Entrei na escola e como sempre a maior parte das pessoas olhou para mim e riram-se. O habitual!

Baixei a minha cabeça e entrei dentro do pavilhão onde ia ter aulas. Fui até á sala 210 e sentei-me no banco que tinha ao lado da porta. Fui á mochila e procurei o meu telemóvel em todo o lado.

Bolas! Tinha-me esquecido do telemóvel em casa! Odeio a minha vida.

Hoje, para variar, ainda ninguém tinha vindo gozar comigo. Normalmente, mal entro na escola o grupinho das populares vêm logo ter comigo. Gozar-me claro!

- Olhem só quem já chegou... - Ouvi uma voz familiar.

E pronto. Falei cedo demais.

- Olá Amy. – Disse sem encara-la.

Amy era a chefe do grupinho das populares. Era a chefe da claque da escola. Namora com o capitão da equipa de basket e acha-se a maior. Veste roupas caras, anda sempre com quilos de maquilhagem na cara e com o cabelo cheio de laca. Ela era loira e de olhos claros. Eu costumo chamar-lhe de loira ocxinada.

- Hoje até gosto da tua roupa. Onde é que compraste esse casaco? Na feira?Disse e ouvi todos a rirem-se.

- Estás a dizer que gostas da roupa da feira? – Olhei-a.

Todos gritaram e ela mandou-me um olhar furioso. Estava completamente furiosa por eu a ter confrontado. Ela não está habituada a que as pessoas lhe respondam. Até mesmo eu. Nunca lhe respondo. Nunca quero arranjar confusão, mas já estou cansada de ser gozada. Já estou cansada disto tudo! A partir de agora vou começar a responder-lhe!

- Estás muito rebelde hoje.

- Cansei-me de ouvir e calar. Disse e levantei-me.

- Estás a levantar-te para quê? Vais-me bater é?

- Não te preocupes. Não te vou arrancar essas extensões e amassar-te a roupa.

- Eu não uso extensões!Defendeu-se.

- Não? Então como explicas que de um mês para o outro o teu cabelo tenha crescido tanto? Andas-te a pôr estrume no cabelo para crescer mais rápido, foi?

- Já te estás a esticar, cabra!Disse exaltada.

- Deves estar a confundir-me contigo!Disse elevando o tom de voz.

- Não fui eu que me despi para um gajo qualquer na net!

Porquê que ela tinha que meter esse assunto ao barulho? Porquê?!

- Eu não me despi para ninguém! – Disse já com os olhos molhados.

- Não é isso que as fotos e os vídeos mostram. – Disse toda sorridente por me estar a votar abaixo.

Ela sabia que esse era o meu ponto fraco. Ela sabia que eu ia sair dali a chorar. Ela queria era isso. Que eu fugisse para a casa de banho e ela e o resto da escola ficassem a rir de mim. Mas não ia fazer isso.

- Então, o gato comeu-te a língua?Aproximou-se mais de mim.

- Essas fotos são montagens. – Ela riu-seNem se nota a minha cara. Como é que sabem se sou eu ou não?

- É claro que és tu. Como ninguém te quer, tens que ir mostrar o teu corpo para velhos na net.

- Eu já disse que não fiz nada e que não sou eu nessas fotos. Mas cada um tem a sua opinião. É como eu e metade da escola. Achamos-te uma grande puta. É a nossa opinião.

- Vocês segurem-me ou eu vou aos cornos a esta porca!Disse atirando a mala para o chão.

- Uii que a menina é forte. - Gozei.

- Miúda tu não te estiques! - Disse e aproximou-se de mim, mas uma pessoa meteu-se no nosso meio.  
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Para quem não sabe, eu já publicava esta fic na minha conta do fb, mas por motivos pessoais apaguei a conta e decidi  continuar a publicar aqui a fic. Espero que gostem e deixem a vossa opinião nos comentários!

Depressed (Parada)Onde histórias criam vida. Descubra agora