Capítulo 4

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Sam

"Sammy sumiu."

As palavras que saíram da boca da sra. Watson ainda estavam em minha cabeça. Sammy desaparecida? Aquilo não fazia sentido nenhum para mim. Por que Sammy sumiria desse jeito? Por que ela preferiu fugir do que contar a mim? Sempre fizemos isso, contamos sempre tudo um para o outro e agora, agora ela já nem está mais aqui.

Quero gritar, quero socar alguma coisa, quero chorar e chamar por ela, mas ela não irá me escutar. O vazio em meu peito, a agonia, achei que houvessem feridas demais em meu coração, mas Sammy conseguiu fazer mais uma, uma grande e dolorosa ferida. Tudo por dentro de mim desmorona, sinto como se estivesse sendo sufocado, parece que meu mundo inteiro, aquele que sempre vivi com ela, está se desmanchando, se fazendo em uma pequena poça de lembranças mortas e frias. Preciso sentir que Sammy está bem, preciso sentir seu calor, seu cheiro, seu beijo. Preciso e sempre precisarei.

Entro em casa e a porta se fecha atrás de mim em um grande estrondo, finalmente posso me afogar em lágrimas. Escorrego até o chão, minhas costas descendo pela porta, meus pés escorregando pelo assoalho de madeira. 

-Sammy... - minha voz sai falhada, um pequeno sussurro. Minhas mãos tremem e as ponho na cabeça, tentando manter a calma que ainda há em mim, fecho os olhos e imagino seu lindo rosto, o sorriso, sua covinha, a pele branquinha, o jeito como sempre me olha. - Sammy - solto um soluço - onde você está? - grito com raiva, com desespero, com amor.

Mais lágrimas caem de meus olhos, os soluços se intensificando cada vez mais. Isso parece ser um pesadelo, não pode ser real toda essa dor e angústia, mas era tão real, era tão doloroso, tudo o que quero é acordar deste pesadelo. 

Sinto pequenas mãos agarrando meus joelhos, era minha mãe, minha cabeça encosta em seu peito e ela mexe com os dedos em meus cabelos, fazendo um carinho reconfortante.

-Tudo vai ficar bem meu amor, calma. - ela me diz, beijando com ternura o topo da minha cabeça, afagando meu cabelo. - Sam, olhe para mim. - ela ergue meu rosto até sua altura, meus olhos cheios de lágrimas encontram os seus. - Me conte o que aconteceu.

-É a Sammy mãe. - mais lágrimas começam a rolar, eu era uma represa estourando. 

-Tudo bem, tudo bem. Respira - tento fazer o que ela me mandou, respiro e inspiro e parece funcionar.

-Ela sumiu - admitir aquilo em voz alta era ainda mais doloroso.

O olhar de minha mãe em mim era de espanto, como se o que acabei de contar fosse uma mentira grave. Queria que fosse. Mas pelo meu estado, ela percebe que é sério.

-Como? Mas você me disse que...

-Sim mãe, mas ela sumiu! Se lembra que te falei que quando acordei ela já não estava mais ali? - ela sacode a cabeça, um medo enorme em seu olhar.

Preciso achar Sammy, ficar sentado aqui, lembrando e me lamentando não a trará de volta para casa, para mim. Me levanto num pulo, fazendo mamãe se assustar. Ela me olha sem entender meu gesto repentino e eu a encaro firmemente.

-Vou encontrá-la.

-Você vai o que? - ela parece não entender, mesmo sabendo que ela havia escutado cada palavra que eu havia dito. Pego as chaves penduradas no gancho da parede e abro a porta da frente.

-É isso mesmo que você ouviu, eu vou encontrá-la. - saio sem me virar para olhar sua cara de reprovação, preciso fazer isso, pelo amor e pelo carinho que sinto por ela. Preciso saber se ela está bem, o que aconteceu.

Assim que entro no carro, mais lágrimas caem de meus olhos. Logo dou ré e sigo as ruas sem um rumo certo a seguir, apenas sei que vou em busca de Sammy.

Sammy & SamOnde histórias criam vida. Descubra agora