Capítulo 14

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Sam

-Que tal irmos dar um passeio no parque Sam? - Sammy está mexendo nos meus livros, como de costume. Aquela garota é curiosa demais, e esperta também.

-Pode ser, aqui não tem nada pra fazer mesmo. - largo o gibi de super-heróis em cima da cama e levanto, indo para a porta. 

Descemos correndo até a entrada da casa, Sammy atrás de mim, vestindo seu vestido vermelho, os cabelos pretos caindo como cascatas sobre os ombros. Posso admirá-la por toda minha vida, jamais irei me cansar de sua beleza. 

Passo correndo pela grama, parando na calçada, esperando por Sammy. 

-Isso não é justo, eu estou de vestido. - solto uma risada e ela faz cara feia. - Não ria de mim Sam Evans. - seus braços se cruzam, o rosto sério, os pés batendo na calçada.

-Desculpe Sammy, mas você só não quer admitir que eu sou o mais rápido. - agora foi a vez dela de rir. - Qual é a graça?

-Até parece. - reviro os olhos para seu comentário.

Ainda bem que comigo e com Sammy essas coisas não existem. De um se achar mais que o outro, eram apenas brincadeiras bobas. Até porque, Sammy corre muito rápido. Apesar de estar em fase de crescimento - se é que você me entende, - ela gosta de apostar corridas e jogar uma bolinha comigo e com os garotos aqui do bairro.

Eu não podia ter ganhado amiga melhor do que ela. Meu coração não podia ter escolhido alguém melhor que ela para se apaixonar. 

-Vamos caminhando então, sem correr. - ela concorda com minha sugestão. Estendo minha mão, para que ela possa dar a dela. Ela junta nossas mãos e um sorriso escapa de meus lábios. 

Andamos lado à lado, em silêncio. Era por esse motivo que gostava da companhia de Sammy. Mesmo não tendo o que falar, estando sem assunto, nós permanecíamos juntos, lado à lado. Até no mais completo silêncio, eu sentia prazer em estar ao seu lado.

Viramos à esquerda, quase chegando ao nosso destino. 

Todas ás vezes que saímos juntos, sempre andamos de mãos dadas. Nossas mães acham lindo, ficam dizendo que parecemos um casal, por sempre estarmos grudados um no outro. Eu concordo, parecemos um casal, andando de mãos dadas pelas ruas, trocando olhares, sorrisos. Acho que não consigo me ver sem Sammy, não consigo me ver longe desta garota, do nada ela se tornou tudo pra mim. Eu me recuso completamente a viver uma vida sem Sammy Asher.

Quanto mais tempo você passa ao lado de uma pessoa, mais você se apega e ela. Mas o problema é que você não só se apega a ela, como em tudo que tem a ver com ela. Como seu modo de falar, seu cheiro, a voz, o modo como joga o cabelo, como sorri. Você acaba se apegando nos detalhes, e são esses detalhes que te matam. 

Quanto mais tempo passamos ao lado de uma pessoa, mais difícil se torna esquecê-la. 

Espero um dia nunca precisar apagar toda nossa história, ter que deletar todos os detalhes que guardei em mim, de Sammy. Isso seria como se suicidar.

Finalmente chegamos ao parque. Não está tão movimentado hoje, há algumas crianças correndo umas atrás das outras e algumas mulheres com carrinhos de bebês. Famílias sentadas na grama, fazendo piquenique sobre o sol escaldante. 

-O que você quer fazer Sammy? - ponho minha mão livre sobre minha testa, para que assim eu possa olhá-la melhor. 

-Vamos no bosque. - assim, com as mãos ainda juntas, seguimos para o bosque, cheio de árvores troncudas e folhas verde-escuras. 

Ali era mais fresco, bom para caminhar. Seguimos a trilha de pedrinhas, adentrando cada vez mais no bosque. Há vários bancos espalhados para se sentar, aponto para um deles e Sammy concorda.

Nos sentamos, soltando nossas mãos. 

Meus olhos percorrem por seu rosto, delineando as curvas de seu lábio, a forma como seus olhos tem um leve puxado, as sardinhas que se encontram abaixo deles. Abro um sorriso, admirado por tanta beleza. 

-O que foi Sam? - ela fica corada ao ver que eu a observava. Meu coração se acelera, não desvio meu olhar.

-Você é linda Sammy. - ela abaixa seu olhar, sorrindo. Uma mecha de seu cabelo se desprende atrás de sua orelha, meus dedos o põem no lugar, deslizando por detrás de sua orelha. Os braços de Sammy se arrepiam. 

-Você também Sam. - ela levanta o rosto, me observando.

-Eu também sou linda? - lhe pergunto, brincando.

Sua mão se choca em meu peito, me empurrando de leve para trás. Sua gargalhada invadindo meus ouvidos. Existe felicidade maior do que fazer alguém que você ama rir? Acho que não.

-Não, seu bobo. - ela ainda ri. - Você também é lindo. - seus olhos encaram minha boca, e os meus a sua.

Procuro sua mão, até juntar elas novamente. Nossos olhares se encontram, o desejo de beijá-la corre por minhas veias. Aproximo meu rosto do seu, ela não desvia, sua mão está suada, posso sentir. Quero tanto que isso aconteça, mas não quero me arriscar tanto. 

Para quebrar a tensão entre nós dois, colo meus lábios em sua bochecha, um beijo leve, delicado. Fecho meus olhos, inspirando seu aroma. Me afasto dela e percebo que seus olhos também estavam fechados.

Não sei se ela esperava ganhar um beijo, ou o que. Mas sei que é melhor não arriscar.

Ela sorri para mim, os olhos brilhando. 

Ela se levanta do banco e sai correndo, por entre as árvores.

-Onde você vai Sammy? - ouço sua risada se distanciando de mim, me levanto depressa, indo atrás dela.

Meus pés percorrem ao redor das árvores, indo atrás de Sammy, que rodeia pelas árvores. Seu vestido balança conforme seus pés batem ao chão, os cabelos dançando na brisa. 

-Você não me pega Sam! - ela grita por sob o ombro. 

Sua risada se mistura com a minha, a distância entre nós vai diminuindo conforme aumento meu ritmo. Aquilo era um desafio, Sammy era um desafio. 

Me aproximo ainda mais dela, esticando o braço em sua direção. Ela solta um grito, o que me faz rir mais ainda. Agora estávamos entrando mais pra dentro do bosque, onde várias folhas secas estavam caídas ao chão.

-Eu vou te pegar Sammy! 

-Vai nada!

Meus braços a alcançam, minhas mãos a puxando pela cintura. Seu grito de surpresa me faz rir, e aos tropeços, caímos sob um monte de folhas perto de uma árvore. Caio por cima de Sammy, morrendo de rir. Nossas respirações se juntam e nossos olhares se encontram, o sorriso estampado um na cara do outro

-Você me pegou. - nossos risos se misturam, como uma melodia. 

-Você realmente achou que podia fugir de mim? - lhe pergunto, com a voz cansada.

-Sim.

-Pois saiba que mesmo que você fuja de mim, eu sempre irei te encontrar. - digo, tentando recobrar o fôlego.

Sammy & SamOnde histórias criam vida. Descubra agora