Capítulo 21

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Sam

Agora, consigo abrir meus olhos, mesmo com uma forte luz acima de mim. Pisco repetidas vezes, até meus olhos se acostumarem com a claridade do local. Estou em um quarto de hospital.

Me ergo um pouco da cama, fazendo força para me mover. Meus músculos estão doloridos, mas minha cabeça parece uma bomba prestes a explodir. Quando a toco, percebo que está coberta por uma faixa.

Me sento na cama, e percebo que há uma mulher de cabelos pretos esparramada no sofá à minha frente. Mamãe.

-Mãe? - a chamo, ansioso para vê-la vindo em minha direção.

Apesar de termos brigado da última vez que nos vimos, eu a amo muito, porque ela também foi uma das únicas coisas que me restou. Ela e Sammy.

Ela se mexe, mas não acorda de primeira, por isso eu a chamo novamente e desta vez ela parece ter me escutado. 

-Sam? Ai meu Deus... meu filho. - seus olhos brilham intensamente de alegria.

E não demora muito para ela vir até mim e me envolver em um abraço maternal. Percebo que está mais magra, os ossos estão mais a mostra, a pele está abatida e as olheiras muito fundas. 

-Como está se sentindo? - ela me pergunta, sua mão correndo pelo meu rosto, como se não conseguisse acreditar de que eu estivesse ali, vivo.

-Dolorido, mas bem. - me ajeito na cama e mamãe me ajuda, posicionando o travesseiro.

-Quando a enfermeira me ligou dizendo que você havia acordado, eu mal pude acreditar. - seus olhos se enchem de lágrimas, mas ela continua. - Não sei o que você tinha na cabeça de fazer o que fez.

-O que houve? O que aconteceu para mim vir parar aqui?

-Você estava atrás da Sammy, estava correndo em alta velocidade com o carro e um caminhão perdeu o controle e acabou batendo de frente com você.

Uma batida na porta faz mamãe secar as lágrimas que já haviam começado a cair. Era o médico.

Um homem alto e de aparência jovem, entra, de jaleco branco e um estetoscópio pendurado ao redor do pescoço para ouvir meu coração. Carregava uma prancheta em mãos.

-Bom dia Melissa. - o médico abre o seu melhor sorriso para minha mãe. 

-Bom dia Dr. Noah. - mamãe também abre um belo sorriso para ele. Sinto um clima entre eles. Alguma coisa aconteceu entre esses dois, enquanto eu estava em coma.

Fico feliz que mamãe esteja seguindo em frente, depois de tudo o que ela passou, ela merece ser mais do que feliz ao lado de alguém que a ame.

-Bom dia... Sam. - ele havia olhado meu nome na prancheta. - Como está se sentindo?

-Bem, um pouco dolorido. - com uma caneta preta ele anota tudo o que digo na prancheta. - Quando vão tirar essa faixa da minha cabeça?

Os olhos do médico se encontram com os da minha mãe, ambos o arregalam.

-Pode ser agora, se você quiser. - ele se aproxima de mim, largando as coisas que segurava em cima do bidê.

Ele tira um grampo que segurava o início da faixa, e assim começa a tirá-la com cuidado. De início chega a doer um pouco. Quando ele finalmente tira por completo, passo a mão pelos meus cabelos e percebo que há um ferimento ali.

-O que é? - pergunto.

-É apenas um corte que já está cicatrizando. - mas o corte não era nada pequeno, com o toque leve dos dedos dava para sentir que o corte começava perto do olho esquerdo e terminava quase ao topo da cabeça.

-Me dê um espelho. - exijo.

-Sam, eu não acho que... - mamãe tenta impedir, mas eu a interrompo, pedindo outra vez. - Está bem.

Ela vai até o banheiro e de lá trás um espelho mediano, com as bordas douradas. Ergo o espelho até a minha altura, e fico horrorizado com o que vejo.

Há uma grande cicatriz percorrendo pelo topo de minha cabeça, percebo que meu cabelo foi um pouco cortado, para que pudessem fazer os pontos necessários. Meu rosto ainda está marcado com algumas manchas amarelas, e o olho um pouco inchado. 

-Essa cicatriz vai desaparecer? - pergunto por curiosidade.

-É pouco provável que desapareça de vez, mas com o tempo ela irá ficar menos aparente. - explica o médico.

- Quando vou ganhar alta?

- Está com pressa rapaz? - o médico ri, mas não vejo graça em suas palavras.

-Só quero continuar com uma busca que ainda não terminei. - digo, mamãe me olha furtivamente, reprovando minha ideia.

-Não vai não Sam. Olhe o que te aconteceu! Tudo por causa de uma garota! Você podia ter morrido! Eu não vou deixar você fazer isso. Eu te proibido de ir atrás dela.

-O nome dela é Sammy e ela não é qualquer garota mãe, você sabe muito bem o que ela representa pra mim. Eu vou acha-la custe o que custar, com o seu consentimento ou sem ele.

-Mas não vale a pena Sam! Você faz de tudo por ela, e ela, o que faz por você? Ela se quer apareceu pra te ver! - mamãe segura minhas mãos junto ao seu peito, tentando buscar uma resposta melhor para me convencer a não continuar com a busca.

Não vou contar que Sammy esteve aqui e que me contou todas aquelas coisas. Eu vou atrás dela e vamos resolver tudo o que nunca tivemos coragem de resolver. Eu prometi que iria acha-la e eu vou fazer isso. Promessas são sagradas e quando são feitas, tem de ser cumpridas. 

-Está bem mãe, você tem razão. - digo para acalmá-la.

-Bem, vai demorar para você ganhar alta. Teremos de fazer uns exames e tudo depende do que dará neles. - o médico explica. - O bom é que você não perdeu a memória e se lembra de tudo, pelo que percebi.

-Obrigada por tudo Dr. Noah. - mamãe lhe dá outro sorriso, finjo que não vejo.

Eu não posso esperar mais, preciso encontrar Sammy logo. Agora que sei o que ela sente por mim, tenho de dar um jeito de contar que sinto a mesma coisa.

E eu já sei o que vou fazer.

Sammy & SamOnde histórias criam vida. Descubra agora