Capítulo 30

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Sammy

Quando decidi pegar a lata de spray jogada no quintal e pichar a parede de minha casa, não pensei nas consequências. Consegui apenas pensar em mim mesma e no tamanho da minha raiva, por tudo aquilo estar acontecendo.

Pelo jeito, Sam ficou chateado comigo, não falou mais nada desde que botamos o pé na estrada outra vez. Quero perguntar por que está tão quieto, pois vê-lo desse jeito, com o olhar voltado ao chão e as mãos no bolso do moletom, me dão a impressão de que não é só por minha culpa, mas algo a mais o está chateando, algo que aconteceu no momento em que entrou de novo naquela casa. 

-Aconteceu alguma coisa? - pergunto, levando minhas mãos ao bolso do casaco.

-Por que a pergunta? - Sam continua a andar, sem me olhar.

-Porque você está muito quieto. - respiro fundo. - Foi sua mãe? - ele para de caminhar e me observa, sem dizer uma palavra sequer. Então, Sam balança a cabeça, afirmando o que acabei de perguntar. 

Um vento leve preenche o silêncio entre nós, balançando as pontas do meu cabelo que estão para fora do capuz. Espero sua resposta, apesar de seu olhar parecer vazio. 

-Ela está me escondendo alguma coisa. Quando estava lá dentro, - ele balança as mãos no ar, fazendo gestos. - tive de me esconder embaixo da cama. Mamãe entrou no meu quarto e se sentou, começou a chorar e a dizer que, - ele faz uma breve pausa, logo voltando a falar. - se tivesse me contado alguma coisa, eu ainda estaria com ela. 

Não sei o que dizer a ele. Realmente, estou em dúvida sobre o que dizer, ou se quer fazer. Mas então decido que o melhor a se fazer, é abraçá-lo. Nem sempre as palavras podem reconfortar uma pessoa, ás vezes um simples abraço podem ajudá-las. No caso de Sam, aquilo foi o melhor que pude fazer por ele. 

Sua cabeça pousa em meu ombro, o capuz desliza de minha cabeça e seus braços abraçam fortemente meu corpo, enquanto meus dedos acariciam seu cabelo.   

Pode parecer estúpido, mas fugir não foi uma opção pra mim. Me parecia ser uma saída. Fácil, rápida e indolor. Mas eu aprendi, que não posso fugir ou tentar afogar meus problemas, não enquanto for respeito a mim, enquanto ainda for minha responsabilidade. Se Sam está aqui, não é porque ele quer, é porque ele me ama. Aposto que ele daria de tudo, assim como eu, para que nada disso tivesse acontecido. Mas aconteceu...

-Estou com medo. Sinto que não é algo bom... - ele sussurra, a voz embargada.

-Logo iremos descobrir. Eu te prometo. - seus olhos encaram os meus. Meus olhos descem para o contorno de seus lábios, fazendo meu coração acelerar. Seu braço aperta mais ao redor de minha cintura, até que finalmente meus lábios desfrutam dos seus. Cada movimento faz meu corpo se render por mais. Luto para manter o controle e assim dizer: - Eu te prometo, amor. - junto nossas mãos, selando minha promessa.

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-Olha ali Sammy! - ele aponta para um letreiro gigante, escrito: Locadora de Carros. E logo abaixo: Aberto 24 horas.  - Talvez a gente consiga alugar um carro. O que acha? - ele esboça um sorriso.

-É uma ótima ideia. - sorrio de volta. 

Nos dirigimos para a entranda, já admirando a variedade de carros que se estendem em fileiras laterais, uns mais belos que os outros, e caros também. O lugar parece estar bem cuidado, e uma luz ao fundo da locadora, indica que alguém está acordado. 

Sam admira as diferentes opções, enquanto eu, busco por um preço possível de pagar. Foi quando avisto o dono se aproximar de nós, ele usa um macacão azul por cima de uma blusa cinza, com as mangas arregaçadas e seus cabelos castanhos parecem estar bem oleosos. Sua cara fechada, faz-me aproximar de Sam, que ainda não o tinha visto chegar.

Sammy & SamOnde histórias criam vida. Descubra agora