Sammy & Sam

Capítulo 25

Sam

Depois de tudo; do desaparecimento, do acidente, de fugir do hospital e de encontrá-la com outro cara, estamos juntos outra vez. Finalmente posso dizer que Sammy é minha, não por inteira ainda, mas só de saber que me ama, por enquanto basta. O bom, é que agora não precisamos disfarçar o que sentimos um pelo outro, podemos deixar bem evidente para o mundo inteiro saber, que estamos juntos e que se depender de mim, continuaremos assim pelo resto dos anos que se seguirão.

Quando a beijei, foi totalmente diferente de tudo o que imaginei, do que esperei sentir. Era como se o mundo estivesse em pause, como se ninguém mais importasse, só nós dois, sozinhos se amando. Parecia que meu coração ia pular para fora do meu peito, explodindo de felicidade ao mesmo tempo de desejo. Nunca senti ou toquei Sammy daquele jeito antes, seu corpo em sintonia com o meu, seus lábios traçados delicadamente tocando os meus, suas mãos passando pelos meus cabelos.

Ouvi-la dizer que me ama foi a coisa que mais me emocionou, foi como levar um choque de realidade.

-Preciso te levar pra conhecer Helena. Ela vai te adorar! - ela fala, toda alegre.

Ela sai de minhas pernas, se colocando de frente a mim, estende seus dedos longos e finos para mim e logo os seguro. Ela me puxa para a estrada, toda feliz, olha para mim como se eu fosse tudo o que ela mais queria na vida. Não posso não reparar no jeito como se movimenta, como seus quadris balançam de um lado pro outro.

-Quem é Helena? - pergunto, sem entender.

-É uma velinha super gentil que me acolheu quando... fugi. - ela fica constrangida ao falar que fugiu, por um lado eu entendo, porque ela se culpa por tudo o que me aconteceu, mas Sammy não tem culpa de nada.

-Ei, baixinha. - e com um puxão rápido ela se engancha em meus braços, mantendo seu olhar fixo ao meu. - Você não tem culpa de nada que aconteceu, está bem? - beijo o topo de sua cabeça, em um gesto de carinho e proteção. Ela consente com o que digo, mesmo seus olhos ainda me mostrarem que ela se culpa. - E, quem era aquele menino que estava com você? - pergunto, com uma pontada de ciúmes na voz.

-Landon, é o vizinho de Helena. Ele me ajudou também. - ela me olha, ainda presa em meus braços, se divertindo com o meu obsessivo ciúmes. - Você fica tão lindo quando está com ciúmes, sabia?

Faço uma cara fechada, tentando ficar bravo, mas simplesmente não consigo. Ela ri de um jeito que me contagia, que faz com que meu corpo vibre e sinta vontade de rir também.

-Bom, as garotas costumam me achar lindo por causa de outras coisas, mas essa também conta. - provoco.

-Seu idiota. - agora sou eu quem está rindo, enquanto ela tenta esconder um sorriso e ficar séria.

-O idiota que você ama. - encosto meu dedo indicador na ponta do seu nariz, deslizando de leve enquanto ela se desmancha em uma risada.

Assim, seguimos rumo a casa de Helena. O sol já se punha lá no alto, as nuvens embaladas por uma leve brisa fria. As ruas antes calmas agora começavam a entrar em movimento, com pessoas saindo de suas casas para correr ou então para tomar um café da manhã em alguma cafeteria. Crianças acordavam e abriam as janelas para contemplar o dia, enquanto as mães gritavam que iam se atrasar para a escola.

O tempo todo ficamos de mãos dadas, caminhando por calçadas estreitas emaranhadas de pessoas. Tudo parecia perfeito agora, e o passado era apenas o passado, uma coisa irrelevante. Por mais que as coisas pareçam bem, sei que não estão. Há muita coisa que preciso entender ainda, como o fato de Sammy ter fugido. Quero saber, quero que ela me diga agora mesmo o que aconteceu naquela noite, mas não quero brigar, não quero forçar a barra. Sei que essas últimas semanas foram agitadas e totalmente aterrorizantes, e ela precisa saber que eu estou do lado dela e que não vou julga-la pelo o que ela fez, qualquer que tenha sido o motivo que a levou a tal ato, até aqui nesse lugar, eu vou entende-la.