Capítulo 15

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Sammy

-Então é aqui? - olho fixamente para o topo do hospital, seguindo para a entrada, onde há uma ambulância estacionada e pessoas passam sem parar. 

Landon e eu estamos afastados, atrás de uma árvore para que assim ninguém que possa me reconhecer me veja. Ele foi muito bondoso em querer me levar até ali, ou talvez ele apenas tenha ficado com pena depois de ver minha reação quando soube que Sam... 

Mas o importante agora, é que vou vê-lo. Mesmo carregando esse peso em minha consciência, de Sam ter sofrido o acidente por minha culpa, eu o quero ver. Talvez seja melhor eu me afastar de uma vez por todas, os estragos que fiz já são o bastante. Sei que o amo e que ele é meu melhor amigo desde sempre, mas não acho que Sam me queira como algo a mais, acho que Sam merece algo melhor, afinal, eu só sei estragar tudo.

-Tem certeza que não quer entrar para vê-lo? - Landon me pergunta. 

Eu queria muito ir vê-lo agora, sair correndo daqui e ir encontrá-lo, mas também sei que haveriam consequências demais. Melhor não.

-Não. - mesmo assim, eu espero que tudo fique bem. - Só me ajude a observar.

Estamos cuidando o horário que a mãe de Sam irá sair do hospital.

-Que horas fecha o horário de visitas? - agora meu olhar atento pousa em seus olhos. 

-Às oito, geralmente. - ele me fala. 

Quero saber exatamente à que horas ela chega, que horas vai embora. Quero saber para assim não haver erro, para não haver mais consequências. 

-Sammy, eu sei que você quer entrar. - se ele não parar com isso, eu vou vou sair correndo para aquele hospital.

-Landon, não insista mais. Já está sendo doloroso demais desse jeito. 

-Desculpe. - sua voz realmente demonstrava um certo arrependimento, e isso me fez me sentir mais culpada ainda. 

Com os olhos vidrados na porta de entrada, vejo uma mulher mediana de cabelo curto e preto, sair. A pele morena em contraste com o fim do dia, parecia estar um pouco abatida, os olhos mesmo de longe, estavam vermelhos. Era a mãe de Sam, com certeza. Eu a vi sair, com uma mão tampando a boca e a outra em seu peito, como se estivesse esperando seu coração parar a qualquer momento. Os passos curtos e arrastados, mostravam uma mulher fraca, parecia que ela carregava um peso farto em suas costas. 

-Que horas são? - pergunto a Landon, sem desviar a atenção para a mãe de Sam. 

-Ham, são quase sete e meia. Por? - com o indicador, lhe aponto para uma mulher entrando em um táxi. - É ela? - concordo com a cabeça. - Ótimo, agora você pode entrar. 

Meu rosto se vira em sua direção, o sorriso estampado em sua cara. Queria dar um soco naquele sorriso perfeito, os dentes retos e brancos, os lábios carnudos se abrindo amplamente. 

-Melhor não. - eu poderia sair correndo dali imediatamente, sair em busca do que mais amo. Poderia ir vê-lo, como está. Poderia passar a noite ao seu lado, segurar sua mão enquanto dezenas de lágrimas rolariam de meu rosto, enquanto a culpa me consumiria pouco a pouco. Mas não, por mais que eu queira, não posso. Preciso ser paciente e não agir impulsivamente, pois tudo pode piorar. 

-Vem cá. - ele abre os braços para mim, para que eu possa enterrar meu rosto em seu peito e me lamentar. Assim o faço, me aconchego ali, tentando de alguma maneira me recompor. Mas como posso me recompor quando minha vida inteira está se desmoronando? 

Suas mãos afagam meu cabelo, mãos quentes e grandes. Não era desse jeito que eu queria, não era desse jeito que queria reencontrar Sam, num hospital. Deveria ao menos ir lá ver se ele está vivo ou morto, mas para isso, eu apenas sinto. Sam está vivo, posso sentir. E mesmo se não estivesse, eu o sentiria vivo em mim para sempre. 

Se Sam morrer, eu sei que jamais serei capaz de me perdoar. Eu sei que jamais voltarei a sorrir outra vez. Se Sam morrer, acho que morro junto. Mas se Sam viver, prometo que me afastarei dele. Prometo que de mim, ele nunca mais saberá nada.

-Vamos embora Sammy. - retiro meu rosto de seu peito, não o olhando nos olhos. 

Seu braço passa por cima de meus ombros, sentir o peso de seu braço, me fez lembrar da sensação dos braços de Sam ao meu redor. Isso realmente é uma droga, quando tudo parece lembrar justamente a pessoa que você tem de esquecer. É como se o mundo gritasse: " Tente se puder!". 

E sabe o pior? É que eu sei, que não posso.




Sammy & SamOnde histórias criam vida. Descubra agora