CAPÍTULO 29: PERIGO

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Quando acordei já devia estar tarde, mas duvidava que ainda fosse o mesmo dia, através das janelas era possível observar o escuro lá fora. Deveriam ter me dopado ou alguma coisa parecida, pois a única maneira que conseguiria dormir tanto seria só assim.

O corredor lá fora estava silencioso, de vez enquanto dava para escutar as vozes das enfermeiras e provavelmente as dos familiares de pessoas que estavam ali, me senti meio sozinha apesar de estar mesmo, eu queria que o Neythan tivesse ficado ali.

Minha mãe já devia estar impaciente do lado de fora, a menos que já tenha vindo me visitar e eu estava dormindo, previa sermões vindo dela quando saísse dali.

Passou alguns minutos do meu tédio ali, vi uma enfermeira do lado de fora conversando com alguém, não consegui ver a pessoa porque ela não estava no meu campo de visão, mas pelo que consegui ver da mão, parecia ser um homem. A enfermeira pegou alguma coisa colocando no bolso e depois veio até a sala.

— Ótimas noticias, mocinha. Você já pode ir embora.

— Já me deram alta? Cadê os meus pais? Eles estão ai? E...

— Seu namorado e seus familiares estão esperando você lá em baixo. Acredito que ele realmente gosta de você, esteve ao seu lado à noite toda. Realmente é muito lindo. Você teve muita sorte. — Disse a enfermeira verificando a coisa no meu braço.— Isso no seu braço foi ele que te deu? É muito lindo.

Olhei no meu pulso onde estava a pulseira (que na verdade era um amuleto), eu ainda usava, raramente tirava assim como o colar, só tirava para tomar banho e logo em seguida colocava de novo.

— Obrigada. — Eu não sabia se era impressão minha ou o que, mas aquela enfermeira parecia meio... Distraída, não achava que aquilo fosse uma checagem de rotina, mas devia ser impressão minha. Ainda estava meio zonza.

— Voltarei daqui a pouco para retirar isso de você.

Ela saiu e alguns minutos depois ela estava acompanhada do Neythan, será que era com ele que ela estava conversando àquela hora? Não, provavelmente não.

Ele entrou e me entregou uma bolsa, fiquei meio confusa.

— Sua mãe trouxe para você. São roupas, pra você se trocar.

Olhei a minha roupa até perceber que não estava com a mesma de antes, estava com aquelas roupas estranhas de hospitais e me senti meio incomoda, não gostava de pensar na ideia de alguém tirando a minha roupa mesmo essa pessoa sendo uma enfermeira. A menos que eu tenha feito isso e não tivesse lembrado, mas eu duvidava dessa última opção.

— Vou esperar por você lá em baixo. Seus pais e o Alexander também estão aqui.

— Sério? Por quanto tempo?

— Faz algumas horas. Vieram ontem e retornaram hoje. Como disseram que era possível ter alta logo então descartaram a possibilidade de visitas.

— Então minha mãe ainda não me viu? Ela deve estar...

— Preocupada. Não para de perguntar por você.

Depois que o Neythan saiu e a enfermeira tirou aquelas coisas de mim, pude me trocar no banheiro, minha mãe tinha escolhido um vestido branco, sem muitos detalhes, e uma sapatilha.

Voltei para o quarto para esperar pela enfermeira que disse que teria que fazer uma ultima checagem antes que eu saísse, o que achei muito mais estranho já que ela já tinha feito isso, mas como ela era enfermeira não iria tentar dar palpite onde não sabia, não entendia nada dessas coisas então era melhor não optar.

Esperei sentada na cama e ela apareceu com aquela prancheta e algumas coisas, ela fez a tal checagem dela e depois pegou uma injeção, precisei de alguns minutos para organizar meus pensamentos, se eu estava bem porque aquela mulher estava prestes a injetar alguma coisa em mim? Isso estava errado só poderia ser.

Percebi alguma silhueta lá fora e duvidava muito que fosse o Neythan, a mulher se aproximou e pegou no meu braço.

— O que está fazendo? Achei que já estivesse me dado alta.

— É só algo de rotina. Fique calma não vai doer nada.

— Porque está injetando isso em mim? Eu estou bem.

— E vai ficar melhor ainda. — Ela segurou o meu braço e injetou aquilo puxando de volta a agulha.

Eu não sabia se era algo de rotina mesmo, mas alguma coisa naquela história estava errado, estava ficando meio sonolenta e quando a mulher saiu pude observar alguém lá fora com ela. Isso não era coisa boa. Tinham me encontrado e provavelmente descoberto que eu estive lá.

Só poderia ser ele ou algum subordinado.

Minha visão começou a ficar embaralhada, mas não tinha perdido a consciência, conseguia ver alguém entrando na sala e me pegou nos braços, logo em seguida começou a caminhar para fora, senti alguma coisa escorregar da minha mão e um pânico me invadiu, tinha perdido minha pulseira.

— Tem certeza que ela não está vendo nada? Ela pode se lembrar da gente depois. — Disse uma voz familiar

Estava quase perdendo a consciência, mas a breve visão de linhas de fogo rondava minha visão, balançavam pra lá e pra cá, como uma deusa do fogo, e isso parecia querer trazer alguma lembrança a minha cabeça, mas era como se todas as memórias estivessem inacessíveis naquele momento.

Eu apaguei completamente.

Toque De Sedução 2Onde histórias criam vida. Descubra agora