CAPÍTULO 4: A RUIVA

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Um sorriso malicioso se abriu no rosto dele, o olhar era penetrante e hipnotizante prendia meu olhar no dele, ele me observou de cima a baixo por um breve momento.

— Que presença agradável. — Disse ele em um tom cortês

— Você por aqui? Estou surpresa — disse desviando o olhar dele, fingindo estar olhando em volta.

— Tenho alguns negócios a tratar. Algo muito importante.

— Trabalho? — perguntei

— Não! Algo que se trata de vida ou morte — disse-me ele

O encarei tentando adivinhar se era algum tipo de piada ou se ele estava apenas brincando, mas a expressão dele estava séria e pensando bem, o Alexander não era o tipo de homem que ficava fazendo piadas ou brincadeiras de mau-gosto.

Quando voltei o olhar pra ele percebi que ele esperava que eu dissesse alguma coisa, e quando ele viu que não tinha nada a dizer, ele disse:

—Está sozinha aqui?

— Ah, não! Estou com o Alam e a Mary.

Eu não sabia exatamente o porquê tinha começado a falar com ele, eu não sentia raiva dele ou coisa parecida, as desavenças eram entre ele e o Neythan. O Neythan poderia não gostar de me ver falar com o Alexander, mas eu não estava fazendo nada de errado, e ele é que na verdade estava escondendo as coisas de mim. Avaliando a situação, na medida do possível o Alexander era até legal.

— Se... quiser pode ficar com a gente — sugeri

O que... Eu estava...

— Proposta tentadora, mas realmente tenho alguns assuntos para resolver. Fica para a próxima.

Certo. Agora eu estava surpresa e até um pouco assustada. "Assuntos para resolver", era o que tinha dito, desde quando alguma coisa era problema para ele? Quer dizer... Obvio que ele também tinha problemas, mas ele não era o tipo que se preocupava tanto com algo. Primeiro o Neythan, e depois ele. Alguma coisa estava errada.

Ele pegou a minha mão dando um beijo e virou-se saindo. Ele não tinha entrado no carro, o que queria dizer que ele iria fazer alguma coisa ali por perto.

Eu tinha um nível de curiosidade: Quando tinha a ver com alguém escondendo alguma coisa de mim, no caso o Neythan e quando tinha a ver com uma suposta pessoa, que parecia simplesmente resolver seus problemas em um piscar de olhos, mas que agora parecia não ser tão fácil assim, no caso Alexander.

De repente uma louca ideia me surgiu à cabeça, iria seguir o Alexander. Se existia uma pessoa esperta o suficiente para descobrir um problema e se realmente fosse um problema, essa pessoa era o Alexander. Ele era esperto, inteligente, habilidoso e astuto. Eu tinha cem por cento de certeza de que ele não iria gostar de saber que eu o estava seguindo, mas simplesmente odiava quando as pessoas ficavam escondendo as coisas de mim como se eu fosse uma pessoa na qual ninguém poderia confiar.

Estava com certa duvida provavelmente o que ele tinha a fazer não teria nada a ver com o que o Neythan estava escondendo de mim, eles não tinham nenhum tipo de contato e as desavenças entre os dois eram praticamente visíveis. Mas alguma coisa dentro de mim insistia que eu devia, era como um imã me atraindo. Como já tinha experiência o suficiente atraindo problemas sabia que devia evitar isso, mas a parte da curiosidade estava vencendo.

— Certo. Cara ou coroa? — disse pegando uma moeda. Se desse cara eu ia coroa eu ficava; era simples.

Coloquei a moeda na palma da mão e fechei em forma de uma concha e balancei, depois sem olhar virei e coloquei a moeda na palma da mão. Eu acabei percebendo que tinha prendido a respiração.

Tinha dado Cara

Olhei para o ponto onde o Alexander estava; ele tinha acabado de virar a esquina a esquerda, conhecia um pouco aquele lugar, ficava perto do bar, onde conheci o Lionel pela primeira vez, aquele bar de motoqueiros. Caminhei indo até lá. O Alexander estava parado perto de um beco. Ele se recostou na parede e enfiou as mãos no bolso da calça, havia algumas motos estacionadas ali perto, uma delas me pareceu familiar... Na verdade muito familiar. Aquela era a moto do...

Alguma coisa esbarrou em mim e eu acabei caindo no chão. Percebi que a suposta pessoa tinha deixado alguma coisa cair em mim porque a minha roupa estava toda molhada.

— Ai, nossa. Desculpe-me.

Levantei a cabeça assustada, meu coração estava quase saindo pela boca. Tinha uma garota abaixada recolhendo alguns papeis no chão, havia um copo com metade de cappuccino ao lado dela. Ela tinha os cabelos longos cacheados e ruivos e os olhos dela eram azuis. Ela era do meu tamanho e estava segurando um óculos grande quadrado. Era muito bonita.

— Desculpe. Eu não vi você ai. Sinto muito pelo óculos — disse, não tinha percebido antes que tinha parado perto de uma porta.

— Ah! Isso? — disse ela mostrando o óculos — É só como enfeite, necessariamente não preciso usar. Eu é que peço desculpas. — disse ela estendendo a mão pra mim, os papeis já estavam todos em uma pasta debaixo do braço dela.

Ela abaixou novamente e pegou o copo de cappuccino jogando no lixo que estava ali do lado, ela retirou os óculos e arrumou o cabelo atrás da orelha. Logo em seguida virou-se para me olhar.

— Meu nome é Verônica.

— Mhylla — disse voltando minha atenção para a minha roupa, estava toda suja de cappuccino. — Acho que te devo um cappuccino.

— Que isso. Esquece. A culpa também foi minha. Eu estava detraída com esses papeis.

Voltei o olhar para o lugar onde estava o Alexander, ele não estava mais lá.

— Procurando alguém? Posso ajudá-la.

— Ahn? Não! E-Eu estava...

— Não precisa ficar envergonhada. Sei que existem muitas garotas que preferem os caras com estilo bad-boys. — Disse ela com um sorriso — Eu particularmente também. Como passo a maioria do meu tempo neste prédio caindo aos pedaços às vezes os gatinhos que vem neste bar prendem minha atenção. Não me leve a mal, não saio por ai ficando com qualquer um. Só estou dizendo que às vezes um bad-boy pode ser bem mais empolgante.

Olhei pra ela surpresa. Eu não estava ali procurando nenhum "gatinho", estava ali procurando o Alexander, quer dizer... Não que ele não fosse bonito, é claro que ele era, mas a questão era que, eu estava ali porque, basicamente estava querendo descobrir uma coisa.

Olhei para o prédio que ela tinha apontado alguns minutos antes, ele era todo preto desbotado e devia ter sido construído há anos, porque uma encanação ao lado da saída estava toda vazando e parte das paredes estava com rachaduras. O local no qual ela tinha saído mais parecia um cubículo, era impossível passar duas pessoas de uma vez pela porta. As escadas eram em espirais.

— Vou voltar para a lanchonete. Meus amigos estão me esperando.

— Oh! Lanchonete. Legal. Também estou indo pra lá. Meu horário de almoço é agora. — comentou, apontando para um relógio no pulso.

Voltamos para a lanchonete. Apresentei Verônicaao Alam e a Mary e ficamos por ali conversando algum tempo.    

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