CAPÍTULO 14: POR VOCÊ

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Precisei de um pouco mais que um minuto até entender que tinha alguém buzinando do lado de fora de casa, estava tão concentrada no abraço e no beijo do Neythan que me deu uma vontade de xingar quem quer que fosse que estivesse interrompendo.

— Acho que tem alguém esperando por você. — Disse o Neythan afastando-se

Alguém me esperando... Alexander. Seria o último dia de treino e eu não poderia faltar, mas também se fosse novamente o Neythan iria ficar chateado comigo.

— Último dia de treino.

— Você vai? — perguntou ele em um tom neutro

Eu não sabia, estava dividida entre a vontade de finalmente me libertar de ter que ficar chamando o Alexander nas horas mais inapropriadas e sempre acabar desmaiando perto dele, e entre a vontade de ficar e não magoar o Neythan. Essa era minha única oportunidade para aprender a controlar isso, e liberar o poder, era minha única oportunidade de ser forte e não precisar mais ficar na insegurança de me machucar, tanto pra mim e tanto para o Neythan que sempre tinha que se controlar. Mas parando para pensar em tudo isso, eu não poderia seguir em frente se não tivesse ele ao meu lado, não poderia ser completamente feliz, e todo o meu esforço em se tornar mais forte seria em vão. Eu precisava dele ao meu lado.

— Se fosse você iria ficar chateado, não é? — perguntei, mas era uma pergunta retórica, eu já sabia a resposta. — Tá bom... Deixa.

Fui até a porta e abri, o Alexander já estava esperando com o carro estacionado na porta de casa, eu sabia o que tinha que ser feito, não poderia ter outra escolha. Fui até onde o Alexander estava e parei de frente pra ele.

— Achava que você estava animada por hoje ser o último dia. — Disse o Alexander me encarando e desviei o olhar

— Mudei de ideia. Desculpa mas... Eu não vou.

— Não vai? — perguntou ele arqueando uma sobrancelha

— Não posso. Não quero mais magoar o Neythan.

— Então é por causa dele?

— É. Eu esqueci o jantar de ontem e agi meio errado ultimamente. Não quero que ele passe a ter motivos para me odiar.

— Sabe que essa é sua última chance, certo?

— Sei.

— Então, você ainda vai comparecer amanhã? Já disse que sim então se voltar atrás ficarei muito frustrado.

Ele estava falando sobre irmos à fazenda, já tinha convidado o Alam e Marcela não queria ter que desmarcar tudo, iria conversar com o Neythan primeiro.

— Eu não sei.

— Você que sabe então. — Disse ele abrindo a porta do carro e entrando — Eu tentei te ajudar, mas parece que todo o seu esforço foi em vão.

Assim que ele disse isso, ligou o carro e foi embora.

Ele estava certo. Todo o meu esforço tinha sido em vão.

Voltei para a casa do Neythan, ele estava parado encostado no sofá de braços cruzados, pareceu surpreso quando me viu.

— Achei que fosse ir.

— Não quero fazer alguma coisa que vá chatear você.

— Era importante pra você.

— Importante pra mim é ter você ao meu lado. — Respondi e ele sorriu vindo até onde eu estava.

Ele passou a mão pela minha cintura me puxando para perto dele.

— Você não sabe o quanto é bom ouvir isso — ele sussurrou no meu ouvido — Mas sei que deve estar infeliz com isso.

— Eu não queria ter que ficar dependendo da ajuda dele toda hora.

— Sei disso, também não fico contente com a ideia.

— Mas você vai comigo até a fazenda não vai? Eu meio que já disse que ia, então acho que seria meio ruim desmarcar de ultima hora.

— Por que ir até lá é tão importante afinal?

— Ele disse que tem uma coisa para me mostrar, fiquei meio curiosa.

Ele deu de ombros desviando o olhar.

— Sei...

— Acho que era importante. — Disse e ele me soltou, achei que ele estivesse irritado, mas não parecia ser isso.

Ele desviou o olhar do meu e apoiou a mão em uma cômoda que estava ali perto, parecia que ele tinha dificuldade para respirar o que pra mim parecia ser uma coisa meio impossível de acontecer.

— Neythan? Você está bem? — perguntei pensando se devia ou não chegar perto dele, mas por experiência anterior decidi ficar onde estava.

— V-Você... Precisa ir.

— O que? Ir? Pra onde?

— Casa... — disse ele

Ele segurava na cômoda com tanta força que parecia estar sentindo dor, mas não podia ser isso, eu queria ajudar, mas não sabia o que fazer. Ele evitava como muitas outras vezes olhar pra mim. Escutei um barulho e percebi que a cômoda onde ele estava segurando começou a rachar, as coisas que estavam em cima começaram a cair.

— Neythan?

— Vai. Precisa ir embora.

— Mas você...

Entrei em pânico sem saber o que fazer ou falar.

— Apenas vá.

Tive que lutar contra a imensa vontade de ficar, eu queria saber o que estava acontecendo e por que ele estava agindo daquela forma, mas eu acabei saindo, sabia que ele estava se esforçando para não me machucar e estava prestes a perder o controle e se ele me machucasse ficaria chateado com isso. Então a melhor escolha era isso mesmo.

Não por mim, mas por ele, pois sabia como ele se sentia e como se sentiria sobre isso.

Toque De Sedução 2Onde histórias criam vida. Descubra agora