CAPÍTULO 41: CONVERSA

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Depois que terminamos a sessão de filmes eu fui para o meu quarto, como não tinha a menor intenção de dormir sem falar com o Neythan antes, decidi ficar acordada e esperar por ele. Sabia que não era tão normal ele sair à noite desse jeito, e isso poderia querer dizer que ele descobriu alguma coisa. Ele tinha dito que estava bem quando liguei pra ele, mas era normal eu ficar preocupada já que o Burke estava solto por ai e podia armar uma a qualquer hora.

Devo ter adormecido enquanto esperava porque quando acordei olhei no celular e marcava um pouco mais que uma hora da manhã, comecei a discar o número para ligar para o Neythan quando alguém tocou minha mão, eu quase que gritei se não tivesse reconhecido aquele perfume.

— Você quase me assustou! — disse ligando o abajur e me sentando.

— Desculpe! Não era minha intenção. — Disse o Neythan arrumando o meu cabelo

— Onde você esteve? Fiquei preocupada.

— Estava na casa dos meus pais. — Respondeu ele e meu queixo caiu

— Como assim?

— Quer dizer... Passei por lá. Consegui algumas informações sobre o Burke que vão ser importantes.

— Você estava na rua até essa hora? — eu não queria bancar a namorada ciumenta, mas era estranho imaginar ele vagando por ai sozinho de madrugada.

Ele sorriu e me deu um beijo no rosto.

— Não tem que se preocupar com o Burke, ele não vai mais encostar em você. Vou deixar que durma agora. Bons sonhos.

— Espera! Quero ficar um pouco mais com você.

— Não acho que seus pais vão gostar de me ver no seu quarto essa hora.

— Até parece que eles vão levantar por agora. Eles chegaram tarde acho que só vão levantar na hora de trabalhar. Fica um pouco mais, por favor?

— Esse convite me parecesse muito interessante!

Ele se sentou comigo na cama e ficamos conversando baixo no quarto, eu não queria dormir apesar de estar com sono, mas era meio estranho pensar em fazer isso com ele ali, sabia que quando acordasse novamente ele já teria ido embora e não que isso fosse um problema já que ele morava na frente de casa, a questão era que eu queria passar um pouco mais de tempo com ele.

— Sobre os seus pais... Vocês voltaram a se falar normalmente? Achei que você estive magoado ou coisa assim.

— Ela é uma pessoa egoísta, mas ainda é minha mãe. Decidimos recomeçar com calma e vamos ver onde isso vai dar.

— Eu acho isso bom pra vocês. Sei que ela não gosta de mim, mas acho que isso ainda não é um problema.

— É que todo o amor que eu devia sentir por ela não existe. E ela sabe que a pessoa que eu mais me importo no mundo é você.

— Acho que qualquer mãe se sentiria assim. Sei que ela foi muito injusta com você, fez você se sentir como um monstro e não querer chegar perto das pessoas, mas no fundo você é uma pessoa boa e ela quanto qualquer pessoa no mundo sabe disso.

— Eu não odeio meus pais. Sei que fizeram isso para se proteger, quem é que pode impedir uma criança com superpoderes que, com somente um toque pode matar?

— Você não tinha culpa.

— Eu sei. Mas agora quero deixar todos os problemas pra lá, não quero ter mais nada para resolver com eles.

— Acha que o Burke, pode vir atrás da nossa família?

— Não acho que ele tentaria alguma coisa assim, é muito arriscado pra ele.

— Mudando de assunto... Vai ficar aqui até eu dormir?

— A não ser que seu pai apareça antes, ai sou um homem morto. — Disse ele e eu sorri

— Pelo menos você é imortal. Vai voltar à vida rapidinho.

— Se for para ficar com você fujo até do inferno.

Dei de ombros

— Hummm... É? Por que inferno? Não pode ser céu?

— Não acho que iria para um lugar assim.

— Por quê? Por causa do que existe dentro de você?

— Minha natureza é ser mau Mhylla.

— Eu não acho.

—Por que você não quer acreditar. Quando a realidade é chocante demais as pessoas tendem a não aceitar, é o que você está fazendo.

Sentei novamente até conseguir olhar nos olhos dele

— Você é uma pessoa boa, acho que por natureza também. Você não escolheu ser assim. Se você é uma pessoa ruim então eu também sou.

Ele sorriu

— Não conheço pessoa no mundo que seja mais boa que você, a não ser, é claro o Alam. Digamos que vocês estejam quase em uma escala igual.

— Eiii... Não é sobre isso que estou falando. Existe perdão sabia?

— Existe também condenação.

— Existe o bem e o mau. As pessoas erram, mas muitas se arrependem e acho que isso é o que é importante.

— Você acredita nisso?

— Nisso o que? Bem é mau?

— Não! Sobre o céu e o inferno.

Eu não sabia como exatamente responder essa pergunta, eu nunca fui de ir a igrejas e essas coisas, não porque não acreditava, mas sim porque achava que o mais importante era realmente ter fé e não precisava de uma igreja para provar isso, e também que minha família nunca foi de frequentar, então eu não tive esse costume. Se existia o mau, obviamente existia o bem, se existiam demônios eu poderia acreditar que existiam anjos, era mais ou menos isso.

— Eu acho que existe alguma coisa além, mas não sei explicar o que. Depois de tudo o que eu vi nessa cidade, sobre esses poderes e sobre a maldição. Se alguém me contasse que existem fadas eu não duvidaria. Quer dizer mais ou menos isso, sabe?

Ele sorriu e voltou a mexer no meu cabelo, ficamos assim por um tempo até que eu não consegui mais ficar acordada e acabei dormindo.


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