CAPÍTULO 17: BLANCA

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Saímos dali e fomos caminhando para o lado onde ficava o estábulo, eu estava curiosa para conhecer lá, mas não sabia o porquê de ele estar me levando.

A fazenda era grande, mas apesar de tudo percebi que alguma coisa devia estar errada, não tinha muitos empregados para cuidar de uma fazenda daquele tamanho, quase não tinha gados por ali ou qualquer coisa parecida.

— Você percebeu o quanto essa fazenda está...

— Descuidada? Percebi isso. Ofereci novos empregados aos proprietários mais eles recusaram. Realmente é muito ruim ver esse lugar assim. Aqui já teve dias melhores.

— Você disse que conheceu a Melissa aqui. Como foi?

— Um dos avós dela morava aqui. Ela vinha aqui algumas vezes recolher flores. Ela adorava.

— E você?

Ele arqueou uma sobrancelha com um meio sorriso.

— É uma história longa. Logo te contarei.

Chegamos na porta do estábulo e o Alexander parou repentinamente, ele virou-se de frente pra mim e achei que ele esperava que eu dissesse alguma coisa, mas ele acabou dizendo primeiro.

— Depois que ela foi presenteada com isso, ela passou a vir aqui só por isso, ela gostava muito dela.

— Dela? Quem?

— Veja você mesma. — Disse ele abrindo a porta do estábulo.

Fomos caminhando até que chegamos na metade do estábulo, havia só alguns cavalos por ali, ele me levou até uma parte onde tinha duas alas. Eu acabei paralisando quando vi. Vários flashes começaram a surgir na minha mente e eu quase nem conseguia distinguir o que eram.

Ele era lindo, talvez o cavalo mais lindo que eu já vi em toda a minha vida, era branco e tinha uma crina grande e apesar de ser a primeira vez em que tinha visto ele sentia como se já o conhecesse. E o mesmo dele, ele começou a balançar a cabeça pra cima e pra baixo.

— Ele é lindo. — Disse e o Alexander sorriu

— Ela.

— Ah!

Ele sorriu mantendo o olhar nela

— Ela gostou de você, assim como gostava da Melissa.

Mantive meu olhar nela, ela parecia retribuir o olhar, não estava agitada e sim calma, como se ela já me conhecesse e eu já tivesse aprendido a dominá-la.

— Ela era muito apegada a ela, né? — perguntei apesar de já saber a resposta, pois sentia isso. Gostava muito dela e sentia que ela também gostava muito da Melissa.

Passei a mão nela e ela pareceu gostar, sentia que a Melissa tinha amor grande por ela e conseguir ver uma imagem clara dela ali exatamente onde eu estava, mas obviamente muita coisa era diferente assim como o Alexander.

— Consegui lembrar uma coisa da Melissa. Naquela época você era muito diferente. O corte de cabelo, o jeito despreocupado de se vestir... Agora você é mais chique.

Ele sorriu e passou a mão nela também.

— O nome dela é Blanca. Obviamente a Melissa deu esse nome por causa da cor dela. Algumas vezes ela chamava de Lily.

— Lily?

— Lírio. Uma flor.

Dei de ombros, mas não de surpresa, era porque parecia ser algo meio obvio, ainda mais vindo da Melissa, já que ela vivia por ali.

— Ah, ela gostava de flores. Como a Melissa conseguiu a Blanca?

— Dei de presente pra ela. Ela gostava de cavalos, mas não tinha nenhum e a família dela era muito severa e não compravam ou a deixavam ter. Por isso Blanca ficou aqui e Melissa sempre vinha visitar.

— Ela gostava de você? Quero dizer... Não como amizade, mas como...

— Amor? Eu acho que sim. Em algumas vezes. A Melissa teve um grande significado na minha vida. Ela praticamente me mudou e me tornou alguém melhor. Se não fosse por ela, talvez hoje meu coração estivesse mergulhado em ódio e tristeza.

Percebi o quanto ele sofria ao falar disso, apesar de não demonstrar em expressão.

Ele segurou a minha mão e virou-se me levando até o outro lado do estábulo.

Tinha um cavalo lá, ele era preto e lindo, dava medo, mas ao mesmo tempo me fascinava, era sombrio, mas belo, assim como o Alexander. Era o cavalo mais lindo que eu já tinha visto, até mesmo antes de Blanca.

— É o seu cavalo?

— Exatamente.

— É lindo.

Ele pareceu não gostar quando me aproximei e começou relinchar, mas aos poucos foi se acalmando.

— Ele não gosta de mim?

— Ele não gosta que pessoas desconhecidas se aproximem. Tive que contratar um empregado para cuidar somente dele. Mas aos poucos ele vai reconhecer você como sendo a Melissa. Já que são parecidas.

— Qual o nome dele?

— Shadow.

— Hum. Shadow... Como sombra.

— É — Ele disse e deu um meio sorriso, como se lembrasse de uma piada pessoal —, eu gosto, temos algumas semelhanças.

— Espera — Disse, lembrando alguns detalhes importantes — Cavalos podem viver tantas épocas assim?

— Não são cavalos normais. Imortalizei-os.

— Você... Imortalizou cavalos? Sério? Tem como isso?

Eu não podia ver o meu rosto, mas fazia ideia da expressão que estava, pois ele pareceu se divertir com isso.

— O sangue de um original é precioso, não é a toa que tem pessoas atrás disso.

— Eu queria saber a sua história. Como se tornou um original? Como chegou a conhecer a Melissa? Você só contou sobre ela.

— É uma longa história.

— Gostaria de ouvir.

— Não acha que está tarde?

— Não estou com sono — retruquei.

— Ta bom. Acho que você merece saber. — respondeu ele

Fomos o começo do estábulo e sentamos em um banco que tinha por ali. Eu estava louca para poder ouvir a história dele. Queria saber o que tinha acontecido no passado dele.

Toque De Sedução 2Onde histórias criam vida. Descubra agora