CAPÍTULO 18: O PASSADO DO ALEXANDER

295 35 0
                                    

Esperei para que ele começasse a contar, ele pareceu hesitar um minuto como se estivesse escolhendo as palavras certas. Eu sabia que ele não era uma pessoa que se dedicava para ajudar as pessoas totalmente ou que fosse alguém que tivesse o coração tão bom. O Alexander era o tipo de pessoa fria e calculista e ele não fazia questão nenhuma de esconder isso. Pelo contrário, mas também havia pontos positivos nele, além de ser muito sincero e não esconder nada das pessoas, mesmo que isso as magoasse profundamente.

E a partir disso, eu sabia que a história dele poderia acabar não sendo um "conto de fadas" e realmente eu não espera algo do tipo.

— Vou contar desde o começo. Assim você saberá a história completa.

— Tá bom. — Disse

— Quando era criança sempre quis ser um cavaleiro, eu adorava cavalos. Assim como aventura e adrenalina. Eu não tinha medo de nada e sempre estava correndo por todo lugar. Era uma criança muito enérgica. Eu subia em lugares altos e não tinha medo de me machucar. Mas, meus pais odiavam isso em mim, meu pai sempre jogava na minha cara que eu nunca seria um cavaleiro. Os cavaleiros na época vinham de famílias da nobreza e a minha família era só mais uma de milhares de camponeses.

— Foi por isso que disse que nem sempre foi rico? — perguntei e ele acenou em afirmativa com a cabeça e prosseguiu

— Meus pais estavam sempre brigando comigo. eles me odiavam, diziam sempre que eu era uma criança problemática. Meu pai era o mais severo, ele sempre me batia quando chegava tarde em casa por estar me aventurando por ai ou por ter me machucado. Ele me colocava de castigo durante horas e horas e não deixava ninguém me tirar de lá. Mas eu nunca desisti do meu sonho.

"Naquela época conheci um garoto que tinha o mesmo sonho que eu, o nome dele era Max, sempre saímos juntos para escalar montanhas ou coisa do tipo, ainda tínhamos sete anos. Obvio que sempre voltávamos com vários machucados e hematomas. Ele foi a única pessoa em que confiei durante dez anos até que fizesse dezessete. Sempre defendíamos um ao outro quando era necessário, e durante esses anos minha aversão pelos meus pais cada vez mais aumentava."

"Eu conheci uma garota, ela era linda, cabelos longos e escuros e os olhos azuis e hipnotizantes, ela sempre me deixava encantado."

— Ela era parecida com a Melissa? — perguntei

— Era. Ela foi meu primeiro amor. Achava que ela também sentia o mesmo por mim, meu coração sempre batia forte quando a via.

"Deixei meu relacionamento com ela escondido durante um tempo, as pessoas não podiam descobrir, ela fazia parte da nobreza, era filha de um rei muito severo, o único que sabia e me ajudava a encontrá-la era o Max. Mas isso porque ela pedia, porque se dependesse de mim, naquela época, eu teria contado ao mundo inteiro."

"Algumas pessoas naquele tempo começaram a serem queimadas em fogueiras acusadas de serem bruxas ou fazerem bruxarias. Eu nunca acreditava nessas coisas, sempre achava que eram histórias que os pais contavam para assustarem as crianças. Um dia Max me chamou dizendo que ela queria se encontrar comigo, fiquei surpreso, pois não sabia que ela mantinha contato direto com ele, mas fui mesmo assim."

"O local do encontro era um beco, quando cheguei lá Max e ela estavam juntos, ele disse que, o que iria acontecer comigo era para o meu próprio bem. Eles me traíram, apanhei dele e de outras pessoas enquanto ela assistia tudo. Ele me entregou para uma pessoa. Quando acordei estava preso em um lugar escuro com outras cinco pessoas, uma delas era a Sabrina. Estávamos alinhados em uma estrela de seis pontas."

"Aquelas pessoas que planejaram tudo, nos machucaram nos usaram como cobaias para uma espécie de ritual; foi um ritual sangrento. Precisavam do nosso sangue, fizeram uma transfusão usando magia negra. Mas eles acharam que falharam, pois todos começaram a se retorcer de dor e alguns pareciam ter morrido durante o processo. Eles abandonaram tudo e colocaram fogo no lugar. Mas já era tarde, não sabia que tinham tido êxito e que criaram uma raça de imortais. Os primeiros. Os originais. A partir dos originais sugiram os meio-originais, que eram os que vinham de uma linhagem direta do mesmo e a partir dos meio-originais surgiram os Adorm".

"Eu fiquei feliz por ter sobrevivido, mas também com muita raiva, o meu único amigo tinha traído minha confiança com a única garota que eu amava. Eram os únicos em que confiei. Eu pensei muitas vezes em me vingar, muitas vezes mesmo, mas deixei que vivessem juntos deixei que o tempo os castigasse. Como tinha só dezessete anos meu corpo sofreu algumas mudanças; com o tempo até que parei de envelhecer com vinte anos que foi quando todo o poder nas minhas veias tinha atingido o auge. Eu me tornei uma pessoa ruim e estava sempre com raiva, o que favorecia isso. Com o tempo adquiri experiência."

"Fui para longe deles e dos meus pais. Muitos anos se passaram, mas a frustração de ser traído nunca passou. Foi por isso que não consegui confiar em mais ninguém. Você acha que conhecesse uma pessoa só porque convive com ela durante anos, mas está completamente enganado".

"Eu usei esse poder ao meu favor e com ele consegui fazer riqueza, estava longe de ser uma pessoa boa, o ódio estava quase consumindo meu coração até que encontrei a Melissa. Ela mudou minha vida, me tornou alguém melhor, era sincera e tinha o sorriso mais encantador que eu já vi em uma garota, ela ficou ao meu lado e sentia que ela era sincera comigo, podia perceber no olhar, no sorriso e nas batidas do coração dela. Mas não tinha contado a ela sobre o meu poder, ela poderia ficar com medo, então esperei o tempo certo para contar pra ela e dizer que estava disposto a desistir do meu poder para ficar ao lado dela e envelhecer com ela. Eu poderia selar isso dentro de mim."

"Sempre nos encontrávamos aqui nas maiorias das vezes, dei Blanca de presente pra ela e ela adorou, sempre que podíamos nos encontrávamos porque como já te disse Melissa também tinha pais muitos severos. Nesse tempo ela era camponesa e eu já tinha conseguido me tornar um cavaleiro, mas deixei isso de lado porque queria ficar ao lado dela".

"Um dia perdi a paciência, fiquei com raiva e uma pessoa descobriu meu segredo, contaram a Melissa antes de mim e depois disso, ela ficou com medo. Logo após isso você já sabe o que aconteceu. Fiquei com raiva, o ódio me consumiu, pessoas queriam pegar a mim e a Melissa para fazerem pesquisas e estavam dispostos a matá-la para terem o que queriam. Fui atrás dela, e aconteceu tudo o que você já sabe."

— Seu melhor amigo te traiu?

— Isso é o que acontece quando você confia nas pessoas erradas. Ou quando confia demais nelas a ponto de não conseguir ver os defeitos delas.

— Mas... E aquela mulher? Do ritual que Ambre fez. Onde ela se encaixa nessa história? Ela foi o seu primeiro amor?

— Não! Quando fiz aquela maldição estava contando com todas as minhas forças que desse certo. Já tinha ouvido falar, mas não que alguém já teve êxito. Precisa acreditar que a Melissa voltaria pra mim. Alguns anos se passaram e perdi as esperanças até que encontrei aquela mulher, ela não substituía a Melissa, mas ela tinha o coração bom completava um pouco. Depois de alguns séculos, encontrei você, e quando vi a sua marca de nascença tive certeza que você era a reencarnação da Melissa.

— Você tem dificuldade de confiar nas pessoas pelo que aconteceu no passado? Você não tem amigos?

— Pessoas que poderia chamar de amigos não. Tem as pessoas dos negócios, mas é só profissional. Só entro em contato com elas quando se trata de trabalho. Tem a governanta da mansão que também trabalha como emprega lá às vezes. No momento ela é umas das pessoas em que mais confio. Ela é uma imortal vem da linhagem de alguém dos originais que hoje provavelmente está morto por ter selado esse poder.

— Então você... Não tem ninguém?

— Não é verdade. Tenho você. E graças a Melissa hoje consigo ser uma pessoa um pouco melhor. Também tem as pessoas que trabalham na minha casa. São todos de confiança. Estão comigo a um bom tempo.

— Quando fez aquela maldição... Você não morreu não foi? O que fez exatamente?

— Não consegui fazer o mesmo com a Melissa porque ela era humana. Consegui fazer com que todos acreditassem que eu tinha me matado no processo também. Durante aquele tempo vivi escondido até que algumas décadas passassem e as pessoas daquela época morressem.

— Você continua sendo o mesmo Alexander. — Falei, não era exatamente uma pergunta. Era uma afirmação.

— Eh! — disse ele

E continuamos assim, sentados observando a noite, o estábulo e tudo ali fora.

Toque De Sedução 2Onde histórias criam vida. Descubra agora