Contei todos os números consegui até aquele momento passar, e novamente me levantei, seguindo para tomar um bom banho. A sensação da água quente na minha pele levou um pouco do meu desespero, e depois de me vestir confortavelmente, desci até a cozinha, encontrando toda a família reunida na mesa de jantar.
Nós conversamos. Eu comentei sobre meu primeiro dia de aula e sobre como havia sido incrível, mas não estava com muita vontade de dialogar. Eles pareceram perceber isso, pois não forçaram. Meu esforço de todo o almoço foi não olhar para Andrew, mesmo quando sentia seus olhares fumegantes em minha direção.
Depois da sobremesa, eu corri até o quarto para avaliar meu horário. A Educação Física começaria as três, e eu ainda tinha trinta minutos de descanso, que eu julgava não serem suficiente para aplacar meu sono.
Permaneci deitada encarando o teto, enquanto os acontecimentos do dia passavam pela minha mente. Não consegui dormir. Sempre que meus olhos insistiam em fechar, eu me lembrava de como a viagem até ali havia sido maravilhosa, ou como Logan havia sido simpático e amigável comigo mesmo sem me conhecer. E, principalmente, depois de me conhecer. Se ele e Andrew não tinham uma boa convivência seria obvio que ele me afastasse no momento que ouviu meu sobrenome, mas não, ele não fez isso.
Eu não queria ter que abrir mão disso. Eu não iria. Não porque Andrew queria.
Eu também pensei nele. Em como havia fantasiado por tanto tempo sobre minha família e agora que finalmente tinha uma, havia um irmão mais velho no pacote. Nas minhas fantasias, eu sempre tinha meus irmãos mais velhos como protetores e amigos. No máximo, uma pequena briga pelo último pedaço da sobremesa. Agora, um irmão que me odiasse, não, nunca havia estado nos meus devaneios.
Escutei alguém socar minha porta dizendo que era para eu não me atrasar. Ele tentou girar a maçaneta e escutei quando bufou, me fazendo sorrir comigo mesma por ter sido esperta e lembrado de trancar.
Como se fosse adiantar, ele me daria carona minutos depois e eu seria obrigada a vê-lo.
Me levantei à contragosto, e pensei sobre levar minha mochila ou não. Como no horário dizia que a aula seria pratica, decidi vestir uma roupa confortável, e em uma bolsa no closet coloquei o necessário para caso precisasse tomar banho por lá. Desci as escadas com cuidado, pendendo a sacola no meu ombro e encontrei Erin e Charlote brincando. Foi impossível não sorrir ao ver a pequena desenhando e a empolgação da mãe ao ver que ela fazia aquilo sozinha.
-Amelie. Não precisa fica acanhada, você agora é da família. – Erin sorriu pra mim e eu retribui. Escutei os passos pesados de Andrew nos degraus, e meu sorriso diminuiu enquanto eu encarava o chão, o seguindo logo após me despedir.
Eu sabia que nunca seria parte da família, por mais que isso fosse o que eu mais desejasse. Sempre haveria uma barreira invisível impedindo que eu me sentisse a vontade. Essa barreira era Andrew. Ou os olhares de Andrew. Ou seus comentários.
Definitivamente, seus comentários eram os piores.
Eu entrei em seu carro em silencio. Seus olhos se demoraram em mim por pouco tempo antes que ele ligasse o carro e desse partida.
Eu não o encarei durante todo o caminho até a escola. Foi uma tortura, para ser honesta.
Quando Andrew parou o carro, eu desci depressa. Notei que ele fez o mesmo que eu, tão rápido quanto, e acelerei o passo. Percebi que ele ia fazer o caminho até o meu lado, e engoli toda a curiosidade que senti por imaginar que ele poderia ter pensado em se desculpar, e segui em frente sem olhá-lo.
Continuei o caminho pelo corredor retribuindo acenos de algumas pessoas e sorrindo para alguns rostos que vira pela manhã. Ao chegar a quadra, a encontrei cheia, mas eu ainda tinha alguns minutos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O atraso certo (FINALIZADO)
Teen Fiction(Livro 1 da Duologia) Por quase dezoito anos, Amelie viu a vida passar diante dos seus olhos sem que pudesse fazer nada para muda-la. No entanto, em uma manhã de domingo, depois de um acidente que poderia ter acabado com a sua vida, ela vê uma nova...