Minhas duas primeiras semanas de aula foram tão boas quanto qualquer uma poderia ser. Eu descobri que escola na verdade é bem mais do que armários e uniformes, e meus dedos adquiriram calos de tanto copiar matérias. Em contrapartida, eu também nunca havia encontrado tanta gente e conversado tanto com as pessoas ao longo do meu dia como acontecia ali.
Uma das piores partes, com certeza, havia sido tentar me encaixar em algum grupo. E eu descobri como isso funcionava nos intervalos. Quando eu segui com minha bandeja pelo corredor, procurando por alguma mesa vazia, não encontrei absolutamente nenhuma. No máximo, um lugar ou outro vago, porém eu não precisava nem mesmo perguntar se podia me sentar ali. O olhar que eu recebia das pessoas, como se a possibilidade tivesse passado pela minha cabeça, era mais que suficiente para eu dar as costas e fugir daquele tumulto que era o refeitório.
Andrew tinha uma mesa com seus amigos, mas eu nem mesmo reparei se havia algum lugar sobrando, muito menos me aproximei. Péssima ideia.
Levando tudo em consideração, eu podia afirmar categoricamente que as surpresas positivas supriam incomparavelmente as negativas, e logo na minha terceira semana eu já estava acostumada. Já havia perdido a habitual timidez e acenava alegremente para quem quer que falasse comigo. Eu já tinha algumas duplas para as aulas, conversava com as pessoas com menos medo de parecer inconveniente, as coisas seguiam um rumo tão bom que eu tive medo de acordar e voltar para o primeiro dia, onde todos eram estranhos e eu era a estranha mor.
Minha relação com Andrew não era das melhores, mas também não podia dizer que piorara. Nós sempre voltávamos a mesma estaca zero. Quando começávamos a conversar e nos entendermos, ele parecia colocar na cabeça que ser meu amigo não era uma boa ideia e retornávamos ao momento que me dava foras gratuitos.
Eu não forçaria ser amiga de Andrew, mas sentia bem no fundo que faltava pouco, muito pouco, para que alcançássemos tal estagio.
Eu não vi Logan durante todo o primeiro tempo, mas ele compensou quando me encontrou no intervalo com um pacote grande de twix estendido para mim, me fazendo rir. Logan, de repente, havia se tornado uma companhia quase indispensável nos meus dias. Ele havia se tornado minha dupla durante boa parte das nossas aulas juntos, e sempre que possível conversávamos. Sempre tínhamos assunto, apesar de termos gostos nitidamente distintos. Ele me contava sobre seus filmes de super-heróis, e sequer reclamava ou debochava quando eu dizia que gostava de assistir Barbie com Charlote.
Eu via claramente que Andrew não era fã dessa amizade, mas ao menos ele não tentou novamente nos afastar. Em tese, ele próprio que parecia se esquivar ainda mais de mim.
O que era confuso. Eu não estava acostumada à sua bipolaridade, que era um contraste drástico com a calmaria de Logan. No entanto, eu não queria ter que escolher entre os dois, porque, apesar de sua ignorância, eu sentia carinho por Andrew e gostava de sua companhia, principalmente quando ele não achava que eu era algum tipo de inimigo prestes a ataca-lo e resolvia fazer primeiro, me diminuindo tanto quanto podia.
Eu não era idiota e sabia que seus xingamentos se davam mais para me afastar do que realmente me ofender. Isso me serviu bastante enquanto aprendia a ignorá-los.
-Tenho uma festa hoje para ir, é na casa do Daniel. Seria legal se você fosse. – ele comentou enquanto andava ao meu lado. Dei uma mordida no chocolate quando o vi morder o seu também e dei de ombros, sendo sincera.
-Eu não sei se posso, na verdade...
-Peça aos seus pais e me liga. – Logan comprimiu os lábios sem saber se havia dito a coisa certa e eu ri baixinho da sua confusão.
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O atraso certo (FINALIZADO)
Teen Fiction(Livro 1 da Duologia) Por quase dezoito anos, Amelie viu a vida passar diante dos seus olhos sem que pudesse fazer nada para muda-la. No entanto, em uma manhã de domingo, depois de um acidente que poderia ter acabado com a sua vida, ela vê uma nova...