Capítulo 06

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Enquanto procurava pela minha sala, no momento sozinha, eu escutei o sinal soar. Exatamente como nos filmes e histórias. E eu sabia que já deveria estar em classe.

Que ótimo.

Olhando meu papel, descobri que a aula seria na sala dezenove e então corri o mais rápido que pude no meio do mar de alunos. Quando encontrei a porta, puxei o máximo de ar possível, e reunindo minha coragem, entrei tentando não fazer barulho. A visão que eu tive ficaria marcada para sempre na minha mente.

A sala de aula não era em tons de mogno, e a mesa não era redonda, como eu estava acostumada a dividir com as outras meninas. Havia um enorme quadro branco, e não um verde de giz, que me fazia espirrar todos os dias. Também, cadeiras verdes espalhadas, estantes repletas de livros, armários, um mural decorado na parede. Eu reparei em cada detalhe o mais rápido que pude, inclusive no professor de costas para a turma escrevendo algo na lousa. Ele era um homem, não uma das freiras que lecionavam todos os dias.

Logo depois de mim, outro grupo de alunos também entrou, diferentemente, querendo ser notados por todos. Por sorte eu não era a única atrasada, muito menos a última a entrar na sala. Seria uma vergonha.

Segui pelos corredores de carteiras ainda avaliando o ambiente, e assim que encontrei um lugar vago, ajeitei meu livro sobre a mesa. Notei os olhos cansados do professor passarem pela turma que não parava quieta. Ele então me encarou e franziu o cenho antes de sorrir abertamente.

Aquele foi o gancho que ele encontrou para que a turma fizesse silencio.

-Olha só, parece que temos uma aluna nova. – apontou em minha direção e quase como cronometrado toda a turma ficou em silencio. Eu engoli em seco, sem saber o que fazer – Senhorita... – ele procurou algo entre os papeis e quando pareceu achar o que queria franziu o cenho – Abramovitch? – vi quando tentou disfarçar o espanto, e eu sorri sem jeito, dando de ombros – Poderia se apresentar para a turma, por favor? – completou, me encarando com atenção.

Puxei o pequeno pingente da pulseira em minha mão e me levantei, tentando tomar coragem. Dei uma rápida olhada na turma tentando não focar nas risadas e sorri tentando forçar a não parecer uma careta. Também tentei ser rápida, antes que ele pedisse que eu ficasse na frente da classe.

-Eu, hm... sou Amelie. Tenho 17 anos e vim de Clovelly... para cá. – cocei a nuca tentando pensar em algo mais relevante. Encontrei Andrew no fundo da sala e ele parecia igualmente surpreso com o nome da minha antiga cidade, desconhecida por quase todo o mundo. Ele também estava rindo e esperando qualquer deslize meu. Respirei fundo apertando meus lábios e desviei o olhar – Eu estou morando aqui a alguns dias e... – alguém me interrompeu, gritando do fundo da sala:

-É a irmãzinha do Andrew!

Então, de repente a sala era um mar de risos, exceto pelo próprio Andrew, que bufou e soltou um palavrão alto. Forcei um sorriso e dei de ombros, me sentando novamente em meu lugar. Eu não queria desmentir aquilo porque tecnicamente não era mentira, mas não queria dar a parecer que o novo título me agradava.

Logan entrou na sala logo depois que todo o meu constrangimento havia passado e sorriu para mim, se sentando no lugar vago ao meu lado, que na verdade era o único. Ele não pareceu se incomodar com isso enquanto ajeitava sua mochila nas costas da carteira.

Antes que começasse a conversar com ele, senti minhas bochechas queimarem quase como se alguém estivesse me encarando, e virando para olhar o início da primeira fileira encontrei Heather me fitando com seus olhos atentos e raivosos.

Eu não havia feito nada, e todo aquele seu ciúme besta e incabível em tão pouco tempo me fez rolar os olhos e ignorá-la assim como às outras Barbies ao seu redor. Tudo bem, eu estava conversando com seu namorado, mas e daí? Não era como se eu fosse querer qualquer coisa com ele no meu primeiro dia de aula. Nem como se eu tivesse obrigando ele a falar comigo. Ela deveria estar com raiva dele, não de mim.

O atraso certo (FINALIZADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora