THIRTEEN

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Em poucos minutos estavamos parados em frente à porta dupla que dava passagem ao salão principal. E por mais que eu colocasse uma mão na madeira para abri-la, eu não tinha coragem de entrar.
Eu não queria ver a cara que meus amigos e colegas iam dirigir a mim e ao meu loirinho. Não queria chamar a atenção de ninguém, muito menos confirmar os boatos de que Malfoy tinha voltado a ser criança, que com certeza devia ser o assunto principal da noite.
Estava tão focado em minhas divagações que só escutei meu nome ser chamado pelo loirinho quando ele já aparentava estar se irritando. Disse um 'hm' de forma interrogativa para ele, e recebi como resposta uma mão em meu rosto, virando o mesmo em direção a sua própria face.
-Pu que tamo parados aqui na frente dessa pota? Daco ta com fome titio arry, Daco que comê.
Essa frase do pequeno me fez perceber que uma hora ou outra eu teria que entrar no salão principal para comer, o loirinho não ia sobreviver de vento. Então, finalmente, minha coragem Gryffindor deu as caras e eu empurrei a porta e entrei no salão de nariz em pé. Assim que me viram na porta o barulho cessou-se e todos, inclusive os professores, viraram sua atenção para mim e meu acompanhante.
Ignorando a todos segui em direção a mesa da gryffindor, e sentei-me em frente ao Ron e a Hermione. Após estar confortável, sentei o loirinho ao meu lado direito, onde não tinha ninguém. Quando vi que ele já estava arrumado, virei-me na direção dos meus amigos e percebi que os dois também estavam me encarando chocados.
-Que?-Disse-lhes enquanto começava a colocar comida em meu prato. Não sabia o que crianças comiam, então coloquei qualquer coisa que me parecia macia o suficiente para não machucar seus dentinhos.
-Harry...-Hermione começou receosa- O que significa tudo... Tudo isso?
-É, Harry. Dá pra você nos explicar a razão que o doninha entrou no salão no seu colo e agora está sentado em nossa mesa, poluindo nosso ar? Essa doninha albina deveria tá no ninho de cobras à qual ele pertence, e não aqui conosco. Leve-o daqui. Agora Harry
O tom de voz que Ron utilizou comigo podia ser comparado ao de Snape, de tão arrogante que foi. Realmente me surpreendeu, embora eu soubesse que algo desse tipo ia acontecer.
Senti uma mão segurar minhas vestes e quando olhei para o lado vi que era o loiro que estava segurando-as. Coloquei uma mão em cima da dele e logo após senti seus dedos, tremulos, se enroscarem-se nos meus. Olhando para sua face percebi seus lábios tremendo em um quase bico manhoso, e seus olhos brilhando por causa de lágrimas não derramadas. Ele tinha se assustado com o jeito que Ron falou comigo, algo me dizia que ele nunca tinha escutado alguém falar tão alto e de modo mal educado como foi a fala de Ron, e isso tinha o assustado.
Surpreendendo a todos, abaixei-me em direção ao bebê e beijei o topo de seus fios loiros, sussurando-lhe palavras de conforto. Do nada senti um par de mãos em meus ombros me puxando para trás, e logo após vi um vulto empurrando o meu loirinho para trás fazendo-o quase cair de cabeça no chão.
Quando vi o que tinha acontecido levantei-me o mais rápido possível, ajoelhando-me no chão e aproximando-se do meu bebê.
Seu rostinho estava banhado em lágrimas translúcidas que deixavam rastros por sua pele, ele estava tentando levantar, mas por alguma razão não conseguia realizar o seu desejo. Senti uma dor em meu coração com tal visão, era horrível ver o quanto ele tinha machucado-se, chegando ao ponto de não conseguir se levantar.
Coloquei minhas mãos embaixo de suas axilas e coloquei-o em meu colo do modo mais confortável possível.
Draco enrolou seus braços ao meu redor, e encostou seu rosto em meu ombro, molhando toda minha roupa com sua lágrimas. Alisei suas costas e dei diversos beijos em sua cabeça. Tentei acalma-lo com palavras de conforto, mas nada o fazia parar de derramar lágrimas. Uma lágrima era como se fosse uma facada em meu coração.
Quando abracei-o um pouco mais forte, ouvi um som estrangulado vindo de sua garganta e as lágrimas aumentaram.
Separei-me do loirinho e comecei a tirar as roupas dele para ver onde estava machucado. Assim que acabei, virei-o e vi suas costas vermelhas, começando a ficar roxa.
Ele começou a virar devagar e olhou para meu rosto, dando-me visão de sua face. Com a ponta de meus dedos limpei as suas lágrimas, passei meus dedos por suas bochechas e beijei a ponta de seu narizinho, fazendo-lhe dar um sorrisinho.
Quando vi que Draco já estava bem, embora ainda machucado, sentei-o no chão e me levantei, indo em direção ao Ronald, que estava chocado.
Surgiu-me forças, não sei de onde, e peguei-o com força pela gola da camisa, levantando-o da cadeira. Cheguei perto de seu rosto e disse-lhe entredentes e pausadamente:
-Qual. É. O. Seu. Problema? Seu. Idiota. - entre cada palavra eu lhe sacudia, para dar ênfase ao que eu queria dizer.
Na realidade meu maior desejo era socar-lhe a cara até ela ficar irreconhecível.
-Se você não percebeu, Weasley, acabastes de jogar no chão uma criança. CRIANÇA. E não sentes nenhum remorso? Minha vontade agora é de socar-lhe a cara até ela ficar deformada e irreconhecível.
-Criança? CRIANÇA? ISSO não é uma criança, isso é um Malfoy, uma serpente, e você está defendendo nosso inimigo? Você está protegendo-o? O que está acontecendo com você, Harry? A gente deveria estar se vingando do Malfoy agora que ele não pode defender-se.
De tudo que ele falou-me, a única coisa que ficou martelando em minha mente foi "a gente deveria estar se vingando do Malfoy agora que ele não pode defender-se". Eu estava cego de ódio.
Preparei-me para dar-lhe um soco quando senti dois braços agarrarem minhas pernas. Olhei para baixo e vi dois olhos cinzas á me observarem.
-Arry? - ouvi sua vozinha fina me chamando, e respondi-lhe com um simples "hum", enquanto ainda tinha minhas mãos na camisa do ruivo - num biga não, titio Arry. Daco tá bem, Daco num tá machucado não. Daco sabe que se titio Arry bigar, titio Arry vai ficar de castigo. Daco num quer titio Arry de castigo não.
Soltei uma mão da roupa di ruivo, e coloquei-a nos cabelos do loiro, logo após falei ao Weasley alto suficientemente para todos em um raio de 10 metro, no mínimo, ouvissem minhas palavras.
-Eu não quero você perto de mim, muito menos perto do Draco. Fique o mais distante enquanto ele estiver em meus cuidados, e quando ele voltar ao normal eu irei decidir o que fazer em relação a você.
Soltei-o totalmente, aplicando força suficiente para lhe desequilibrar, e me abaixei para pegar meu bebê no colo. Logo após me sentei na mesa novamente, só que dessa vez com Draco sentado entre minhas pernas.
Terminei de colocar minha comida ignorando totalmente os outros alunos, não queria nem ao menos imaginar o que eles estavam pensando. Sentia a bile subir por minha garganta só de pensar.

An Inexplicable LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora