Ás Vezes - D.A.M.A (Concluída)

Capítulo 73

4 ANOS DEPOIS...

Passou tanto tempo. Estou uma adulta agora. Sinto-me relizada, pelo menos socialmente. Acabei o meu curso aqui em Los Angeles e estou na área da gestão de uma empresa de telecomunicações. Se mudei? Estes anos que passaram foram marcados pela diferença. As minhas típicas all star foram substituídas por saltos altos pretos, os meus jeans justos por saias rodadas de todas as cores, as t-shirts largas e camisolas de malha, por blusas leves. O meu cabelo está mais escuro na zona da raiz. Mas as mudanças não aconteceram só fisicamente, também psicologicamente. Cresci em mentalidade, aquela jovem de dezoito anos que corria para chegar às aulas mudou para uma adulta que se correr para não chegar atrasada ainda é capaz de torcer o pé. Quanto à minha mãe, ela acabou mesmo por se casar com o meu pai aqui, em LA. A Leonor teve uma linda menina chamada Luísa. O quão fofo isto é?

Quanto ao Miguel? Bem, nunca mais falei com ele. E se isso me parte o coração? Não parte, porque o meu coração é ele que o tem. Mas hoje em dia tenho orgulho no que ele se tornou. Ele, o Kasha e o Coimbra. Quem diria? Uma banda? Oh sim os famosos D.A.M.A, que apesar de estar nos Estados Unidos tenho seguido tudo o que lhes compete. Eu continuo a manter ligação com o Kasha e o Coi. Mas o Cristo? Nada.

- Teresa? Anda lá! Vais chegar atrasada! - Tatiana fala quando sai da casa de banho.

- Mas tu estás a gozar certo!? Hoje é sábado! - rio.

- Não! - ela vai ver o dia ao telemóvel. - A mãe gozou comigo! Outra vez! - gargalho da sua cara.

Hoje este dia é pior que os outros. Faz quatro anos que saí de Portugal, e nunca mais voltei. Quatro anos que vi, pessoalmente, o homem da minha vida. E este dia é para deprimir.

- Bom, eu vou sair com o Nathan. - ela sorri e eu olho para ela. - Calma, eu ainda amo o Coimbra. Nós somos só amigos. - Esqueci-me de dizer mas eles estão a namorar, finalmente, e por incrível conseguem conciliar a distância.

- Tudo bem. - murmuro  e meto-me debaixo dos lençóis quentes.

***
São duas da tarde e estou a tomar um banho relaxante. Assim que saio da casa de banho enrolada numa toalha caminho até ao quarto e escolho um vestido leve, branco de seda para vestir, juntamente com a roupa interior branca. Uns saltos pretos são colocados nos meus pés. Estico o meu cabelo loiro escurecido nas raizes e como maquiagem apenas rímel.

Saio de casa e ando calmamente pelas ruas de LA. O sol brilhante incide nos meus olhos obrigadondo-me a colocar ósculos de sol. Este tempo em que ando sozinha pelas estadas faz-me pensar no quanto as pessoas mudam. As pessoas não mudam, revelam-se. És capaz de ter razão David. Mas a vida é feita de mudanças, umas boas, outras más. Temos é que saber escolher e se escolher-mos o errado, à que voltar a trás e escolher outro caminho. No meu caso não posso dizer que foi uma má escolha, porque eu cresci, porque eu mudei para mais e melhor.

O mar calmo da praia chama a minha atenção e caminho até à praia. Andei bastante e os meus pés doem. Quem te madou trazer saltos? Boa pergunta David, boa pergunta. Tiro os torturantes sapatos e assim que os meus pés pisam a fina e macia areia uma sensação de paz e liberdade atravessa-me como uma brisa de ar. Caminho ao longo do mar deixando as minhas pegadas ao longo da areia molhada. O som de uma música bastante conhecida começa a soar e olho em redor vendo duas raparigas, provavelmente fãs, a tocar a música ás vezes. Devem ser portuguesas emigradas, como eu.

Sei que ás vezes eu não estou do teu lado, okay
E nem te ligo por estar muito ocupado, está bem
Tu não mereces eu deixar-te nesse estado
Desculpa não ser esse príncipe encantado

A música continua calmamente com a voz suave da rapariga morena e uma vontade descomunal de chorar atinge-me. A parte do refrão chega e eu canto suavemente deixando as ondas levarem a minha voz.

Ás vezes não sei o que queres e digo, okay
Ás vezes não sei o que faço e tu, 'ta bem
Ás vezes fazes de propósito, eu sei
Uma vez não são vezes e eu não digo a ninguém...

- Teresa! - uma voz rouca chama atrás de mim e reconheço instantaneamente a sua voz. Ele voltou?

Rodo sobre a areia húmida e quando os meus olhos caem sobre o corpo ao longe que pronunciou o meu nome não consigo conter as lágrimas ao ver no homem que ele se tornou. Ele está tão diferente. O meu coração quase salta fora do meu peito e as lágrimas rolam cara abaixo como nunca antes tiveram rolado. As minhas pernas ganham vida e largo os sapatos quando o vejo a correr para mim. Corro igualmente e quando finalmente no meu corpo embate no seu toda a minha corrente elétrica se acende. Os seus lábios pressionam os meus com desejo mas principalmente saudade. Entre os beijos posso sentir a nossa mistura de lágrimas. O ar acaba e agarro o seu tronco.

- Miguel, voltaste... - sussurro.

- Eu nunca fui embora. E nunca mais tenciono deixar-te. - ele sussurra igualmente.

- Amo-te.

- Amo-te.

"Ás vezes  quando tudo parece dar errado, acontecem coisas boas na nossa vida que não teriam acontecido se tudo tivesse dado certo"

Fim.

--------------------------------

Olá meus amores. Estou literalmente triste por acabar a fic, mas contente pelo final. Espero que tenham gostado.

LY ♥