Capítulo 9

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Um corpo pesado cai abruptamente na cadeira ao meu lado e um leve cheiro a perfume passa pelo meu nariz. Eu conheço este cheiro, ainda está muito fresco na minha memória de ontem. Viro a cara para encarar o ser que possui  perfume agradável, enquanto o meu cérebro descodifica a quem pertence.

Oh... outra ves não! Cristo! Ainda é muito cedo para rezar. Ele apercebe-se de que eu estou especada a olhar para o seu rosto de frustrado e vira-se para mim com cara de bad boy.

"O que estás aqui a fazer?" As palavras saem da minha boca antes que eu as possa travar.

"O mesmo que tu." Eu não posso estar certa de que ele está em gestão. Ele não está em gestão, sim está, é verdade. A minha boca abre-se para dizer algo rude para ele, mas decido não o fazer e viro-me para a frente.

Isto está-se a tornar perseguição, eu não suporto ser perseguida, muito menos por um rapaz que não se interessa por ninguém. Ele está muito giro hoje. Não consegui desviar o olhar do seu longo corpo meio deitado na cadeira de madeira, e como aqueles calções ficam nas suas pernas morenas. Ele passa as suas mãos pelo cabelo em sinal de aborrecimento enquanto o professor começa a dar a matéria.

Aposto que ele tem um bloco de notas mental, porque durante toda a aula não o vi nem uma vez a escrever. A campainha toca repetidamente e tenho de admitir que podiam ter posto um som mais bonito do que "triiiiiiiiiiiiiimmmmmm", mas no fundo, no fundo estou contente por ouvir o que quer que seja. Estou com quilos de sono e foda-se dormi mal como tudo na noite passada. O rapazinho de cabelos longos estava sempre a aparecer na minha mente, como uma invasão aos meus sentimentos.

"Menina Teresa!" O meu professor de gestão fala antes de eu abandonar a sala e deixar o ser de cabelos perfeitos sozinho. Pego na minha mala e vou ter à secretária onde ele se encontra sentado.

"Sim?"

"Queria falar consigo sobre o trabalho de gestão para expor no exterior da universidade." O que tem a merda do trabalho? Se ele começar a implicar eu vou... "Tenha calma." Ele deve ter reparado na minha expressão facial do meu pensamento sobre o trabalho.

"Está tudo bem." Asseguro-o.

"Tenho ótimas notícias. Estou a adorar a forma como o está a desenvolver. Tente completa-lo o mais rápido possível para eu entregar na direção." Oh meus deus! As aulas começaram nem à dias e eu já estou a ser elogiada.

"Voçê está a dizer que o meu trabalho vai... vai ser..."

"Exato! Exposto! Muitos parabéns." Ele diz e aperta a minha mão.

"Obrigado." Digo e saio da sala. Começo a andar pelo corredor em direção ao café e sinto uma mão quente a envolver-se em volta do meu pulso com um leve aperto. Volto-me para encarar quem quer que seja. O meu primeiro pensamento voou para o "Cristo", mas as diferenças são notáveis quando encontro o Miguel Coimbra.

"Olá. Por aqui?" A sua voz é diferente da dele e não provoca arrepios. Exatamente, arrepios. Tenho sentido isso várias vezes desde que o conheço, o que não é bom sinal.

"É, vou ter a merda da aula de educação física e vou para casa. E tu?"

"Eu também vim às aulas. Queres companhia para um café? Gostava de te conhecer melhor, ontem foi estranho."

"Claro." Entramos no café barulhento e peço uma tosta mista e um café. O Miguel acompanha-me com um sumo de laranja. A conversa está a ser agradável e ele um querido como sempre. Admiro profundamente a sua simpatia.

Ás Vezes - D.A.M.A (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora