O empregado tras o nosso jantar e sorri mais uma vez para mim, com aquele sorriso branco. Mas desta vez o ele não pôs a sua mão grande sobre a minha.
"O que é? Pensava mesmo que ias perguntar isso. E se quiseres saber a resposta, não sou." Isto é possível? Mas que rapaz retardado. O César, como diz na sua bata de funcionário parece confuso e sai da nossa mesa.
"Parabéns para ti."
"E tu és?" A sério, mas a sério mesmo que estamos a falar de virgindade!
"Um pouco constrangedor falar disto enquanto comemos lasanha, não achas?" Ele percebe que estou a ficar um pouco mal com a conversa, mas não pára, ele nunca pára. Se formos numa estrada a cem quilómetros à hora, ele ainda acelera mais, é como juntar gasolina a um incêndio.
"Estás outra vez a mudar de assunto. Responde e pronto custa assim tanto dizeres se és ou não..."
"Tudo bem!" Calo-o e ele parece ter ganho a batalha, para a próxima não ganhas! "Sou." Sussurro e meto um pouco de lasanha na boca para não ter de falar.
"Não percebi." Mas que tédio este rapaz deposita em mim, quilos e quilos.
"Sou virgem." Sussurro novamente e reviro os olhos.
"Não acredito, alguém como tu ainda não fodeu com ninguém?" Mas o que é que eu tenho? Tudo vem para cima de mim agora.
"O que é que tem alguém como eu?"
"Nada, é só... não sei... és bonita e atraente, é um pouco estranho que nenhum namorado teu te tenha levado para a cama." Ah, agora a rapariga que era irritante passou a ser bonita e atraente, foi?
Comemos, e falamos de tudo o possível e imaginário, bem tudo, tudo não pois eu não estou para passar vergonhas ao lado de um Cristo com mentes um pouco poluídas. A sobremesa chega e quando acabamos discutimos, por causa de quem vai pagar a conta. Perco novamente a batalha quando ele diz que se não o deixar pagar é capaz de por a sua mão outra vez na minha coxa, mas dentro do "paninho" ao que ele chama de cueca. Eu agora tenho a certeza de que isto não é definitivamente normal. Não existem assim tantas diferenças entre ti e ele como imaginas. E lá está o vizinho mais uma vez dentro do meu crânio à janela a cuscar o que não tem nada a ver com ele. Sr. Arménio está na hora da sesta, boa noite.
Ao sairmos do restaurante ele abre a porta e deixa passagem para mim. Quando passo por ele, uma grande mão aperta o meu rabo e eu solto um grito. Viro-me para o encarar de olhos arregalados e ele ri como se nada se tivesse passado, ele é sempre assim? A ideia de ele tocar noutras raparigas dá-me náuseas. Ele encosta a sua boca ao meu ouvido dobrando os joelhos para ficar à minha altura.
"Desculpa... não resisti a tal coisa." Dou uma sapatada de leve no seu braço e ele agarra-me pela cintura ficando de frente com ele. Estou a tentar decifrar nos seus olhos o que ele está a pensar, mas parece impossível. Ele baixa-se e um dos seus braços passa para as minhas pernas e outro para as minhas costas levantando-me para o seu colo, dou risadas e abano os pés como uma princesa aflita precisando de ajuda. Ele segue caminho para o carro atrás do restaurante comigo ao colo. Risadas escapam dos seus lindos lábios e eu dou um beijo no seu pescoço quente o que faz com que ele sorria para mim, mas numa questão de segundos o seu sorriso vai-se e ele pousa-me no chão apertando os maxilares e a cerrar os punhos à volta do seu corpo quando dois seres se aproximam de nós.
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Ás Vezes - D.A.M.A (Concluída)
Fiksi Penggemar"Ás vezes quando tudo parece dar errado, acontecem coisas boas na nossa vida que não teriam acontecido se tudo tivesse dado certo" Uma estudante universitária (Teresa) conhece um rapaz (Miguel Cristovinho). Vinda do Porto para Lisboa estudar gestão...