Capítulo 22

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O empregado tras o nosso jantar e sorri mais uma vez para mim, com aquele sorriso branco. Mas desta vez o ele não pôs a sua mão grande sobre a minha.

"O que é? Pensava mesmo que ias perguntar isso. E se quiseres saber a resposta, não sou." Isto é possível? Mas que rapaz retardado. O César, como diz na sua bata de funcionário parece confuso e sai da nossa mesa.

"Parabéns para ti."

"E tu és?" A sério, mas a sério mesmo que estamos a falar de virgindade!

"Um pouco constrangedor falar disto enquanto comemos lasanha, não achas?" Ele percebe que estou a ficar um pouco mal com a conversa, mas não pára, ele nunca pára. Se formos numa estrada a cem quilómetros à hora, ele ainda acelera mais, é como juntar gasolina a um incêndio.

"Estás outra vez a mudar de assunto. Responde e pronto custa assim tanto dizeres se és ou não..."

"Tudo bem!" Calo-o e ele parece ter ganho a batalha, para a próxima não ganhas! "Sou." Sussurro e meto um pouco de lasanha na boca para não ter de falar.

"Não percebi." Mas que tédio este rapaz deposita em mim, quilos e quilos.

"Sou virgem." Sussurro novamente e reviro os olhos.

"Não acredito, alguém como tu ainda não fodeu com ninguém?" Mas o que é que eu tenho? Tudo vem para cima de mim agora.

"O que é que tem alguém como eu?"

"Nada, é só... não sei... és bonita e atraente, é um pouco estranho que nenhum namorado teu te tenha levado para a cama." Ah, agora a rapariga que era irritante passou a ser bonita e atraente, foi?

Comemos, e falamos de tudo o possível e imaginário, bem tudo, tudo não pois eu não estou para passar vergonhas ao lado de um Cristo com mentes um pouco poluídas. A sobremesa chega e quando acabamos discutimos, por causa de quem vai pagar a conta. Perco novamente a batalha quando ele diz que se não o deixar pagar é capaz de por a sua mão outra vez na minha coxa, mas dentro do "paninho" ao que ele chama de cueca. Eu agora tenho a certeza de que isto não é definitivamente normal. Não existem assim tantas diferenças entre ti e ele como imaginas. E lá está o vizinho mais uma vez dentro do meu crânio à janela a cuscar o que não tem nada a ver com ele. Sr. Arménio está na hora da sesta, boa noite.

Ao sairmos do restaurante ele abre a porta e deixa passagem para mim. Quando passo por ele, uma grande mão aperta o meu rabo e eu solto um grito. Viro-me para o encarar de olhos arregalados e ele ri como se nada se tivesse passado, ele é sempre assim? A ideia de ele tocar noutras raparigas dá-me náuseas. Ele encosta a sua boca ao meu ouvido dobrando os joelhos para ficar à minha altura.

"Desculpa... não resisti a tal coisa." Dou uma sapatada de leve no seu braço e ele agarra-me pela cintura ficando de frente com ele. Estou a tentar decifrar nos seus olhos o que ele está a pensar, mas parece impossível. Ele baixa-se e um dos seus braços passa para as minhas pernas e outro para as minhas costas levantando-me para o seu colo, dou risadas e abano os pés como uma princesa aflita precisando de ajuda. Ele segue caminho para o carro atrás do restaurante comigo ao colo. Risadas escapam dos seus lindos lábios e eu dou um beijo no seu pescoço quente o que faz com que ele sorria para mim, mas numa questão de segundos o seu sorriso vai-se e ele pousa-me no chão apertando os maxilares e a cerrar os punhos à volta do seu corpo quando dois seres se aproximam de nós.

Ás Vezes - D.A.M.A (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora