Capítulo 4

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POV Teresa

Mais que raio! Tudo o que eu precisava. Se o meu telemóvel não ligar eu... ah... que alívio liga. Respondo à Leonor para não se preocupar e sigo para o café.

Após andar dez minutos à procura da minha próxima e última aula finalmente dou com o número da porta indicada no meu horário. O problema é que eu tenho a certeza de que já passei aqui pelo menos três vezes.

...

As aulas passam rápido e vou devolta para o apartamento. Está quente, faço um leve almoço, apenas uma sanduíche e um sumo de laranja. Durante a tarde preparo as minhas aulas da próxima semana e durmo um pouco. Aliás, tento dormir, mas pensamentos do rapaz de cabelos claros está em constante movimento na minha mente e tento desesperadamente livrar-me deles.

Como não consigo adormecer e marco o número da minha mãe e ela atende. Conto-lhe como foi o meu dia, mas não falo sobre o que aconteceu. Acabo de desligar a chamada e deito-me com o meu laptop a ver uma série.

Uma chave a entrar na porta faz-me acordar assustada e entendo que afinal acabei por adormecer devido ás marcas de sono no meu rosto. Levanto-me e vou à sala. É a Leonor.

"Olá. Desculpa estavas a dormir?" Ela pergunta e tira uns cadernos coloridos da mala e senta-se no sofá.

"Sim..." Bocejo enquanto respondo e esfrego as costas das minhas mãos nos olhos.

"Que horas são? Oh... que alívio pensei que era mais tarde." Ela suspira depois de olhar para o relógio pendurado na parede. "Tenho muito que organizar."

São apenas cinco da tarde, dormi meia hora no máximo, mas foi o suficiente para recarregar a minha bateria.

"O shopping é longe daqui?"

"Um pouco. Porquê?" Ela tem uma agenda no seu colo e um lápis entre os dedos.

"Não sei gostava de comprar alguma roupa." Ela não tira o olhar do caderno e continua a escrever.

"Boa ideia eu ligo a uns amigos meus e vamos no carro deles."

"Não, deixa estar. Eu vou de metro ou assim." O que eu menos quero é incomodar gente.

"Metro?" Ela parece surpreendida, aqui costumam andar de metro. "Nem penses, vamos com uns amigos meus. Vai-te preparar."

Acabo por aceitar e vou tomar um duche. Demoro algum tempo a escolher o que vestir até que finalmente dou com os olhos num vestido branco que já não pego à algum tempo. Fica mais curto mas não muito calço as sabrinas prateadas e sigo para a casa de banho. Pego na mala de maquiagem da Leonor e passo o rímel. Estico o meu cabelo e passo um batom de brilho nos meus lábios.

"Tere... Teté?" Ela chama do corredor e eu vou ter com ela. "Olha, só vem o meu namorado e outro amigo." Namorado? Ela nunca me tinha falado em namorado.

"Estavas a pensar convidar toda a gente não?"

"Não, bem sim." Gargalhadas preenchem o espaço e eu nao posso deixar de rir mais. De repente tudo fica em silêncio enquanto ela olha para os meus pés.

"O que é? Ah, usei um pouco da tua maquiagem. Não te importas?"

"Não. Vais de chinelos do quarto?" Fiquei confusa. "Não tens saltos altos?"

"Tenho, mas magoam os pés." São tão desconfortáveis, só os usei uma vez. Num casamento.

"Quanto calças?"

"36, porquê?" Não sei o que ela está a pensar, mas não deve ser bom.

"Tenho uns ali. São muito confortáveis, mas não me servem. Esperimenta." Epa tira uma caixa preta do armário e dá-ma para as mãos.

São lindos e estranhamente confortáveis. Os meus pés cabem na perfeição. Por um momento senti-me a Cinderela, mas no lugar da Leonor podia ser um príncipe encantado.

Ás Vezes - D.A.M.A (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora