Capítulo 13 - Monges ou filósofos

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Acordei no dia seguinte e não encontrei Max ao meu lado, isso era extremamente frustrante, arrumei-me e abri a janela, havia uma neblina cobrindo o lago, um dos lagos Meiavi. A neblina cobria parte da floresta gigante, deixando a mostra suas copas enormemente altas. Estava muito frio.

Desci depois de verificar que o quarto de Celandine estava vazio. Eu os encontrei tomando café da manhã, Max sorriu e me estendeu a mão para que eu me sentasse ao seu lado, peguei sua mão e ele beijou a minha.

__Bom dia. – eu cumprimentei Max, Celandine e Neandro, que estava de pé ao lado da mesa.

__Bom dia querida! – Celandine sorriu. __Dormiu bem? – ela perguntou e olhou Max de relance.

__Sim.

__Bom dia jovem Senhora. – Neandro me cumprimentou de forma respeitosa. Isso sempre me causava espanto. O observei com cuidado, não parecia ter mais do que vinte anos, vestia-se como um mordomo e não como um monge. Sua roupa era clara, tinha um paletó fechado, com duas carreiras de botões, e gola curta e arredondada.

Eu bebi um copo de leite com mel e comi algumas torradas, ainda estavam quentes, com geleia de frutas vermelhas. Uma delícia! Como sempre.

Depois do café, fomos ao encontro do Sumo Sacerdote, ele estava em uma sala usada para estudos, suas paredes eram cobertas de prateleiras com muitos livros. Sentado atrás de uma mesa de madeira escura, estava Briseu, ele devia ter uns sessenta anos. Levantou-se devagar e veio ao nosso encontro, usava uma roupa semelhante à de Neandro, só que com uma cor escura. Ele cumprimentou primeiro Celandine.

__Seja bem vinda filha, soube do incidente na estrada. Você está bem?

__Sim pai, obrigada.

__Pai? – soltei sem querer. Fiquei vermelha na mesma hora. Monges podiam ter filhos? Vai saber! Talvez em Atlantis, ser monge não signifique o mesmo que na Terra.

__Tem razão jovem. – Briseu falou comigo, lendo em minha mente o que havia pensado. __Somos mais filósofos do que sacerdotes. Estudiosos da alma, do comportamento humano, estudamos as questões relacionadas à espiritualidade. E para isso precisamos nos isolar, principalmente agora que nosso mundo torna-se mais materialista a cada estação.

__Então, Celandine é mesmo sua filha?

__Sim.

Fiquei em silêncio enquanto ele voltou sua atenção para Max.

__E você meu rapaz? Soube de sua coragem.

__Só fiz o que julguei ser o certo. – Max respondeu com firmeza.

__Entendo. – ele parou e olhou para Celandine, talvez conversando em segredo. __Devido às circunstâncias, acredito que você, talvez queira aprimorar-se na arte do combate, tenho certeza que Hector não se importaria em ser seu instrutor. Já que pretende acompanhar a jovem onde quer que vá.

Max sorriu constrangido, ele realmente havia dito que não seria nada agradável ficar à toa enquanto eu estudava. "O tempo tende a se arrastar quando não temos nada o que fazer, mas se você está ocupado, ele voa".

__Agora minha jovem, venha comigo. – ele pegou minhas mãos e me levou até uma poltrona de dois lugares, onde sentamos. Max e Celandine fizeram o mesmo a nossa frente. __Conte-me sobre você. – ele pediu com gentileza.

__Contar sobre minha vida? Na Terra?

__Sim.

__Não há muito que dizer.

Andirá - a jovem da profeciaOnde histórias criam vida. Descubra agora