Capítulo 18 - Perdida

20 2 2
                                    


VIC


A água era tão fria e escura, mas pude observar as bolhas que subiam. Tentei nadar para a superfície, mas meu ombro fisgou, uma dor lancinante. Eu precisava chegar à superfície ou morreria afogada. Meu Deus! Um wishoc se aproximava. - Não entre em pânico Vic. Eles são inofensivos. Se pelo menos ele pudesse me levar à superfície. Como se ele fosse algum tipo de golfinho de seriado americano! Se liga Vic! Tentei subir mais uma vez e não consegui, senti a pressão aumentar em meus pulmões, o ar me escapava em grandes bolhas. Eu comecei a engolir água e tudo escureceu, senti-me flutuar.

Era noite e eu estava tossindo e tremendo, minha garganta ardia e eu sentia gosto de vômito. Alguém estava tentando tirar minha roupa, ouvi o som do tecido se rasgar. Meu corpo tremia tanto, eu queria falar, mas não conseguia encontrar minha voz, alguém retirou o cabelo do meu rosto. Oh! Meu Deus! Que dor horrível em meu ombro. Alguém me virava de lado, ouvi o som de madeira se partindo e de repente um grito agudo rasgou a noite - meu grito - algo era arrancado da minha carne e queimava como ferro em brasa. Abri meus olhos e vi um par de olhos amarelos me encarando acho que desmaiei em seguida.

Quando abri os olhos novamente havia uma fogueira acesa, o fogo crepitando era reconfortante, tentei me mover, mas o ombro doeu. Eu vi uma sombra abaixada sobre alguma coisa, ele se ergueu e pude ver que era alto e esguio, com longos cabelos. Ele aproximou-se e ajoelhou-se ao meu lado.

__Você está bem?

__Sim. – respondi com a voz rouca. Pigarreei. __O que... Quem é você?

__Eu sou Ekualo, pertenço ao povo Aiesh.

Isso explica os olhos grandes e amarelos. Tentei me erguer e a dor me impediu.

__Fique deitada, ainda está fraca. Eu cuidei do seu ferimento, mas não deve forçar.

__Obrigada. – passei a mão pelo ombro e havia uma bandagem envolvendo meu ombro e imobilizando meu braço esquerdo.

__Você teve sorte, logo estará bem outra vez.

Pensei em Max, eu podia senti-lo. Ele estava sofrendo, deve pensar que estou morta.

__Está com fome?

__Sim. Ele me ajudou a sentar e só então percebi que estava nua. __Minhas roupas?

__Precisei rasgar seu vestido, mas pode usar uma das minhas roupas. – ele então me ofereceu uma calça e uma camisa. __Vou deixá-la se vestir.

Ekualo afastou-se e eu me vesti da melhor forma que consegui com um braço só.

__Tome. – ele me ofereceu uma caneca com um caldo grosso e quente, semelhante a um mingau de farinha de milho. Eu estava faminta, queimei a língua na pressa de tomá-lo. __Calma, não precisa ter pressa.

Eu sorri constrangida e observei o céu clareando aos poucos.

__Está amanhecendo?

__Sim. – ele respondeu e olhou em direção as luzes da alvorada.

__Como me encontrou?

__Você foi deixada às margens do Meiavi por um wishoc, ontem à tarde.

__Um wishoc?

__Sim, eles são seres muito inteligentes, se não tivessem tirado você da água, estaria morta agora.

__Onde estamos? – perguntei olhando ao redor. Eu podia vislumbrar as águas do lago e árvores ao nosso redor.

Andirá - a jovem da profeciaOnde histórias criam vida. Descubra agora