Capítulo 27 - Um plano de fuga

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VIC


No dia seguinte acordei com uma sensação de vazio e fraqueza, Pâmela trouxe-me o café da manhã e obriguei-me a comer. Decidi ganhar tempo, aproveitar a vantagem que eu tinha sobre Caleb, já que ele não conseguia ler minha mente ou perceber minhas emoções, eu poderia enganá-lo.

__Pâmela, pode ajudar-me com o cabelo?

__Sim claro!

__Quero um vestido bonito. – eu disse com determinação. – Quero impressionar Caleb. – Pâmela lançou-me um olhar interrogativo e eu me limitei a sorrir. Ela penteou meus cabelos, fez duas tranças delicadas em cada lado da minha fronte e as prendeu atrás da cabeça e colocou flores brancas semelhantes a pequenos lírios em todo meu cabelo. Eu usava um vestido vermelho, longo e com mangas que iam até o meio do antebraço. Costuras douradas marcavam a cintura alta logo abaixo do busto. Olhei-me no espelho admirando meu reflexo, pensava no que estava prestes a fazer e se daria certo.

Segui até a sala de Caleb e bati, ouvi vozes de soldados e sua voz forte mandou-me entrar no momento em que eles saíram pela outra porta.

__Entre Vic. – eu passei pela porta devagar e não olhei de imediato para ele, segui de cabeça baixa até o meio da sala, estava trêmula e tinha medo, só então ergui meus olhos encarando-o. Notei sua surpresa, na verdade, quase pude senti-la. __Não pensei que fosse me procurar, pelo menos não agora, achei que estivesse magoada comigo.

__Não será mais o meu Mestre? – perguntei com naturalidade. __Ou já me ensinou tudo que sabe?

__Não, claro que não. – ele disse com os olhos muito abertos.

__Não? Não me ensinou tudo ou não será mais o meu Mestre? – eu perguntei sorrindo.

__Victória! – ele repreendeu-me, mas não estava realmente bravo. Pude vislumbrar um pequeno sorriso se formando em seus lábios.

__Então teremos aula hoje?

__Sim claro, espere-me no pátio aberto.

Tentei ser o mais atenciosa e perfeccionista que pude, ouvia com atenção e tentava ser gentil e não demonstrar tristeza ou insatisfação. Caleb parabenizou-me antes de terminar a aula e me deixar sozinha. Voltei ao meu quarto exultante, agora eu precisava procurar Bianor, bati em seu quarto após ser informada que o ancião não estava se sentindo bem. Eu o encontrei sentado em sua poltrona, na varanda de seu aposento, com o olhar vago em direção a Bae Môr.

__Ancião? – eu o chamei, receosa, ele piscou tentando esconder as lágrimas, mas falhando em esconder suas emoções que me atingiam em ondas.

__Olá minha querida. – ele sorriu.

__Eu pensei em conversarmos um pouco, se não for incomodá-lo.

__Não querida, não é incômodo nenhum, pelo contrário. – ele então estendeu as mãos e eu as segurei enviando-lhe o meu afeto e tentando aliviar a dor em seu coração. Depois de alguns momentos, ele sorriu novamente.

__Obrigado.

__Eu gostaria de poder ajudá-lo mais. – eu disse sentando-me aos seus pés.

__Não há como, eu cometi muitos erros e o primeiro foi acreditar que podia viver sozinho. Que Malie poderia crescer independente das outras cidades.

Andirá - a jovem da profeciaOnde histórias criam vida. Descubra agora