Capítulo 15 - O ataque

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Noventa dias haviam se passado. Eu já conseguia ler os livros sozinha, eu podia dizer o nome das plantas, das árvores e das ervas e sua utilização. Aprendi a preparar óleos essenciais, unguentos e pomadas. Eu às vezes me sentia uma bruxa em um livro infantil, fazendo poções e usando cristais coloridos. Brincadeiras à parte, eu estava aprendendo muito, quando Max chegava a meu quarto, dolorido por ter treinado o dia todo, eu colocava em prática minhas técnicas de cura. O que quase sempre acabava em beijos apaixonados. Max estava mais forte, seus braços, seu peito e abdome estavam cheios de músculos. Ele fazia exercícios constantes, olhar para ele me fazia perder a concentração.

Um dia eu estava treinando minha capacidade de telecinese e Briseu queria que eu erguesse pequenos objetos que ele colocou sobre a mesa. Uma taça, um livro e uma ametista do tamanho de uma noz, mas a única coisa que eu conseguia era pensar em Max e suas mãos. Ele andava muito ousado, ultimamente suas mãos exploravam meu corpo enquanto me beijava, enlouquecendo-me.

__Acredito que hoje você não conseguirá concentrar-se na atividade Victória. – disse Briseu. __Não com o que tem na cabeça.

Fiquei vermelha até a raiz dos cabelos, senti uma fúria repentina e o livro foi lançado pela janela.

__Eu gostava daquele livro. – disse ele calmamente.

__Pode me ensinar uma coisa? – perguntei de pé a sua frente.

__O que deseja aprender? – ele riu.

__Quero evitar intrusos em minha cabeça.

__Com uma condição. – ele disse.

__Qual?

__O jovem guerreiro não deve dormir com você enquanto durarem os seus estudos.

Trinquei os dentes, ele ia me tirar a melhor parte do dia. Eu já não via Max com a frequência que eu desejava, ainda teria que dormir sozinha? Não fazíamos nada mesmo.

__Sei que não fizeram... nada. Ainda! – ele tentou conter um sorriso. __Mas ele a distrai.

__Tudo bem! Eu concordo, mas tem que me ensinar como bloquear até mesmo você.

E assim Max e eu passamos a nos ver menos ainda, tanto ele quanto eu fazíamos meditação todas às noites. Eu precisava aprender a bloquear minha mente e também a ler a dos outros.

O inverno estava no fim, em Atlantis as estações duravam bem mais que na Terra. Eu já estava no Mosteiro a quase cento e trinta dias, toda aquela luminosidade excessiva causada pela neve foi diminuindo aos poucos. Eu já conseguia ler outras mentes e uma das minhas tarefas era conversar com os outros monges sem usar a voz, Neandro era o que mais falava comigo, estava sempre perguntando sobre a Terra ou sobre Max e eu. Eu tentava ser discreta e não deixar que ele lesse coisas muito íntimas. Ele queria sempre saber o que eu já era capaz de fazer. Aprendi a controlar a temperatura do corpo e como Celandine, eu já não precisava de dúzias de roupas para me aquecer, eu podia usar meus vestidos sem morrer de frio.

Um dia estava tentando erguer uma cadeira de madeira e eu não estava conseguindo.

__Concentre-se Vic. – disse Briseu. __Você pode!

__Não consigo, estou cansada! E com calor. – meu corpo gerava tanta energia que eu sentia um calor constante.

__Vamos até o terraço. – disse Briseu levantando-se e caminhando até o grande terraço que saía de sua sala. Era voltado para o lago e para o pátio interno do Mosteiro, onde Max e os outros guardas treinavam.

Andirá - a jovem da profeciaOnde histórias criam vida. Descubra agora