Capítulo 14 - O treinamento

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Meu treinamento começou no dia seguinte. Pela manhã, Briseu e eu permanecíamos em sua sala, debruçados sobre livros cheios de histórias sobre os Atlantes. Eu estudava também Geografia, Anatomia e principalmente a língua Atlante, muito semelhante ao Grego. Não que eu houvesse estudado Grego antes, mas eu me lembro de ter visto algumas palavras em fotos de museus e paisagens da Grécia.

À tarde eu estudava com Celandine, ela me falava das ervas e seus óleos essenciais, o poder de cura das plantas, os Cristais e suas cores, a Cromoterapia e os Chacras energéticos.

Às vezes pensava em minha família, o que será que eles estariam fazendo? Estariam preocupados comigo? Então me sentia triste, Celandine e Max me ajudavam a melhorar. Outras vezes eu me imaginava voltando para casa, será que continuaria sabendo usar tudo que eles estavam me ensinando? Eu seria uma espécie de curandeira? Como meus pais aceitariam essa nova Vic? Mas a simples ideia de deixar Max me fazia sufocar, eu não poderia deixá-lo.

Briseu conversava comigo sobre guerras passadas, na época de Atlantis e sobre as guerras que aconteceram na Terra e ainda aconteciam. Sinceramente, eu nunca me interessei por guerras, na escola estudava o que era necessário para passar de ano. Tantas dores e sofrimentos, tragédias que poderiam ser evitadas se as pessoas se amassem. Por que a natureza humana era tão destrutiva?

Ele também me falava das experiências genéticas realizadas naquela época e as consequências. Me fazia questionar até que ponto certas pesquisas científicas que ocorriam na Terra não se assemelhavam ao que fizeram os Atlantes, transgênicos, clonagens, não estaríamos caminhando para um futuro sombrio também. Afinal, os cientistas começam com boas intenções e no fim estragam tudo. Energia nuclear, uma nova fonte de energia, uma forma de tratar o câncer, mas também uma arma poderosa. Quem sabe o que faríamos a seguir.

Max treinava com Hector e os outros homens da Guarda do Mosteiro. À noite estávamos tão cansados que mal conversávamos. Encontrávamo-nos a hora das refeições e ficávamos pouco sozinhos e só tínhamos a noite para ficarmos juntos.

Uma vez a cada sete dias, nós tínhamos uma folga, seria o domingo deles. A contagem do tempo era baseada em Iti, o sol deles, e o tempo que Atlantis levava para completar uma volta ao seu redor, muito semelhante à Terra, porém levava mais dias, fazendo com que o ano fosse maior. Consequentemente as estações também eram mais longas, o planeta em si, era maior que a Terra e ainda existiam locais desabitados pelos atlantes.

Nos dias de folga passeávamos e brincávamos na neve que cobria tudo ao nosso redor, era tão branco, meio azulado. Uma vez descemos ao lago e pude ver parte da floresta das árvores gigantes, que fiquei sabendo chamar-se Ogden.

Havia um portão na parte sudeste do Mosteiro, nada muito grande, uma porta na muralha onde uma pessoa podia passar a pé. Era possível descer uma escada íngreme até o lago. Eu havia feito o percurso com Celandine e um guarda, ela queria testar meus conhecimentos, encontrar plantas que pudessem ser usadas na alimentação e no preparo de remédios, mesmo com toda a neve, eu consegui encontrar algumas.

Max e eu aproveitamos a nossa folga para visitar o lago de águas escuras.

__Deixe-me ajudá-la. – ele me deu a mão e desci os últimos degraus.

__Max, olhe o mosteiro como está alto. – ao olhar para trás percebi o quanto havíamos descido. O pátio interno e sua amurada sobre o penhasco, acima do lago, estavam a uns trinta metros acima de nós, ou mais.

__Tem razão, é alto mesmo. – disse Max com a cabeça voltada para cima. Não resisti e fiz uma bola de neve e o acertei. __Sua... Você só queria me distrair!

Andirá - a jovem da profeciaOnde histórias criam vida. Descubra agora