Capítulo 25 - Beltane

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VIC

Antes de seguir para meu quarto, percorri mais uma vez os corredores daquela enorme construção. Tudo estava em silêncio e na mais completa escuridão, eu passava as mãos pelas paredes, desanimada e imaginando quando Caleb me permitiria deixar Malie. Nunca, talvez. Ele deixava claro que acreditava em minha conversão. Poder! Era o que ele valorizava.

Meu coração estava doendo de saudade de Max. Eu encostei-me a uma parede coberta por uma tapeçaria e a senti mover-se. Encontrei uma porta escondida sob a tapeçaria, abri receosa e o que vi me deixou esperançosa, uma escada levava a algum lugar sob o castelo. Desci as escadas com muito medo, não fiz ruído e não produzi luz para não chamar atenção.

O que eu descobri foi uma espécie de masmorra, uma série de corredores e celas de pedras. Andei por ali por algum tempo, encontrei um sistema de escoamento de água, vários canais e bueiros grandes o suficiente para passar uma pessoa. __Onde será que isso vai dar? – me perguntei imaginando fugir através de um deles. De repente senti um medo enorme que Caleb pudesse ler meus pensamentos. Voltei ao meu quarto e logo a manhã chegou e lá passei o meu dia, saí somente para as refeições, que fiz em companhia de Bianor e não encontrei Pâmela até que ela apareceu no fim da tarde.

__O Comandante pediu-me para ajudá-la a se vestir para a festa.

__Obrigada Pâmela.

Tomei um banho, tendo a ajuda de Pâmela para lavar meus cabelos. Lembrei-me do sonho e resolvi verificar se deu certo.

__O que você fez hoje? – perguntei enquanto ela secava meus cabelos.

__Hã? Cuidei de suas roupas senhora e depois ajudei na cozinha um pouco.

__Não a vi o dia inteiro. – falei e ela parou para me dar atenção.

__Precisou de algo Senhora? Por que não mandou me chamar?

__Não, eu não precisei só queria te perguntar se você sonhou comigo esta noite?

__Sim. – ela parou de mover a toalha sobre minha cabeça. __Como sabe? – eu comecei a rir.

__ Lembra o que sonhou?

__... – ela não respondeu. Ficou com a boca aberta, olhando-me assustada.

__Você sonhou com flores! – eu disse sorrindo.

__A senhora fez aquilo?! – ela estava triste, decepcionada.

__Desculpe-me Pâmela. – me senti horrível vendo a expressão de tristeza na moça. Como eu pude esquecer o quanto me sentia chateada toda vez que Max e seus pais invadiam minha mente e liam minhas emoções? __Perdoe-me, Caleb mandou-me escolher alguém para treinar e eu só conheço você.

Ela não disse nada, foi em busca de um vestido no baú grande que havia aos pés da minha cama. Ela aproximou se com um vestido verde, longo, com mangas compridas e um decote em vê nas costas, era coberto por delicados bordados dourados.

__Perdoe-me Pâmela, por favor, não tive a intenção de magoá-la.

__Está tudo bem jovem Senhora, sei que o Comandante é um homem persuasivo.

__Eu não tive escolha. Na verdade, cheguei a pensar em Bianor, mas seria muito constrangedor invadir os sonhos de um senhor.

__Seria mesmo. – ela enfiou o vestido sobre minha cabeça e puxou as fitas amarrando-as devagar num laço bem feito em minha cintura. Então ela penteou meus cabelos em uma trança e fez-me olhar no espelho grande da parede.

Andirá - a jovem da profeciaOnde histórias criam vida. Descubra agora