Kelly ficou com uma expressão aterrorizada por alguns momentos, provavelmente porque eu e Hannah estávamos emanando desespero.
Não, Kelly não tinha a mesma habilidade de se aproveitar das auras de outras pessoas, mas seres humanos comuns as vezes conseguiam absorver auras sem nem sequer perceber. As vezes quando você se encontra em um lugar e está rodeado de pessoas felizes, você se sente feliz apenas estando ali. Ou num lugar em que uma pessoa esta estressada, você acaba se estressando também. Ou numa situação onde alguém está com medo, você acaba refletindo esse medo sem mesmo saber o porquê.
Aquilo devia estar acontecendo com Kelly. Tanto eu quando Hannah estávamos aterrorizadas pela mulher no espelho.
Mas então Kelly deve ter pensado que estava sendo estúpida, pois se livrou das minhas mãos que seguravam seu rosto, impedindo que olhasse para o espelho, e me olhou com desprezo.
— Ah, por favor... Vocês acham que podem me assustar assim?
— Kelly, não olhe para o espelho, por favor...
Kelly me lançou um olhar raivoso e olhou diretamente para o espelho, vendo a mulher. No mesmo momento, soltou um grito fino de puro medo, mas seu grito se tornou um engasgo doloroso.
Pude vê-la cair de joelhos no chão, encarando o espelho, com as mãos no pescoço e pude ver também uma lágrima de sangue cair de seus olhos.
Se eu não acabasse com aquilo logo, Kelly iria morrer. Por mais que eu não gostasse dela, que tipo de pessoa seria eu se deixasse alguém morrer desse jeito bem a minha frente sem fazer nada?
Puxei Kelly para dentro de um dos banheiros e fechei a porta, cortando todo e qualquer contato que ela pudesse ter com o espelho. Assim que a porta se fechou, pude ouvir ela recuperar a respiração.
Mary me olhou com suas órbitas vazias, parecendo poder ver minha alma, e caminhou calmamente para a porta do banheiro, a abrindo fazendo com que o reflexo de Kelly reaparecesse no espelho.
A garota voltou a chorar sangue e eu tentei fechar a porta novamente, sem ter sucesso.
— Liz, o que a gente vai fazer? —Hannah perguntou, assustada e respirando pesadamente
Olhei para ela, para Kelly e para o espelho tomando a única decisão possível naquela hora. Mary não iria dar atenção a mim, nem às minhas tentativas de expulsá-la daquele lugar, então precisava da atenção dela.
Corri até o espelho e olhei em meus próprios olhos, me arrependendo do que iria fazer em seguida.
— Bloody Mary, Bloody Mary, Bloody Mary.
Os engasgos de Kelly pararam novamente e tudo ficou silencioso. Não queria olhar para os lados, mantive meu olhar preso aos meus próprios olhos no espelho, quando de repente, uma dor surgiu na parte de trás dos meus olhos e comecei a me sentir estrangulada.
Pus as mãos no pescoço e olhei para o meu lado direito, encontrando Mary ali, parada, sorrindo para mim.
Olhei novamente para meus próprios olhos e vi a gota de sangue escorrendo deles.
Lutei contra a sensação de estrangulamento e a dor no fundo dos meus olhos, e encarei Mary.
— Saia daqui. —falei com todo poder que pude colocar na voz, mas nada aconteceu
Mary pareceu rir e inclinou a cabeça como se fosse divertido me ver daquele jeito.
A dor aumentou e senti como se meus olhos estivessem sendo retirados do meu rosto.
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Medium (Concluído)
Mystery / ThrillerS.M. e S.F. -Pessoa que, segundo o espiritismo, tem a capacidade de se comunicar com os espíritos, com pessoas que estão mortas. P.ext. -Pessoa que, supostamente, possui dons ou capacidades para perceber ações, situações ou coisas sobrenaturais. ...