Capítulo 42-Os Primeiros Planos(Part. 4)

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Eu estava com Éter na beira de um precipício. Eu não podia ver onde a queda me levaria, tudo que eu via era escuridão. As palavras de Éter ainda rondavam minha cabeça, mas eu já havia me contentado com elas. Não era como se houvesse muito a se fazer.

Tome cuidado, criança. Minha irmã não é muito boa. Ela é feita de angústia e tristeza. Oizus não será tão gentil em sua passagem pelo plano como eu e Nix fomos. Assim que passar por ela, você irá poder voltar para o seu plano. Quando estiver voltando, não se preocupe, eu e Nix guiaremos seu corpo para o lugar de onde você veio lá. Boa sorte... Elizabeth.

O encarei, notando que ele havia usado meu nome, e ele sorriu. Engoli em seco e olhei para baixo, desejando ter um meio mais fácil de fazer aquilo.

Sacudi a cabeça e pus uma expressão séria no rosto, ficando na beirada do penhasco. Lentamente, forcei meu corpo a fazer peso para frente, me fazendo cair. Me virei no ar, olhando para o céu azul acima de mim e vendo Éter planando e me olhando, com suas asas brilhando na luz do sol. 

Não demorou muito para tudo que eu visse fosse escuridão. Podia sentir que ainda estava caindo, mas algo parecia diferente. O vento era forte naquele lugar, e, ao mesmo tempo que sentia o vento bater nas minhas costas pela queda, sentia rajadas violentas me atingindo pelos lados, fazendo com que minha descida fosse completamente descontrolada e me arrastando para todos os lados.

Aquilo não fazia sentido. O vento deveria ir apenas em uma direção, mas aqueles ventos pareciam vir de todas elas como se tivessem vontade própria. Eram frios e faziam com que eu quisesse voltar para Éter e me aconchegar em uma lareira.

Me virei de barriga para baixo e notei o chão chegando cada vez mais perto. Lá embaixo havia um campo aberto que se estendia por todo horizonte. O chão parecia ser formado por pedras negras como carvão e areia preta. Haviam árvores mortas em alguns pontos do campo, todas tortas e sem folhas, com galhos secos. A sensação de calma que sentia por ter estado com Éter ia se esvaindo rapidamente só de olhar para aquele local. 

Foi então que eu me toquei que eu ainda estava caindo. Nenhum ser havia vindo ao meu socorro ainda para me pegar antes que eu atingisse o chão. Meus olhos se arregalaram e eu comecei a me mover desesperadamente enquanto o chão chegava mais perto.

Peguei o cajado, que eu havia transformado novamente num punhal, e o fiz voltar a sua forma original, tentando pensar em algum jeito que ele poderia me ajudar ali. Quis que ele se transformasse em um paraquedas, mas acho que não era assim que ele funcionava.

Assim que percebi, já tinha atingido o chão.

Os ventos que me atingiam haviam feito minha velocidade diminuir, mas não foi o suficiente para que a queda não tivesse consequências. Eu havia posto meus braços na frente do rosto para protegê-lo, mas uma rajada de vento me fez inclinar um pouco, me fazendo cair por cima do meu braço. A dor que me atingiu foi intensa o suficiente para me fazer gritar. Sentia que havia deslocado ele.

Fora isso, as pedras que estavam no chão eram tão pontiagudas quanto facas. Minha pele foi cortada em inúmeros lugares, fazendo meu sangue jorrar e dar cor àquele cantinho de imensidão negra.

Senti minha cabeça rodar por um momento pela dor que eu sentia e grunhi algo que nem mesmo eu saberia dizer o que foi. Rolei nas pedras pontiagudas, fazendo com que minha pele fosse furada em diversos lugares e minha roupa fosse rasgada. Tentei me levantar mas acabei usando o braço deslocado o que me fez cair de cara nas pedras e gritar. 

Prendi a respiração e pus o braço ruim contra meu corpo e usei o outro para fazer força para levantar. A palma da minha mão sangrava, mas eu não tinha tempo para me preocupar com isso. Eu tinha que achar a saída daquele lugar. 

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