Capítulo 40-Os Primeiros Planos(Part. 2)

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ELIZABETH

Abri meus olhos, tentando entender o que estava acontecendo a minha volta, mas não tendo sucesso nisso.

Eu estava boiando em águas calmas que refletiam as estrelas do céu negro. Não conseguia ver o horizonte. Não sabia dizer por quantos metros ou quilômetros a porção de água na qual eu me encontrava se estendia.

Percebi que em minhas mãos estavam os dois pedaços do cajado, um em cada mão. Aquilo era o plano de onde o cajado tinha vindo?

Seja bem vinda, Amonet.

A voz feminina que pronunciou essas palavras vinha de cima, como se as estrelas estivessem falando comigo. Franzi o cenho, tentando ver alguém ao meu redor enquanto me mantinha deitada boiando na superfície da água.

Nada. Não havia ninguém.

Vejo que seu cajado foi quebrado. Muito descuidados, vocês mortais. Deveriam ter mais apreço aos seus objetos. Principalmente aqueles que lhes foram dados como presente. —a voz voltou a falar

— Foi você que fez o cajado? —perguntei, ainda tentando achar alguém

De fato! Eu fiz o seu cajado e o de seu amante. Duas das peças mais poderosas de todos os planos, devo dizer. —a voz se gabou, orgulhosa de seu feito

— Poderia consertá-lo?

Assim que me pronunciei, tudo pareceu silencioso. Engoli em seco com o silêncio que se instaurou e me perguntei se havia falado alguma coisa errada.

Foi então que não pude acreditar em meus olhos. O céu negro e estrelado passou a tomar forma e em poucos segundos pude ver uma figura planando acima de mim. Era uma forma feminina gigante feita de estrelas. Seus olhos eram como supernovas brilhantes e suas asas que a mantinham no ar pareciam ser feitas de galáxias. O longo vestido que usava era formado por nebulosas de todas as cores-verde, roxo, amarelo, azul, rosa, entre outras lindas cores. Sua pele era salpicada de pequenas estrelas e em uma de suas mãos havia um cajado de metal negro e brilhante. Seu cabelo balançava como se ela também estivesse boiando na água como eu, e milhões de estrelas e cometas se agitavam nas madeixas negras.

Minha respiração parou ao vê-la. Ela era a criatura mais linda e majestosa que eu já havia visto em toda minha existência. Me sentia pequena aos pés dela, e ela olhava para mim com autoridade.

Você quer que eu conserte seu cajado? —ela falou, e eu percebi que seus lábios não se moviam

— Ahn... Sim... Por favor.

Você sabe quem eu sou, Amonet? Eu sou a dona deste plano. Eu sou o plano. Você está flutuando em minha essência agora mesmo. Isso é apenas uma forma vagamente física para que você possa falar comigo "cara a cara". Mas eu sou muito mais que isso. Eu sou o verdadeiro Primeiro Plano.

Franzi o cenho e encarei as supernovas em seus olhos com atenção.

— Primeiro Plano? Mas o Primeiro Plano é o meu. O dos mortais, digo.

Não, minha cara. Vocês escolheram acreditar que o plano em que vocês vivem é a primeira camada. Mas não é. Vocês são o quarto plano, a camada mortal na qual as outras mais baixas se espelham para criar seus ambientes. Existem três planos acima de vocês, mas vocês nunca puderam os ver.

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