Morte flutuou rapidamente até nós e nos tocou. As mãos dela queimavam em meu braço, me fazendo gemer de dor e fechar os olhos. A sensação de ter brasas em meu braço parou subitamente e eu abri os olhos, notando que estávamos em um local diferente.
Ao meu redor eu via areia. Um vale de areia sem fim, com um céu cheio de estrelas acima de minha cabeça. Porquê a morte havia nos trazido a um deserto era um mistério. Não via como aquilo poderia nos ajudar contra Lúcifer, ou dar alguma explicação para o que ela havia dito.
— Há uma razão para estarmos aqui... —ela disse, como se pudesse ler meus pensamentos
Olhei para a entidade, vendo sua forma tremular com o vento do deserto, como se ela fosse um holograma. Seu rosto pálido e seus olhos negros refletia o brilho das estrelas e a tornavam ainda mais atemporal. Naquele momento ela poderia ter vinte anos, ou até mesmo mil, e eu não saberia dizer.
Lentamente ela levantou a mão, apontando para um lugar atrás de mim e Sebastian. Nos viramos para olhar o que ela apontava e me surpreendi ao ver duas figuras sombrias andando ao longe no deserto. Uma das pessoas que caminhava, segurava uma tocha em uma das mãos.
Só quando eles começaram a se aproximar mais eu percebi alguma coisa estranha. Não era uma tocha, e sim, fogo puro que ele carregava em sua mão. Arregalei um pouco os olhos e olhei para a Morte, me perguntando o que ela queria ali com aquelas pessoas. Ela apenas deu um sorriso sombrio e movimentou a cabeça fazendo um gesto para que eu continuasse olhando.
Me virei novamente para eles e observei mais atentamente.
Eles carregavam grandes "sacos" em suas costas e olhavam continuamente para trás, como se estivessem se certificando de que estavam sozinhos. Resolvi caminhar até eles para poupar o tempo de esperar que eles chegassem perto. Sebastian me seguiu.
Ao chegar perto, parei abruptamente e arregalei os olhos.
Na minha frente, estava um casal de andarilhos. E os dois eram iguais a mim e a Sebastian. Cópias idênticas de nós. Prendi a respiração ao ver os olhos azuis de Sebastian naquele homem, notavelmente mais velho que o meu Sebastian, sendo iluminados pelas chamas do fogo que carregava em sua mão. O fogo parecia flutuar em sua mão, nunca tocando a palma dele,
Olhei para a mulher, vendo a mim mesma mais velha. Ela tinha as feições duras mas podia ver com clareza em seus olhos um brilho diferente, cada vez que olhava para o lado para olhar para o homem que a acompanhava. Por algum motivo, podia até dizer o que ela estava sentindo. Os olhos dela mostravam a paz que ela sentia, mesmo em meio a aquele deserto , só por ter a companhia dele.
Mas não eram só os olhos dela que me diziam isso. Alguma coisa dentro de mim havia sido agitada, e eu podia sentir aquela paz que ela sentia como uma lembrança de um sentimento real.
Assim que o casal nos passou, olhei para Sebastian, assustada, e vi que ele não estava muito diferente de mim. Olhamos para a Morte e ela soltou uma risada fraca.
— Estes são Anpu e Amonet. Os primeiros de sua raça. —ela falou
Pisquei algumas vezes, confusa.
— Eu... Eu não entendo. —murmurei
Morte veio até nós e senti novamente o arder das mãos dela em meus braços. Quando me dei conta, estava novamente na sala do trono, mas havia uma diferença dessa vez. Duas figuras fantasmagóricas flutuavam dos lados do trono. Eu e Sebastian com roupas de caráter egípcio.
A Morte se sentou em seu trono e apontou para a figura de Sebastian que flutuava a sua esquerda.
— Anpu, o natimorto. Mago egípcio muito poderoso.
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Medium (Concluído)
Mystery / ThrillerS.M. e S.F. -Pessoa que, segundo o espiritismo, tem a capacidade de se comunicar com os espíritos, com pessoas que estão mortas. P.ext. -Pessoa que, supostamente, possui dons ou capacidades para perceber ações, situações ou coisas sobrenaturais. ...