Haviam se passado alguns minutos desde que voltamos de nossa conversa com a Morte. Eu estava sentada no quarto, olhando meu próprio corpo, notando que depois que a Morte havia me dado minhas memórias de volta, meus hematomas haviam desaparecido. Não sabia o que ela tinha feito, mas era bom não sentir dor.
Já havia tomado um banho e estava com roupas folgadas, me deixando com sensação de conforto. Podia ouvir o som abafado das conversas que aconteciam na sala. Sebastian devia estar tentando explicar a situação para minha mãe e meu tio. Não estava sendo fácil para eles entenderem que tanto eu quanto Sebastian eramos os mediums originais.
Sentia as gotas de água que caiam do meu cabelo molhando minhas costas e me deixando agoniada com a sensação. Passei as mãos em meus braços, tentando me confortar e tentei melhorar minha aura. Eu estava tensa demais.
Maior parte da minha tensão vinha do fato de que Sebastian passou todos aqueles anos sabendo quem eu era e sempre ao meu lado, mas nunca havia vindo até mim para me dizer aquilo. Uma parte de mim se sentia traída. Talvez fosse Amonet falando, mas eu era ela, então não sabia o que pensar.
O fato de Sebastian ter escondido quem era de mim me fazia me sentir irritada. Ele devia ter dito.
Bufei e passei as mãos no rosto. Era um comportamento infantil. Ficar irritada por Sebastian não ter contado que me conhecia quando era vivo era ridículo. Ele tinha seus motivos. Um deles provavelmente era que eu provavelmente não iria acreditar nele se ele tivesse dito alguma coisa.
Mas mesmo assim, ele poderia ter dito.
— Qual é, Elizabeth, deixe isso para lá... —falei em voz alta e me levantei da cama, indo me olhar no espelho
Fiquei de pé na frente do grande espelho do meu quarto e me observei por um momento. Minha feição naquele momento era dura e irritada, o que me fez lembrar de minha primeira vida. Por um minimo momento pude ver meu rosto com as mesmas feições, mas com linhas negras contornando meus olhos e joias trançadas ao meu cabelo, juntos a um vestido branco e longo.
Pisquei algumas vezes e sacudi a cabeça. Haviam lembranças de mais em minha mente. Não conseguia mais diferenciar muitas delas. Minhas vidas todas estavam lá, emaranhadas em minha mente, me deixando confusa. E o que mais me impressionava era que Sebastian estava nelas.
Não só em algumas vidas, mas em todas.
Sebastian e eu sempre nos encontrávamos de alguma maneira, não importava como. Estávamos ligados, isso era certo, e em todas as minhas vidas eu o amei. E cada vez que me lembrava disso, a mesma pergunta vinha a minha mente: Eu o amava nessa vida como amei nas outras?
Não sabia ao certo. Eu não podia negar que sentia alguma coisa por ele, mas aquilo chegava a ser amor? Eu já havia arriscado minha vida por ele, e ele por mim, mas alguma coisa estava faltando. Alguma coisa dentro de mim me impedia de afirmar aquilo. Apesar de ter lembrado do sentimento, não podia dizer se eu realmente o sentia, ou se era apenas mais uma lembrança.
A memória de prometer a ele que o amaria voltou a minha mente como um raio, me fazendo morder o lábio.
Soltei o ar com força e olhei para a janela, vendo a chuva incessante que caía do lado de fora. Alguns lugares da cidade haviam sido alagados graças a grande quantidade de chuva que já estava caindo a três dias seguidos.
A porta do meu quarto se abriu e eu não me incomodei em olhar quem havia entrado. A aura dele já era o suficiente.
Desde que havíamos voltado, percebi que a aura de Sebastian parecia mais forte, não apenas por estar vivo novamente, havia algo mais, um certo poder. Provavelmente, ao trazer Sebastian de volta, a Morte lhe devolveu seus poderes. Ela havia falado que se Sebastian tivesse renascido depois de sua última morte, provavelmente teria de volta seus poderes. Quando ela o reviveu, eles devem ter voltado.
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Medium (Concluído)
Mystery / ThrillerS.M. e S.F. -Pessoa que, segundo o espiritismo, tem a capacidade de se comunicar com os espíritos, com pessoas que estão mortas. P.ext. -Pessoa que, supostamente, possui dons ou capacidades para perceber ações, situações ou coisas sobrenaturais. ...