Capítulo 4

505 62 4
                                    


Talvez eu parecesse cansada para meu pai  (o que de certa forma era um elogio), mas minha mente funcionava com tanta agilidade que eu não teria paz nem mesmo se tentasse dormir. Assim que cheguei em casa, passei a limpo as notas que tomei durante as aulas de sexta-feira. Quase legíveis. Destaquei alguns conceitos chaves e guardei meus cadernos antes de ir para o celeiro.
Eu conseguia pensar melhor montada nas costas de um cavalo. Rio, minha égua de pelagem acastanhada, relinchou uma saudação e investiu sobre a cerca, desafiando-me a ficar parada. A confiar nela.
Rio se apressou em minha direção. Seus cascos cortavam pedaços do solo enquanto ela avançava com suas narinas dilatadas, com seus olhos selvagens.
De cabeça erguida e postura ereta, eu observei com um senso de humor velado. Ela parou, jogando terra com suas ferraduras de aço. Diretamente na minha calça jeans
- Rio! - repreendi.
Ela jogou a crina, empurrando o focinho contra meu peito para que eu não tivesse outra escolha que não fosse acariciar sua cabeça elegante e seu focinho não marcado e me impressionar com o brilho de seus olhos.
Se havia alguém na vida em que eu podia confiar, esse alguém era Rio. Cavalos não mentem. Brincar? Sim, eles brincam.
- Vamos - disse eu, deslizando a rédea por sua cabeça. Subi na cerca e ela veio ao meu lado, ficando parada como pedra quando gritei "eia!" e montei.
Sem dela, pude sentir cada movimento de Rio, cada contração de seus músculos, cada pensamento sendo telegrafado de volta para mim. Ela não precisava verbalizar para ser compreendida. O movimento de uma orelha, uma bufada ou arrastar de uma pata e eu sabia o que se passava na mente e no coração de minha amiga.
Quando a vida se tornava extremamente confusa, Rio era a melhor forma de definir bênção e compreensão. Meus cachorros, Hunter e Maggie, raramente eram compreendidos, mas sempre presentes.
Rio e eu nos movimentamos um pouco pelo pasto - nada de mais, nada estressante, apenas andamos a passos largos. O movimento de um galopar suave era tudo de que minha mente precisava para viajar.
- Nossa! - puxei as rédeas - Foi mau minha querida.
Andamos por alguns minutos enquanto ru tentava limpar minha mente. O que, dessa vez, não estava acontecendo. Nem mesmo o ritmo monótono do galope era capaz de empurrar o comportamento de Pietr para longe de meus pensamentos.
Desde seu aniversário de dezessete anos, Pietr tinha se tornado um pouco distante. Havíamos concordado que ele precisava continuar saindo com Sarah, afastá-la lentamente enquanto se aproximava de mim. Não deixa Sarah louca ou ferir seus sentimentos por conta de Pietr abandona-la de uma hora para outra era um movimento inteligente. E também mais gentil.
Porem, adotar esse tipo de estratégia me transformava mais e mais em uma mentirosa. Pietr costumava me dar beijos ocasionais em cantos escuros, segurar minha mão e elogiar meus dedos ou simplesmente olhar em meus olhos durante momentos mais longos e que me deixavam sem fôlego.
Isso antes de ele sofrer sua primeira mudança.
Desde então, ele passara pouquíssimos momentos a sós comigo. E também não estava se tornando mais próximo de Sarah.
Pietr e eu ainda conversávamos ao telefone e, aparentemente, ele gostava de inserir palavras em russo em nossa conversas. Eu sabia que horashow significava bom, que puzhalsta significava por favor e podia pedir café e encontrar um banheiro, se necessário. Se eu conseguia ler alguma coisa no alfabeto cirílico? Absolutamente nada. Para mim, cirílico não era nada além de um rabisco elegante
A única frase que Pietr não me ensinava era a que eu mais queria saber - e não porque eu a lançaria por todos os cantos como se não significasse nada. Todavia, Pietr se recusava a me ensinar como dizer "eu te amo" em russo. Sim, eu poderia descobrir na internet, mas as palavras soavam melhor saindo da boca de Pietr. E talvez se ele não pudesse dizer essas palavras, eu não devia querer saber como dizê-las. Tudo era tão confuso.
Puxei Rio até ela parar e desci de suas costas, levando-a ao celeiro antes de tirar lentamente a rédea e acaricia-la com uma toalha. O estabulo estava aberto; ela teria opção naquela noite, que ameaçava ser fria.
- Boa garota - eu a elogiei - Acredite, o problema não está em você. O problema está em mim - disse de forma distorcida, preocupada se essas seriam as palavras que eu ouviria de Pietr se eu deixasse a distancia entre nós crescer.


XXXXXXX

EU SEI DEMOREI... SUMI.... EU SEI... ME PERDOEM

MAIS ANDEI SEM NET TOTAL E COM PROBLEMAS DE SAÚDE DA MINHA MÃE E EU TBM ANDEI COM ALGUNS PROBLEMAS DE SAÚDE. PASSEI ATÉ POR UMA CIRURGIA NO OVÁRIO GENTE...

POIS BEM. AMANHÃ QUANDO CHEGA DO CURSO SE N ESTIVER MUITO CANSADA POSTAREI DOIS CAPÍTULOS COMO RECOMPENSA.


O segredo das sombras (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora