Capítulo 23

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Acordei na enfermaria. Catherine e Amy combinava entre elas, vozes tão animadas quanto as mãos de Catherine.
- É claro que meus irmãos são idiotas - concordou Cat. - A idiotice vem com a testosterona. Acredito que o T-E-S-T de "testosterona" não seja uma referência à anatomia masculina, mas um aviso ao sexo oposto. Eles nos testam. Repetidamente - Cat suspirou - Você tem irmãos?
- Sim - respondeu Amy.
- Ele alguma vez já foi um idiota, uma decepção?
Eu só podia imaginar o que se passava na mente de Amy. Ela adorava o irmão, mas ele tinha abandonado a família, alistando-se no exército o mais cedo que pôde. Quando ela mais precisava de um aliado.
- Sim, ele é um idiota - admitiu.
Tomei na maçã para observa-la com os olhos entreabertos. Cat sentou-se, cruzou os braços.
- Mas você o ama.
- É claro.
- Da. Kohneeshnoh. É claro - Cat olhou diretamente para mim - E Jessie diz que as coisas não podem dar certo entre ela e Pietr?
- Ah, por favor. Ele a está deixando de lado cada vez mais. E cada vez se aproximando mais de Sarah. E isso é asqueroso. Eu realmente não entendo.  O que aconteceu para separar Jessie e Pietr e aproximar Jessie e Derek?
- Olá Senhorita Gillmansen - A enfermeira do colégio entrou na minha frente, bloqueando minha visão e tomando meu pulso.
- Eu me sinto muito melhor.
- Que bom. Seu pulso está normal. Há quanto tempo você está forçando o vômito?
- O que? - sentei-me rapidamente. E me detestei por ter feito isso. Minha cabeça martelava - Forçando o vômito?
- Sim. Comendo e vomitando.
Pisquei o olho e me dei conta do que estava acontecendo:
- Você acha que eu sou bulímica?
- Não é?
- Não.
- De acordo com suas amigas, você teve um colapso depois de vomitar várias vezes
Abaixei e olhei para Amy e Cat. Amy lançou para mim um olhar que claramente dizia: se você tivesse dito a verdade desde o início...
- Se eu conseguisse manter as coisas no meu estômago, ficaria mais feliz.
Ela colocou a mão na minha testa.
- Você não está quente, mas vamos verificar sua temperatura. Tivemos alguns alunos com dores de cabeça e problemas no estômago. Você ingeriu algo de procedência duvidosa ontem ou hoje?
Uma pergunta estranha. Talvez algo estivesse errado com a comida da escola. Por sorte, eu não tinha ingerido aquilo.
- Acredito que o problema não seja esse.
Cat ainda na cadeira, inclinou o corpo para frente, esperando. Lancei um olhar perfurante para elas.
- Elas não vão ter problemas por ficarem aqui? Perdendo as aulas?
A enfermeira concordou e se apressou em pedir para Amy e Cat saírem. Cat levantou uma sobrancelha para mim. Amy mostrou a língua.
- Entoa Senhorita Gillmansen, se o problema não está relacionado com a comida e sua temperatura não está alta... - Ela colocou o termômetro em minha boca - A que a senhorita atribui o vômito?
Por que os enfermeiros sempre fazem perguntas quando você tem um termômetro debaixo da língua? Os dentistas fazem a mesma coisa enquanto limpam nossos dentes.
- Pesadel.
- O que?
O termômetro apitou. A enfermeira observou aquele instrumento (e a mim) de modo crítico.
- Eu ando realmente abatida. Estou tendo pesadelos e não ando dormindo bem. Isso e o cheiro de carne de porco conservada...
- É sério. São os pesadelos.
Ela assentiu com a cabeça.
- Então você precisa procurar um médico para cuidar disso. Se seus pesadelos são capazes de desencadear essa reação... - Ela apertou os lábios - Você já conversou com o conselheiro Maloy?
Suspirei. Conversas anteriores com Maloy levaram a questionar por que ele não era um dos principais astros atuando em um dos meus pesadelos.
- Se não ele, encontre outra pessoa. Um profissional.
Passei na conselheira Harnek do ensino fundamental. Ela surgiu para me resgatar uma vez e queria receber notícias minhas, de alguma forma.
A enfermeira abriu uma gaveta de sua mesa, entendendo meu silêncio como falta de obediência.
- Telefone para ela. É nova, mas bem recomendada.
Olhei para o cartão que ela colocou na minha mão. Dra. Sarissa Jones. Uma sequência de letras e números seguia seu nome, proclamando suas capacidades academicamente comprovadas. É claro que o cartão que eu ia receber era o dela. passei por .
- Obrigada.
- Como precaução, não coma nada apimentado. Tente comer biscoitos salgados, refrigerante de gengibre. Alimentos mais simples - sugeriu a enfermeira.
- Claro. Simples. - Ela não tinha ideia de quão atraente a palavra simples soava para mim.
- E... Senhorita Gillmansen? - chamou a enfermeira quando cheguei a porta - Vou ficar de ouvi na senhorita.

O segredo das sombras (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora