Capítulo 21

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Na aula de estudos sociais do dia seguinte, Pietr sentou-se no fundo da sala em vez de escolher o lugar ao meu lado, na primeira fila. Derek tomou o lugar vazio, dizendo achar que suas notas melhoraram se ele se sentasse mais perto do professor e de alguém tão inteligente quanto eu.
Eu me perguntei o que isso sugeriria a respeito da inteligência dos integrantes de nossa equipe de futebol, já que eu, na melhor das hipóteses, tirava B e C... E ele costumava assistir a aula com eles.
Derek tomou várias notas durante toda a aula e chegou a circular uma frase que o Sr. Miles repetiu duas vezes e que eu, de alguma forma, ignorei. Em geral, eu me saia bem nas aulas do Sr. Miles, mas sentar-me ao lado de Derek era como sentar-me ao lado do sol. Eu não podia evitar perceber como ele brilhava.
Quando o sinal nos avisou do fim da aula, Pietr passou rapidamente entre a carteira de Derek e a minha, caminhando direto para o Sr. Miles. Tentei não escutar a conversa, mas a tentação era forte demais. Lentamente, guardei minha caneta. Meu lápis. Meu caderno. Meu livro. Minha orelhas permaneciam abertas, buscando partes da conversa.
Minha decisão de criar um novo "normal" sem Pietr desapareceu praticamente no mesmo momento em que ele apareceu. Coração idiota. Garota idiotas.
- Não mudo o trabalho social de vocês, exceto quando isso é realmente necessário, Sr. Rusakova - o Sr. Miles parecia sério.
Mudar o trabalho social? Minhas garganta fechou. Claro, Pietr e eu já não conversávamos durante o trabalho social, mas ainda era melhor tê-lo por perto do que simplesmente não te-lo. Na maior parte do tempo. Quando isso não me machucava. Ah, inferno.
Pietr olhou para um por sobre o ombro, para mim, irritado por eu ainda não ter saído da sala. Os colegas de Derek passaram por ali, trocando tapinhas nas costas, empurrando uns aos outros e brincando com ele. Cada um tentava, a sua própria maneira, fazer Derek ir com eles... Para longe de mim.
Eu não era uma animadora de torcida. Eu estava muito distante disso na cadeira alimentar social. Ninguém queria que um jogador de futebol namoradas a editora do jornal da escola.
Derek terminou de arruma a mochila e jogou-se contra a carteira ao lado, esperando por mim.
Inventei motivos para ficar. Rearranjei minhas canetas e meus lápis. Ajeitei meus livros, colocando-os organizadamente na ordem das aulas. Ajeitei meus cadernos. Coloquei para fora da mochila tudo o que eu já tinha arrumado. E arrumei novamente, em uma tentativa de ganhar tempo.
Derek esperou, sorrindo. Lindo, forte, charmoso. Impossível de ser ignorado. Pietr inclinou-se na direção do Sr. Miles, apoiando as mãos sobre pilhas de papel enquanto falava suavemente. O Sr. Miles franziu a testa e sacudiu a cabeça em negação.
- Não faço mudança e no trabalho social por conta de briguinhas amorosas. Imagine com que frequência eu teria de rearranjar tudo se começasse a fazer isso.
Pietr ficou cabisbaixo. Derek repuxou o canto do lábio.
- Vamos Jessica - ele se levantou e colocou a mochila no ombro. - É melhor nós não atrasarmos.
Embora fosse muito legal ouvir Derek usar o "nós" para se referir a ele e a mim juntos, não consegui sair. Ainda não. Dois meses atrás, eu teria reavaliado Pietr Rusakova se Derek tivesse demonstrado algum interesse em mim. Mas ele não demonstrou.
- Sinto muito Derek. Preciso conversar com ele.
- Não desperdice seu tempo. Sarah vai dar a ele o que ele quer... Se é que você me entende.
Eu entendi. Todos entenderam.
- Mas você - continuou Derek, colocando a mão sobre minha carteira. Ficando tão perto que eu podia sentir o cheiro de canela que exalava com o ar que ele expirava... - Você tem padrões mais altos.
Eu quis discordar, defender Sarah e dizer que ela é eu tínhamos muito em comum. Mas era mentira. A verdade é que eu e Sarah não éramos farinha do mesmo saco. Em vez de discorda de Derek, eu simplesmente disse:
- Pode ir. Eu encontro você mais tarde.
Ele deu de ombros, nada preocupado. Derek era peixe grande em Junction High. Antes dos lobisomens chegarem.
- Acredito que nada que você me disser vai me convencer a mudar seu trabalho social.
Pietr suspirou.
Levantei-me e pendurei a mochila em meu ombro, caminhando na direção da porta. Eu tinha acabado de parar do lado de fora, minhas costas esfriavam encostadas em um armário, quando Pietr saiu da sala. Senti meu estômago apertar-se, tremendo por antecipação. Ele sabia que eu estava ali antes que eu dissesse qualquer coisa.
- Por que você está fazendo isso?
O Sr. Miles fechou a porta. Os outros alunos correram oara suas salas, deixando-nos sozinhos no corredor.
Pietr permaneceu em silêncio, olhando para mim.
- Não sei o que fazer- confessei - Eu pensei, quando tive tempo para pensar, que passamos por tantas coisas mais fortes. Eu não esperava isso. Você escolhe Sarah, Derek me escolhe...
- Você disse que quando uma garota não é desejada ela segue a vida - afirmou esfregando minha lógica na minha cara. A lógica que eu esperava que funcionasse com Sarah. Foi uma Puzhalsta no peito, um golpe no coração. Um golpe que me deixou sem ar.
- Não estou... Você não... Ah... Meu Deus.
Cobri minha orelhas com minhas mãos, mas aquilo não importava. As palavras de Pietr giravam em minha mente, misturadas com meu pulso acelerado como as batidas dos cascos de Rio.
- Eezvehneetyeh. Sinto muito Jess. É melhor assim.
- Meu Deus! Como você pode simplesmente... - lutei oara recuperar o ar, as palavras, a esperança - Como vice pode me ferir assim?
O vermelho que se derramava de sua pupila começava a machucar os cantos de suas íris purpuras. Ele disse suas próximas palavras de forma irritadiça:
- As. Coisas. Mudam.
- Eu sei disso Pietr. As coisas mudam, a vida continua. Não é você, sou eu. Vale tudo no amor e na guerra. Os garotos se tornam homens... ou mais... ou menos Pietr?
Dei um passo adiante, diminuindo a distância entre nós. Ele fechou seus olhos incandescentes, apertou o maxilar e deu um passo oara trás.
- Pietr, eu sei que você mudou. Mas o que eu vi lá era metade do horror que eu estou vendo agora.
Abrindo os olhos novamente, Pietr se recusou a me olhar.
- Você quer saber i que faz de um homem um monstro? Isso.
Balance minha mão no pequeno espaço entre nós.
Estóico, ele aceitou aquilo. Para onde tinha sido seu fogo, sua luta? Eu tinha visto Pietr na noite de seu 17° aniversário. Fiquei, ao mesmo tempo, hipnotizada e horrorizada com aquilo. Agora, tudo o que eu queria era um traço daquela força, algum sinal apontado que aquela paixão era em minha direção. Derrubei minha mochila.
- Você não senti nada por mim Pietr? - joguei minhas mãos em seus ombros e as mantive ali, alongando-me para cobrir a boca dele com a minha, disposta a deixar meus lábios fazerem o que as palavras não fariam. Ele me afastou. Quase sem voz, respondeu:
- Eezvehneetyeh. Sinto muito Jess. Se cuide
Pietr saiu correndo. Deus olhos vermelhos brilharam.
Não tive coragem de vê-lo ir embora... Eu simplesmente não conseguia aceitar o fato de que ele não olharia para trás.

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Sem revisão
Esse Pietr viu, em vez de se abrir para Jessie, prefere afasta-la... aiai viu
😑

O segredo das sombras (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora