Derek, o astro do nosso time de futebol, também estava por perto nos últimos tempos, frequentemente aparecendo e sorrindo para mim de formas que fazia meu coração acelerar. Eu já tinha sentido uma paixão do tamanho do Titanic por ele. Durante anos. Bem, até Pietr aparecer e tudo mudar.
De qualquer forma, meu novo normal devia der algo bom. Não digo perfeito, mas aceitável. Quase sã.
Na sala de espera bege e nada ameaçadora, as pessoas se escondiam atrás de jornais e revistas tão velhos que eu arriscaria dizer que estavam aprendendo História, e não se atualizando com as notícias. Todos exceto uma.
Catherine Rusakova abanou a mão para mim e se levantou, seguindo-me até sairmos pela porta. Normalmente tão imperceptível como uma sombra no escuro, ela também sabia fazer-se percebida quando queria. Como agora.
A porta do consultório fechou. Eu não estava acostumada a ser perseguida pela irmã gêmea de Pietr. Lobisomem numero dois.
Seus olhos brilharam, impressionantemente azuis e levemente repuxados, com uma franja de cílios grossos. Os traços fortes de Cat e as salientes maçãs do rosto a faziam parecer mais uma deusa da Antiguidade do que um lobisomem.
É claro que deve haver algum lugar em que uma deusa da antiguidade foi um lobisomem.
Os Rusakovas eram ao mesmo tempo fortes e belos: elegância e brutalidade se misturavam em seus traços. Depois que vi em que eles se transformavam, o que eles realmente eram, tornou-se impossível não ver algum traço da fera escapar por seu olhos, algum sinal do lobo no brilho de seus sorrisos.
- Privyet - Cat me cumprimentou - Não imagine que você estava visitando um psiquiatra antes de sua irmã me contar - ela admitiu. O ritmo suave de sua primeira língua coloria suavemente suas palavras.
Que bom! Eu precisava ter uma conversinha com Annabelle mais tarde. As vezes ela ajudava demais. E não só a mim.
- Pietr sabe?
Neguei com a cabeça. Eu ainda precisava encontrar uma forma de contar isso a ele. Era muito mais fácil conversar sobre a escola e sobre livros do que admitir que você anda frequentando sessões com um psiquiatra para discutir assuntos bastante sérios.
- Considerando as circunstâncias, concordo que que isso seja um escolha inteligente - disse Cat, sorrindo para mim enquanto eu reprimia um arrepio. Aquele belo sorriso se transformava em um exame infernal de presas, quando ela queria - Você viu uma série de coisas terríveis ultimamente.
Parei do lado de um vaso com una planta que parecia precisar de água. Ou de um enterro adequado.
- Mas?
- Mas o que?
- Adoro conversar com você, Cat, mas por que você está aqui?
Ela inclinou a cabeça e me espiou com o canto do olho.
- Não é comum pessoas que não fazem parte da nossa família saberem a verdade, Jessie. E as vezes ficamos nervosos quando sabemos que aqueles que sabem de algo estão compartilhando informações.
- Não quero deixar ninguém nervoso.
As palmas das minhas mãos começaram a ficar úmidas. Nervoso não era um adjetivo que eu queria aplicar a qualquer membro da família dos lobisomens.
- Por isso escolhi vir - explicou Cat - Para entender melhor antes de os garotos descobrirem. Você é muito importante para nossa família Jessie. Estou convencida disso.
- Por que eu abri a Matryoshka e encontrei o pingente?
- Da.
Eu a observei, esperando que ela continuasse a resposta.
- E dai?
Cat suspirou.
- E por causa esquilo que as suas folhas de chá disseram - o sorriso desaparecia do rosto de Cat conforme ela sacudiu a cabeça - Preciso pergunta o que...
- Tudo, Catherine. Eu contei absolutamente tudo para ela.
Cat deu um passo para trás séria.
- Sobre a CIA?
- Sim.
- Sobre a máfia russa?
- Sim.
Lagrimas brotavam em meus olhos ameaçam cair.
- E lobisomens, Jessie, você disse que viu lobisomens?
- Sim.
Estremeci ao fechar os olhos e me lembrar daquele momento horrível que tinha visto tantas vezes recentemente em filmes de terror. O momento em que o lobisomem se transformava e rasgava a garganta de sua vítima. Segurei a respiração. Nada aconteceu.
Abri os olhos e me deparei com Cat me observando com curiosidade. De qualquer forma, is predadores faziam aquilo. Estudavam suas presas.
- Sinto muito, Catherine. Eu precisava dizer algo... Precisava dizer a alguém...
Os dedos de Cat estremeceram ao lado de seu quadril.
Fechei os olhos novamente, o mais pronta que podia para ser desovada. Eu havia covardemente traído a família dos lobos em uma tentativa de salvar minha sanidade. E, por ter agido assim, não merecia nada melhor do que aquilo.
- O que você está fazendo?
As palavras se apressavam para fora da boca de Cat. Agora ela estava tão próxima de mim que sua respiração era uma brisa amena passando por meu rosto.
- Esperando.
- Esperando o que? - ela perguntou.
- A morte? - grunhi, abrindo ligeiramente um olho para observá-la. Exatamente como eu via na maioria dos filmes de lobisomem. Ela riu. Meu coração bateu contra minhas costelas.
Cat ne agarrou de forma rápida que quase molhei as calças. Em meio a um abraço bem apertadi, ela cochichou:
- Você é uma garota muito, muito estranha Jessie Gilmansen.
Olha só quem diz! Um lobisomem.
- E devia parar de ver esses filmes de terror - continuou.
- Como você...? É claro! Annabelle.
- Ela está preocupada com você.
- Ah.
- Nós não somos criações de Hollywood. E você sabe muito vem disso.
- Racionalmente sim.
Não, os lobisomens não eram uma criação de Hollywood, mas frutos de uma das experiências científicas surpreendentemente bem sucedidas da União Soviética durante os primeiros anos da Guerra Fria.
Cat assentiu.
- E a medicação acreditou no que você disse?
- Em nem uma palavra sequer.
- Excelente! - Cat lançou um sorriso malvado - Agora você pode contar a verdade a ela e sem causar repercussões - disse dando um passo para trás e brincando com seus cabelos ondulados escuros e curtos. Seus olhos brilhavam, vidrados em mim - Ela medicou você?
- Não. Ela insiste que eu devo alcançar a sanidade sem a ajuda de compostos químicos.
- Você é uma garota tão inteligente! - Cat jogou as mãos para o ar - Estranha em seus métodos, mas inteligente. Ah... - ela beliscou a própria orelha - Seu pai está vindo. Ele não pode me ver aqui.
- Cat! - gritei enquanto ela corria para outra entrada - Preciso conversar com você sobre Pietr.
Ela assentiu com a cabeça.
- Agente se vê. Esta noite. Ouça com atenção e você vai me encontrar.
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O segredo das sombras (CONCLUÍDO)
AcakJéssica não é mais a mesma garotinha rural. Desde que se apaixonou por Pietr, um lobisomem russo, sua vida se misturou com uma complexa trama de poderes envolvendo a família do rapaz. Pietr e seus familiares são os últimos indivíduos de uma linhagem...