Capítulo 24 parte 2

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Quando o sinal tocou, apressei-me para entregar meu passe de aconselhamento para o próximo professor antes de atravessar o longo corredor que ligava Junction High ao prédio do ensino fundamental.
Parei do lado de fora do escritório Central do ensino medio: eu já tinha sentido dores. Respirei fundo, preparando-me. Lembrando-me de que Harnek não tinha me traído. Na verdade, ela intercedeu por mim quando derrotei um grupo de líderes de torcida que também assumiam a postura de lutadoras nas horas vagas. Minha hesitação desapareceu. Entendi que se havia alguém em que eu poderia confiar para me ajudar a entender meu coração e minha mente, esse alguém era minha antiga conselheira. Entrei. A recepcionista olhou o meu passe.
- Ah. Jessie Gillmansen - seu tom de voz mudou, seus olhos suavizaram quando ela de deu conta - Sinto muito pelo que aconteceu com sua mãe Jessie...
Desviei o olhar e fechei os olhos. Expirando o ar que estava preso em minha garganta, recuperei o controle. Como as pessoas podiam dizer aquilo? Destruir-me tão rapidamente apenas mencionando minha mãe.
- Obrigada - a resposta foi seca. Eu já não conseguia adequar minhas emoções a certas coisas.
As pessoas aprendiam a lidar com isso. Ou me deixariam em paz. As vezes eu me perguntava o que eu preferiria.
A placa na porta da conselheira Harnek tremeluziu e eu me apressei para dentro, ignorando o aviso da recepcionista:
- Ela está ocupada...
- Senhora Terrence, Senhora Terrence!
Alguns garotos gaguejaram com suas vozes altas e exigentes em busca de atenção. E a recepcionista estava sobrecarregada com pedido que iam de papel higiênico para os banheiros a burocracia de professores pedindo suprimentos. E fotocópias a serem feitas.
Seus protestos foram abafados e eh empurrou a porta, deixando -a entreaberta, não querendo atrapalhar  Harnek, mas também não querendo ficar presa na loucura de um escritório de atendimento.
- Não quero ver! - alguém exclamou de dentro da sala. Ligeiramente aberta, a porta me oferecia uma pequena linha de visão e a vantagem de ver sem ser vista.
Harnek se inclinou, prende do a atenção de quem quer que estivesse sentado na enorme cadeira diante de sua mesa.
- Você precisa ver. Não importa se você quer ou não, você precisa ver. Caso contrário... - ela sacudiu a cabeça - Você já sabe
Não houve nenhuma resposta além de um profundo suspiro. Finalmente, uma voz masculina abafada concordou:
- Se é tão necessário.
- E é.
Bati a porta, abrindo-a mais com cada leve golpe de minha mãos.
- Jessie! - Harnek se endireitou sorrindo, juntando as mãos. - Entre. Maloy disse que você viria me ver. Ele só não disse que seria agora.
- É um horário ruim?
- Não. Nãããão. Estávamos terminando, não é mesmo?
Pude ouvir couro farfalhando. Derek se levantou da cadeira brilhante, seu rosto estava longe de apresentar a frustração que eu esperava.
- Sim. Oi Jessica.
Ele fez aquilo que brotava tão naturalmente em seu ser. Mais do que um sorriso... Um brilho que iluminava todo o seu rosto. Eu não pude me conter e sorri de volta. Ele olhou para Harnek
- Obrigada por sua atenção.
- Faço qualquer coisa por você Derek - ela respondeu - Jessie sente-se.
Derek passou por mim, parando para okhar em meus olhos. Ele apoiou uma mão em meu braço e sorriu inclinando-se. Minha respiração ofegante. Eu hipnotizada.
- É bom encontrar você Jessica - ele murmurou. Seus olhos azuis brilhantes analisaram meu rosto.
- Derek a gente se mais tarde - sugeriu Harnek.
Lutando para não observa-la enquanto ele saia da sala, enrubesci e me sentei.
- Anda tendo pesadelos?
Assenti.
- Fale sobre eles para mim. E não se preocupe. Não vou julga-la. Então, independentemente de quão estranhos ou assustadores eles parecerem, coloque -os na mesa.
Ela apoiou os calcanhares no canto da mesa e está a pronta para uma longa história. E, por sinal, eu enchi seus ouvidos.

Naquela tarde, Derek me encontrou antes de eu chegar ao ônibus. E não foi em um canto escuro. Ele puxou a mochila para fora do meu ombro e me envolveu em seus braços, beijando-me com uma paixão que fez meus olhos arregalarem antes que eu me lembrasse de quem estava me beijando e os fechasse para esquecer.
Não que ele não beijasse bem... Longe disso. E ainda sim, minha boca parou de se mover de acordo com a dele. Eu não queria Derek.
O pensamento fugiu com a mesma rapidez com que se formou. Minha mente estava inundada com imagens de Pietr. Arrancando Sarah. Beijando Sarah. Com os olhos preenchidos por Sarah.
E beijei Derek. Não Pietr. Derek. Com seus cabelos loiros, sua aparência displicente e seu cheiro de um campo de trigo aquecido pelo sol. Ele se distanciou por um momento, com olhos escurecidos. Suas pupilas estavam dilatadas a ponto de quase obscurecer o azul.
Meus joelhos tremeram quando ele me deu um último beijo, pegou minha mochila e a colocou de volta em meu ombro.
- É melhor você entrar no ônibus - disse ele sorrindo.
Eu concordei e subi no veículo, jogando-me contra o assento de sempre, sem me importar em ficar de um lado ou de outro. Afinal, Pietr não estava naquele ônibus.

O segredo das sombras (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora