Capítulo 45

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- E aí, se vocês vão sair hoje a noite, o que nós, garotas, vamos fazer? - perguntou Amy.
- Vou ficar em casa - afirmei.
- Vamos fazer algo e dormir em casa! - Amy estava empolgada.
- Temos regras bastantes claras sobre guerras de travesseiro - declarou Pietr.
- Da - disse Max - Nada de guerras de travesseiro quando nós, garotos, não estamos aqui para observar.
Amy o empurrou e ele cambaleou para trás, como se aquele empurrãozinho dela fosse realmente relevante.
- Podemos assistir a um filme... Jogar alguma coisa - ela sugeriu, encolhendo um dos ombros. - Vai ser legal.
- É, mas temos aula amanhã - constatei - Preciso terminar esse trabalho idiota sobre o coração para aula de biologia. E todos temos de dormir em um horário razoável. - Eu esperava poder fazer Amy descer as escadas e chegar ao porão antes que os garotos voltassem para casa com Tatiana. Amy tinha um sono pesado... O que podia nos ajudar.
De repente, percebi que eu não sabia o que poderia acontecer se os garotos realizassem a tarefa com sucesso. Por que ninguém me disse? Cat falou:
- Talvez eu tenha de sair bem cedo amanhã... Para pegar um voo, espero. - Cat continuou antes que Amy ou eu pudéssemos perguntar para onde seria esse voo - Então pode ser que precise que uma de vocês prepare o café da manhã.
- Por favor... - implorou Max.
Cat revirou os olhos.
- De qualquer forma, vamos passar a noite toda fora - disse Pietr.
- Imagine a gente no Denny's - sugeriu Alexi para nós - Poderíamos pedir panquecas enormes.
- Vou imaginar - pelo menos eu tentaria. Era muito mais agradável do que pensar no que eles realmente iam fazer.

Pedimos pizza. Havia um ar de comemoração. E quando chegou a hora de os garotos saírem, fiquei agitada. Aterrorizada. Eu sabia que não podia ir. Sabia que eu seria um obstáculo. Eu não sabia me esconder, eu não era forte. Certamente não conseguiria me recuperar se levasse um tiro. Mas a ideia de ficar sentada na velha casa em estilo Queen Anne enquanto eles arriscaram suas vidas para libertar a mãe era...
Na varanda da frente, Pietr puxou uma mecha do meu cabelo e a colocou atrás de minha orelha. Levantei o queixo e o olhei nos olhos. Sua respiração aquecida ricocheteava em meus lábios, e meus batimentos estavam tão acelerados diante daquele olhar intenso que eu já não podia conta-los... Era como se a agitação fosse continua. Pietr colocou seus lábios contra os meus, passou a mão em meu pescoço e a deslizou pelos meus braços até tocar em minhas costas. Ele me abraçou, puxando-me para mais perto.
Coloquei meus braços em volta de seu pescoço, fechei meus olhos e desliguei todos os meus sentidos, exceto aqueles que absorvia Pietr.
Ouvi sua respiração. Senti o gosto de seus lábios. Senti aquele cheiro selvagem de floresta que ele exalava. E senti... Senti... O peito de Pietr levantando e caindo contra mim. Os braços de Pietr, quentes como aço derretido, abraçando-me apertado. Os lábios de Pietr correndo pela linha do meu pescoço e parando em meu ouvido. E preenchendo minha cabeça com suas palavras:
- Temos tão pouco tempo. Precisamos fazer todos os momentos valerem a pena. - ele disse.
Meus dedos se entrelaçaram em seus cabelos escuros que formavam leves ondas na região da nuca. A respiração de Pietr se tornou irregular. Naquele momento, havia apenas nós dois.
- Calma - ele sussurrou - Calma, Jess.
Eu podia ver o fogo se arrastando no fundo de seus olhos.
- Estou com medo.
- Não fique - ordenou. - Não posso me preocupar com você está noite. Preciso me focar.
- É claro. Não se preocupe comigo, mas...
- O que? - ele sussurrou, unindo as sobrancelhas enquanto olhava para mim.
- Volte para mim, Pietr. Inteiro.
- Como quiser - ele me apertou contra seu corpo, lembrando-me do poder que tinha escondido sob aquela pele surpreendentemente humana. Pietr cobriu minha boca com a dele e me beijou com os olhos abertos, para que eu pudesse ver a brasa que eu tinha acendido.
Eu o agarrei, apertando sua camiseta em meus dedos, colocando meus pés sobre os dele.
- Farei o meu melhor Jess. - prometeu. - Por você, sempre faço meu melhor.
Alexi o agarrou, empurrando-o na direção do carro, que já estava a caminho da rua.
- Vamos, Max.
Max hesitou por um momento na varanda. Ele olhou para Amy. Ela o encarou, destemida, e respondeu a pergunta que ele não verbalizara:
- Não beijo ninguém que queira beijar outra pessoa além de mim.
Max sequer piscou os olhos. Ele logo a agarrou, abraçando-a e beijando-a até ter certeza de que os joelhos de Amy tremiam.
- De verdade? - Ela perguntou quando conseguiu recuperar o fôlego. - Você vai sair, mas... Você vai sair...?
- Que tipo de reputação eu tenho por aqui? - ele resmungou, observando com os olhos entreabertos a expressão de Amy
- Uma reputação bastante merecida - respondi.
- Ééé...
- Vá. Eles estão esperando por você - disse Amy
Ele se foi, descendo os degraus e correndo na direção do carro
Eles aceleraram e nós voltamos para dentro da casa. Uma casa que parecia estranhamente vazia sem a energia selvagem dos Rusakova.

O segredo das sombras (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora