Garotas Venenosas

Capítulo 18

Amélia

Meus encontros estão destinados ao fracasso. Tudo bem que só tive dois em dezessete anos – e um nem vale porque fala sério foi com o Henry! –, mas algo sempre sai errado, no final das contas. Depois da torta de climão que a Sofia fez na festa, Drew me puxou para irmos embora e é claro que não reclamei. Com que cara eu ficaria lá plantada? Gabe ainda tentou nos convencer do contrário – ele realmente queria que Drew conversasse com algum treinador – porém não teve jeito.

Nunca vi Drew tão irritado em três anos.

O jeito que ele torce o cabelo enquanto está dirigindo e tem o maxilar trincado me diz que é melhor deixá-lo quieto e não puxar papo por agora. Talvez seja por causa dessas coisas que fugi da palavra "relacionamento" a minha vida toda. Namoros exigem paciência, e paciência é algo que nunca tive. Imagino o quanto foi difícil para Drew namorar a Sofia por três anos... Três anos são muita paciência para suportar alguém como ela!

O celular dele toca e Drew nem ao menos se mexe para pegá-lo, chama até cair na caixa postal. Encosto minha cabeça no vidro frio e solto um suspiro. Não sei para onde ele está me levando, mas também não me importo... Só espero que não seja para casa e que nossa noite termine desta forma: Confusão da Sofia e ele sem falar comigo.

— Zoey, agora não.

Escuto a voz de Drew e olho para o lado. Ele está com o celular no ouvido e parece se esforçar para ouvir Zoey do outro lado. Por que ela estaria ligando para ele?

Quando um pequeno sorriso se forma no canto dos lábios de Drew, sinto uma pontada de ciúme, porque Zoey conseguiu fazê-lo sorrir, enquanto eu apenas sentei-me ao seu lado e observei-o quase ser consumido pela raiva.

— Tudo bem, mas estou com Amélia. — ele diz. Presto mais atenção ainda na conversa, como se pudesse ouvir a resposta de Zoey. — Chegamos aí em cinco minutos.

"Aí" onde? Na loja da mãe dele? Na casa de Drew?

Drew desliga o celular e me encara pela primeira vez desde que saímos do evento "beneficente".

— O que foi? — eu pergunto, porque estou curiosa demais para segurar meu silêncio.

— Você se importa se formos a um bar?

— Não. — Franzo as sobrancelhas. — Você está bem, Drew?

Ele assente levemente com a cabeça.

— Vou ficar.

•••

Gostaria de dizer que Zoey não grudou em nós assim que passamos pela porta do bar, contudo estaria mentindo. Não é que eu não goste dela, mas qualquer pessoa que me privasse de ficar – finalmente – sozinha com Drew não subiria no meu conceito esta noite. Estamos sentados em uma mesa próxima ao palco. Estou tão distraída e pensando em tantas coisas que nem noto que este é o bar que Josh sempre toca, só caio na realidade quando ele sobe ao palco acompanhado dos outros garotos da "The Lost". O bar está muito cheio e Josh não consegue me ver.

— O que está fazendo aqui? — A voz de Grace me faz pular de susto e olho rapidamente para o lado.

— O que você está fazendo aqui?

Grace ri.

— Eu tenho um encontro com o Adam.

— Adam? — pergunto chocada e aponto para o palco. — Esse Adam? O que você morre de tesão? Vocalista da banda?

— Sim, querida! — Grace concorda com um aceno de cabeça. — Esse Adam mesmo.

— Nossa...