Capítulo 34 (PARTE 2)

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Amélia

Remexo-me na cama e solto um suspiro satisfeito. Está tão quentinha e confortável e maravilhosa! Drew que me perdoe, mas sei que meu colchão é minha eterna alma gêmea. Apesar de ainda sentir sono, sei que já devem passar das dez, então forço-me á acordar. Por mais que eu ainda esteja cansada, dormir até tarde me dá uma sensação de que o dia não foi útil e eu odeio isso.

Dormir até tarde me deixa de bom humor, constato quando desço as escadas e recebo uma bronca da minha mãe por ter deixado os pratos sujos ontem na cozinha, mas não consigo me importar. Sento-me a mesa com ela berrando que mais parece uma empregada do que "dona do lar" – típico drama de mãe – e passo manteiga no pão.

Surpreendentemente, a campainha toca. Não que a campainha tocar seja um fator incomum – eu já falei que meu vizinho idoso adora conversar, não é? –, mas até o senhor Leroy sabe que final de semana é sagrado nessa casa. Eu poderia até pensar que é a minha avó, mas ela só vem nos visitar quando meu pai vai buscá-la – e olhe lá (minha avó tem uma personalidade bem... Diferente. Ela vive me criticando e á minha mãe também, então quando ela está aqui é sempre uma visita... "Agradável").

Mas voltando ao assunto, noto que minha mãe foi abrir a porta e tudo, de repente, se tornou um completo silencio. Dou outra mordida no pão, mas quase engasgo quando uma pessoa aparece na porta da cozinha.

— Você não deveria estar comendo isso, temos um desfile daqui a alguns dias! — Sofia dispara, irritada.

Engulo o pão em seco e arregalo os olhos.

— O que você está fazendo aqui?!

— Amélia, tenha modos! — Minha mãe diz. Ela encara Sofia como se ela fosse uma aberração da natureza – o que de fato ela é. — E eu achei que jamais veria você de novo nessa casa.

Sofia parece meio constrangida. Vejo algum outro sentimento cruzar seu rosto, mas não consigo identificá-lo.

— Sofia, o que faz aqui?

— Nós temos um desfile. — ela repete, como se fosse obvio.

— Desfile? — minha mãe questiona curiosa.

— Amélia vai desfilar. — Sofia responde.

— Eu não concordei com isso! — respondo prontamente, porque sei que minha mãe me sufocaria com tantas perguntas.

— Precisamos de dinheiro para sermos a comitiva organizadora do baile deste ano. — Sofia explica á minha mãe como se ela soubesse que sua cabeça está explodindo de turbilhões.

— Amélia vai fazer parte da comitiva?

— Ela já é parte dela.

— Então vocês duas estão trabalhando juntas? — minha mãe indaga e abre um sorriso enorme.

— Bom... É, mais ou menos isso. — Sofia concorda sem firmeza e maneia a cabeça. — Ou quase isso.

— Como nos velhos tempos! — minha mãe vibra animada e eu sinto vontade de me afogar no pote de manteiga. — Mas espera aí! Vocês não se odeiam?

Sofia solta uma risada frouxa.

— Ah, senhora Harley, nós somos maduras.

— Amélia te chamava de vaca gananciosa.

— Mãe! — grito e me levanto.

— Você fazia o que?! — Sofia me fuzila e ajeita as várias sacolas que estão em suas mãos. — Vaca é vo...

Garotas VenenosasOnde histórias criam vida. Descubra agora