Capítulo 50

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Sofia

Eu me arrependo no momento em que piso no aeroporto. O clima está péssimo (muita chuva e vento) e o voo foi atrasado em, no mínimo, uma hora. Para completar ainda mais o arrependimento, meu """"querido"""" pai reservou as poltronas lado a lado no avião, o que significa que ficarei horas (horas!) sentada ao lado de Noah (Noah!).

Ah, espera! Se é de mim que estamos falando, então a desgraça ainda não terminou.

Eu vou na classe econômica. CLASSE ECONÔMICA! Acredite em mim, eu tentei mudar para a primeira classe – a que eu pertenço! –, mas adivinhem? Meu pai conhece o dono da companhia aérea e me proibiu de fazer isso (com uma ameaça bem explicita que se eu insistisse, minha mala seria "acidentalmente" extraviada).

Eu mereço!

Existe uma cadeira que me separa de Noah. Não pensem que após o meu desastre na piscina ele tentou vir falar comigo... Não que eu quisesse que ele viesse, é só que... Ah, dane-se! Noah continuou na piscina com a va... com Nora, sua namoradinha. Eles ficaram até tarde e, quando os ouvi se despedindo já era por volta das cinco da tarde. No outro dia, ela esteve lá de novo. Dessa vez não consegui vê-los ou ouvi-los porque, segundo a empregada da casa (que eu perguntei), ambos ficaram dentro do escritório que meu pai havia dado a ele.

O que duas pessoas fazem fechadas dentro de um escritório o dia inteiro? Eu já passei por isso, me poupe!

— Sabe, vai ver seu pai tinha razão. — Noah comenta e eu continuo sem encará-lo. — Eu precisava mesmo descansar e que lugar melhor que Aspen?! — Exclama animado. — Eu nunca vi a neve.

— Porque você é pobre. — comento com desdém.

— O que deu em você?

— Nada.

— Achei que já tivéssemos superado essas ofensas, Sofia.

Encaro Noah e ele está com a testa enrugada. Seu rosto tem uma expressão que não consigo decifrar e também não faço questão. Toda vez que o olho só consigo lembrar das suas risadinhas com Nora, então meu sangue ferve e eu me dou conta que ainda o odeio.

— Talvez você tenha superado, mas eu não. — Rebato e volto a encarar a cadeira da frente. Cruzo os meus braços e me controlo para não olhar para ele, porque sei que Noah tem seus olhos fixos em mim.

Ouço-o bufar e é só isso que faz pelos minutos que se estendem. Quando o clima – entre nós dois agora – começa a ficar ainda pior, a aeromoça nos avisa que o tempo está melhorando e que podemos seguir viagem. Deixo que eles refaçam o check-in da minha mala e vou direto para o setor de embarque. Perco pouco tempo na fila, porque muita gente desistiu de ir após a previsão.

Entro no avião e me sento, sem nem saber onde Noah está. Ele chega algum tempo depois, rindo com o telefone preso á orelha.

— Tudo bem, obrigado. — ele diz e senta-se, tirando uma mochila detonada de suas costas. — Pra você também, Nora.

Só pode ser piada!

Enfio meus fones de ouvido e aumento o volume para o máximo. Enquanto sinto meus tímpanos estourarem, Noah – que está ao meu lado – parece perfeitamente tranquilo. Ele ajeita sua mochila e também pega seus fones, coloca o cinto e aceita uma água que lhe é servida, enquanto eu só quero fazê-lo engoli-la pelo nariz.

Ele coloca seus fones e por cima de toda música alta, escuto-o dizer:

— Boa viagem, Sofia.

Faço de conta que não ouvi, por mais que sinta vontade de respondê-lo. Será uma longa...

Garotas VenenosasOnde histórias criam vida. Descubra agora