Capítulo 33

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Sofia

Eu amo Moda desde que me entendo por gente. Para mim, é muito mais do que simplesmente vestir uma roupa ou fazer alguns desenhos. É arte, amor, paixão, criatividade... O dom de pegar um tecido qualquer e transformar em algo maravilhoso não só para o corpo, mas para os olhos também.

Desde criança eu fazia esboços de roupas, arrancava as cortinas de casa e passava a tarde toda recortando o material, tentando recriar o turbilhão de coisas que passavam pela minha cabeça. No final das contas ganhava apenas uma bronca dos meus pais, que sempre rasgavam os desenhos que fazia. Quando cheguei á adolescência, aprendi a escondê-los para que não fossem mais destruídos... Dentro do meu closet, escondido em uma caixa de sapatos, está o meu maior segredo e a minha maior paixão.

— É bem simples — eu explico á Isabel enquanto puxo a caixa para fora do closet. — e eu mesma posso confeccioná-los, não é como se não tivesse feito isso antes.

— Mas não temos o material e nem as máquinas.

Dou de ombros.

— Isso não é um problema, você sabe com quem está falando.

Isabel ri e empurra a cadeira de rodinhas para trás até estar na minha frente. Reviro toda a caixa e procuro pela coleção que criei para esta primavera.

— Eles são muito bons, Sô. — Isabel elogia enquanto analisa um esboço de vestido.

Não fazia a menor ideia de que tinham tantos assim. Minha mente simplesmente vai criando enquanto eu desenho e ás vezes eu perco as contas de quantos estou fazendo. Finalmente encontro a coleção que estava procurando – dentro de muitas – e solto um suspiro.

— Obrigada.

— Você não parece animada.

— É que... — estalo a língua e balanço a cabeça. — Deixa pra lá.

— Seus pais, não é?

— Eles continuam insistindo para que eu assuma a empresa... Se me verem fazendo essas roupas não vão parar de falar até eu ir embora. — respondo á contra gosto, porque odeio falar da chatice dos meus pais.

— Eu até diria para você ir á minha casa, mas nossos pais são amigos e não iria funcionar... — Isabel diz e me conforta com um carinho nos ombros. — Talvez pudéssemos alugar um galpão, apenas enquanto você confecciona as roupas.

— Ia ser dinheiro demais, meus pais iriam desconfiar... Prefiro investir tudo nas roupas.

— Desde quando você se preocupa com o dinheiro?

Giro os olhos.

— Meus pais estão tentando me ensinar os "bons valores da vida". — falo entediada. — Em outras palavras, agora eles se importam com minha conta bancária. Uma babaquice.

Ela maneia a cabeça, concordando.

— Como vai ser? Você vai cobrar para entrarem no desfile?

Levanto, caminhando até a cômoda.

— Melhor do que isso. — Apoio os esboços na escrivaninha e viro-me para ela. — Nós vamos leiloar os vestidos após o desfile! — Bato palmas. — Não existe uma pessoa no mundo que não irá querer vestir algo assinado por Sofia Cooper!

Isabel bate sua mão na minha e comemora.

— É uma grande ideia, — ela diz. — ao menos não teremos que vender limonada e os vestidos fará a gente vencer!

— Amélia vai vender limonada. — digo malvada. — Não perderia por nada essa cena.

Rimos e o celular de Isabel toca. Ela atende e só pela voz melosa sei que é seu quase-namorado-ou-sei-lá, quem liga? Deixo os desenhos no quarto e desço, indo até a cozinha. Estou passando pela porta do escritório do meu pai quando escuto sua voz irritada saindo através das portas.

Garotas VenenosasOnde histórias criam vida. Descubra agora