Epílogo

1.9K 240 141
                                    

Alguns vencerão, alguns perderão

Alguns nascem para cantar a tristeza

Oh, o filme nunca termina

Isso continua e continua e continua e continua...

Amélia

Eu sempre amei o Natal, mas este, em particular, está me deixando mais ansiosa do que nunca. Estou em um trem... O destino? Beaufort. Um ano se passou desde que me mudei para Nova Iorque, posso dizer que nesses 365 dias em que vivo aqui, as coisas não aconteceram exatamente como eu pensava... Aliás, nada aconteceu como nenhum de nós imaginava.

Acontece que, voltar para casa, parece mais difícil do que parece. Em um ano, eu só fui á Beaufort uma única vez, á 6 meses atrás. E, por azar, nenhum dos meus amigos (ou Josh) pôde estar lá também – para se ter uma noção, nem a Cintia e a Grace que moram lá, estavam na cidade. Terminei minha visita apenas aos meus pais também.

Mas não me entendam errado: eu vi o pessoal e o Cohen também... Mas já tem meses. Eu estou morrendo de saudades, tantas que meu peito está doendo.

Meu celular vibra e eu o pego depressa, desesperada por qualquer informação de mamãe. Eu pedi á ela que tentasse descobrir se alguém iria para Beaufort no Natal, já que, aparentemente, ninguém responde mais SMS ou ligações ultimamente.

Abro a mensagem tão depressa que quase derrubo o celular no chão.

Desculpe querida, eles não virão este ano. Você quer que seu pai e eu te busquemos na estação?

Não acredito nisso!

Não acredito que, mais uma vez, não poderei matar a saudade de ninguém além dos meus pais. Será que fui tola o suficiente por achar que estaríamos para sempre juntos? Nem a Sofia tem atendido minhas ligações, e olha que fiz várias!

Ninguém, nada!

Josh está quieto á semanas porque disse que estava fazendo os últimos shows da banda. Até aí tudo bem, mas será que o celular dele caiu em um vaso ou ele o perdeu?! E se for esse o caso, por que não deu um jeito de me avisar? Será que... Ah não, isso não... Mas será que... Ele conheceu alguém?

A ideia me atinge feito um foguete e tão enjoada que resolvo parar de fritar meu cérebro com isso. Eu não queria ficar triste, estressada ou magoada... É Natal, o tempo não é pra isso.

Só que eu admito que... Sinto falta de todos.

De como tudo era mais fácil antes.

...

Eu digo á meus pais que não precisam me buscar na estação de trem porque não trouxe muitas coisas e seria perda de tempo tirá-los de casa e atrapalhar na preparação da ceia.

Se eu não ia matar minha saudade do pessoal, ao menos eu teria que estar bem alimentada hoje.

O táxi me deixa na porta de casa. Começou a nevar bem forte e Beaufort está coberta por uma camada grossa de neve. Tudo está tão branco e bonito, que quase me esqueço que não estou mais me sentindo tão feliz assim.

— Feliz natal — eu digo ao taxista que sorri antes de fechar a porta. Coloco minha bolsa no ombro e começo a caminhar para dentro. Minha mãe enfeitou toda a fachada da nossa casa e, como sempre, devemos ter levado o prêmio de Melhor Decoração Natalina de Beaufort 2018!

Garotas VenenosasOnde histórias criam vida. Descubra agora