Capítulo 54

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Amélia

Sinto uma mão empurrar meu ombro com força, mas prefiro acreditar que isso está acontecendo apenas em meu sonho. Solto um suspiro bem profundo e me viro de bruços, ajeitando-me na cama. O que vem depois, no entanto, me faz abrir um dos olhos assustada.

Alguém bateu o travesseiro na minha cabeça!

O quarto está à meia luz e com minha visão embaçada não consigo identificar a sombra que está em pé ao lado da minha cama. Estou com tanto sono e tão cansada que não tenho nem coragem de gritar para saber quem é.

— Você quer fazer o favor de acordar? — Sofia fala irritada.

Só podia ser ela mesmo!

— Sofia — eu falo seu nome de maneira entediada e ergo a cabeça, encarando o relógio ao lado da cama. —, são quatro e meia da manhã! — exclamo horrorizada. — Vai dormir!

— Levanta!

— Não! — falo e torno a fechar os olhos. — Nós acabamos de chegar do aniversário do Jacob e sete horas temos que estar de pé, eu preciso dormir.

— Amélia! — Sofia grunhe e eu suspiro, tirando as cobertas.

Minha vontade é de chutar a Sofia para longe da minha cama, mas eu sei que ela não me acordaria no meio da madruga se não precisasse mesmo de mim.

Bom, assim espero, pelo menos.

— Dez minutos para... Seja lá o que você quer fazer uma hora dessas!

Ela sai me puxando porta a fora. Estou de pijama e com os cabelos desgrenhados, até cogito a hipótese de pedir á ela dois minutos para me ajeitar, mas quando noto que está do mesmo jeito, que são quatro e meia da manhã e que provavelmente todas as pessoas normais desse hotel estão dormindo, desisto da ideia.

Sofia segura em meu braço como se eu fosse fugir a qualquer momento – no mais, eu só estou querendo desabar de sono mesmo... Apenas. Entramos no elevador que ela chamou e me encosto á parede, fechando os olhos e tentando fazer de conta que ainda estou deitada na cama.

Ouço o sininho das portas se abrindo e logo sou arrastada de novo. Vejo Sofia parar na porta do quarto de Cintia e dar batidas levinhas na porta.

— O que você quer com a Cintia uma hora dessas? — indago, após bocejar.

Sofia me encara maliciosa e levanta uma sobrancelha.

Ou, ou... Ela vai aprontar alguma coisa.

— Eu não acho que isso seja uma boa ideia. — Cintia dispara assim que abre um pequeno espaço na porta.

Franzo as sobrancelhas e cruzo os braços.

— O que você está aprontando, Sofia? — pergunto e ela sorri.

— Ih, relaxa, é só uma brincadeirinha! — Sofia diz á Cintia, ignorando minha pergunta. — Você não precisa nem ver, é só ficar na porta para... Sei lá, alguém resolver aparecer.

— São quatro e meia da manhã. — Cintia constata em tom obvio e eu rio da cara que Sofia faz.

— Vem logo pra fora, Cintia! — ela reclama e me puxa pelo braço de novo.

— O que eu tenho haver com essa "brincadeirinha"? — Faço outra pergunta enquanto Sofia e eu entramos no quarto.

— Cala a boca e vem logo você também!

Cintia encosta a porta do quarto, mas consigo ver sua sombra por debaixo da mesma. O quarto está á meia luz – as únicas coisas que tornam o caminho visível são dois abajures distantes e faz bastante frio aqui dentro – mas percebo que não é pelo ambiente, e sim pela minha falta de casaco.

Garotas VenenosasOnde histórias criam vida. Descubra agora