Estava dentro do quarto de Green, mais uma vez dentro de sua banheira e esperando a hora do início da minha tortura. A água clara lembrava o lago em que eu nadava todo verão quando ia à casa de minha avó. Eu praticamente podia ver a paisagem que havia de frente para a casa dela, quase podia sentir o cheiro do café que ela fazia todo fim de tarde, podia sentir o gosto de seu bolo de laranja. Por um momento me transportei para lá, senti o calor de seu corpo através de um abraço, podia ouvir sua voz dizendo que tudo iria melhorar que tudo irá ficar bem. Mas infelizmente não podia acreditar nisto, era me iludir demais achar que tudo iria ficar bem, eu iria morrer em poucos dias. Tinha certeza de que agora ele estava planejando um modo de me torturar. O ranger da porta do quarto fez meu corpo entrar em alerta, os passos foram se aproximando, até a figura que vem transformando minha vida em um inferno aparecer. Engoli em seco e me encolhi, abaixando o olhar.
- Cath! - Me recusei a olha-lo. - Catharine!- disse mais alto, ainda sim me recusei a olha-lo. Então, vendo que não o olharia, caminhou até a banheira se ajoelhando ao lado da mesma, apertou minhas bochechas com uma mão e me obrigou a olhar para ele. - Você é burra ou o quê? - Permaneci em silêncio enquanto ele olhava meu rosto atentamente. - Se você fosse inteligente o suficiente não teria fugido e se escondido na minha casa, se fosse inteligente teria corrido daqui e buscado ajuda. - Ele disse me olhando como se eu fosse a criatura mais burra do mundo. Bom, eu estava quase lá. Não sei de onde tirei coragem, mas abri minha boca para respondê-lo.
- Burra eu seria se tentasse fugir para longe com vários de seus homens por todos os lados, buscando algo que eu não sabia o que era. Se tentasse correr pelo Jardim você me veria, se fosse pelos fundos seus seguranças me pegariam. A única opção foi me esconder e esperar morrer de fome. - Disse com a voz amargurada. Ele ficou me olhando pensativo durante certo tempo, até que senti minha face arder e meu rosto virar, quando o olhei com a mão no lugar onde ele bateu vi o ódio em seu rosto.
- Nunca mais, você ouviu? Nunca mais tente fugir, ou me responda como me respondeu agora. - Fez uma pausa e ficou me olhando. - Sua vadiazinha, não haja como se você fosse mais que minha putinha, porque você não é. Por tanto não me responda mais assim. - dito isso ele se levantou.
Eu achei que ele fosse embora, mas ele parou e ficou me olhando, olhei para cima e ele me olhava de um jeito que me deu muito, muito medo. Sem dar nem uma chance de fuga, suas mãos grandes alcançaram meu pescoço e empurraram meu corpo para dentro da banheira, tentei tirar suas mãos de meu pescoço, mas parecia impossível. E só pirou quando eu comecei a arranhar suas mãos, ele apertou mais meu pescoço e o ar se foi de vez, meus pulmões começaram a arder, não tinha mais forças. Por instinto minha boca se abriu e comecei a puxar o ar inexistente, me engasgando e sentindo meu corpo agonizar com a falta de ar. Sem mais forças para me soltar deixei meu corpo se entregar a escuridão e acabar com minha agonia. Queria tanto poder relatar que neste dia foi o dia de meu falecimento, era o que eu mais queria o que eu mais desejava, pois eu sabia que depois que acordasse Green faria de minha vida um inferno pior do que já era.
Mas meu corpo expulsou a agua que havia em meus pulmões, comecei ouvir um barulho estridente como se fosse uma broca de dentista, minha visão estava turva e via muitos pontinhos pretos. Com alguns segundos a audição e a visão voltaram ao normal e percebi que tossia, parecia uma tosse sem fim. Sentei-me e olhei o local, sem nem perceber a quem pertencia o perfume familiar que invadira minhas narinas. O desespero tomou conta de meu corpo ao perceber que ainda estava no banheiro de Green.
- Não! - foi à única coisa que eu gritava. Minhas mãos foram para meus ouvidos e meus gritos rasgavam minha garganta.
Eu não havia morrido, eu ainda iria sofrer e muito nas mãos de Green. Senti mãos me sacudindo, mas não ouvia nada além da voz em minha cabeça que dizia: "Ele vai te destruir". Após um tempo gritando comecei a ouvir a voz de Zedd me chamando e tentando me acalmar. Parei para respirar e olhei para o homem desesperados em minha frente, com seus lindos olhos mel arregalados e respiração acelerada.
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Síndrome de Estocolmo
Roman d'amourTalvez eu devesse ter continuado calada. Talvez seus olhos não tivessem me deixado tão fascinada. Talvez eu devesse ter ido para casa naquele fatídico dia. Talvez devesse acontecer muita coisa. Talvez não. ...